Soneto da Saudade
DEVIR {soneto}
Alvorecendo o dia, percebo a vida diferente...
Vou ate' a janela, descortinada com o ventejar.
O rebolar das flores se despindo do usual, a notar.
Flores murcham, animais morrem, igual a gente...
O som dos pássaros, o balançar das arvores...
Olhando pra fora, percebi o clarão de um recomeço.
Tudo parecia numa conspiração só, um rebuliço.
Vida desprovida, despertei-me destes horrores...
Em nada o existir, tudo num habilita-desabilita.
Não há garantias, nem estabilidade, tudo passa.
Ineficaz e' o existir, um sopro de vida que irrita.
Abraça pra sorrir, aperta pra doer, magoa pra sofrer.
Que gosto tem uma lagrima? Antes era congelada?
Agora pode chorar, a lagrima não e' nada! E' viver.
SONETO AO VALAPRAISO DE GOIÁS
Valparaíso de encanto peculiar
Que no Centro-Oeste brilha noite e dia
Bela cidade fácil de se amar
Com tamanho aconchego que se cria
Ela encantaria até certo sabiá
É berço de cultura com poesia
E o poeta é mais feliz vivendo cá
Tendo o céu enluarado em noite fria
Lugar acolhedor e bem conciso
E entre tantas Etapas se fez ninho
Da finda flor do lácio em Valparaíso
É cidade de realce entre os vizinhos
Pois no valparaisense há o sorriso
De brio por ser daqui, no qual me alinho
SONETO DE AMOR VIVENTE
Todo amor vivente em mim foi afeito
Tudo em mim dum amor vivo foi dito
Emanou do espírito e me fez infinito
Ser, pois, todo amor tem divino jeito
Tão muito de amor trovou meu peito
Suspirei, fui fácil em amar e fui aflito
E, em cada voto o meu poético grito
Tenho defeito e, também o conceito:
Sou amor, ao ser amador, - o ofereço!
Amor mais que coubesse tenho dado
Esse devoto amor que não tem preço
E se por tanto dar não me fiz amado
Fui querido a quem sobe ter apreço
Assim, vário, me restei enrabichado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2021, 15 de junho, 17’42” – Araguari, MG
Soneto; decepção
Ainda lembro de você nos meus braços
Com sorriso no rosto de felicidade
Que o tempo transformou melancólicos
Pela dor que transcende a verdade
A tristeza está marcada no meu rosto
Quando olho no espelho não me vejo
E o grito trancado no meu peito
Com a alma deprimida lacrimejo
A decepção ao longo dos anos
Em conhecer a tua essência
Me faz perder noites de sonos
E que a vida preserve os sentimentos
Que autrora valeu a pena
As mágoas um dia sejam levadas pelos ventos
@zeni.poeta
Direitos autorais reservados
Lei 9610/98
Um soneto !
Não sei se é um soneto,
Está minha composição,
Só sei que um motivo,
Para minha inspiração.
Tú és querida, a razão do meu viver,
Pois longe dê ti, eu penso em escrever.
Com minha simples caneta,
Eu quero lhe dizer: Que és muito importante,
E que amo muito a você.
Não existem barreiras, nem tão pouco vendaval, pois Cristo no barco, venceremos todo mal.
Que inferno se levante, pra quer nos derrotar, com Cristo, ao nosso lado, nenhum mal nos alcançará.
SONETO PRA UMA HORTÊNSIA
Outubro, e já o jardim florido
No colorido, aquela hortênsia
Na luz do cair do dia, tão lido
Ao olhar encadeada cadência
Brancas, violáceas, azuis, rosas
A tingir ao encanto encantado
Traçado na poética em prosas
Face de um fascínio arrojado
És do branco ao azul do céu
A flor de sentimento amável
Expressão do belo, admirável
E, assim, a poisar no perfume
Os colibris, e se dando a lume
As hortênsias, de rendado véu!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/10/2021, 10’45” – Araguari, MG
A ARTE VISTA { soneto}
Será que minha arte e' igual a tua? será?!.
A vejo em casa, no trabalho, na rua...; nua.
Me vejo... a vejo... ensejo de ser, arte crua.
Queria só por hoje saber, Minh 'arte... será
Igual a tua? Vistes por fora melhor que dentro.
Então!. A visão que vês e' a arte forjada ao léu.
Os saberes, que atuam por olhos, sob o céu.
Além... delineando as cores, sóbrio pelo centro.
Despojais de jugos, e dizei-me, dizei-me vós:
Que arte e' esta? Persegue-me a todo lugar,
Na pintura, poesia, rachadura, até mesmo ar.
Deveras devo preocupar-me, estou sem saber.
Moldar-me-ei com outra visão senão a minha.
Será que tinha arte igual a tua? Tinha?!.
poeta_sabedoro
A VOZ DO PASTOR {Soneto}
Ouço grito ecoando pela montanha mais alta.
As pobre-ovelhinhas seguindo o velho pastor.
A relva verde dantes já não se repete pela cor.
O velho levanta o cajado e ordena "as peralta".
Se falta o prover o bom pastor sai a desbravar.
Novas terras há de encontrar sem inseguranças...
As ovelhinhas já acostumadas com mudanças...
Não hesitam na voz seguir, pois cegas alinhavar.
Oh pai, Que nunca um pastor deixe sua ovelha!
São tão cordeiros... pois elas nunca se enfurecem.
Dóceis que vão a perdição sem notar e parelha.
Quando se vê já desvirtuou-se de ser o que era.
Que a voz do pastor não se perca delas, pobres!
Que o pastor não se perca, pobre homem, Fera!
poeta_sabedoro
Soneto saude emocional
A minha vida nao e colorida
Mas e vivida sem dopamida
Serotonina e uma coisa que
Nunca achava nos meus dias
Amigos verdadeiros
Apenas aminimigos e inimigos
Pais apoiadores
So desapoiadores
Amor e carinho virava
Desgosto e solidao
Era so eu nesse mundo
Me sentia diferente invisivel
Essa dor nunca acabou
Mas com o tempo melhorou
AVE AGOURENTA:
Meia-Noite à hora em meu quarto insone!
Debruçado à lauda deste soneto espectro
Agourentas aves ao meu sonhar consome
Seria, o silêncio astuto de minha razão, é certo?
Por quê a mim tormento ínfima criatura horrenda?
Sob um fito olhar de sarcástico deboche
Numa afirmativa: Sou no íntimo vossa reprimenda!
Em um siso sentimento a aurora suplico à toda sorte.
Olho ao cume, vejo como homem criatura intolerante!
Seu olhar esbugalhado penetra meu quimérico sonho
Como, simples aspirante, subornar tua consciência errante?
Em um ímpeto de autodefesa brado à criatura insana
Retraia-se, por favor, ilusória criatura! ...Não vês! esta tua intolerância à humanidade emana.
Soneto de amor
Amei-te tanto, de tantas maneiras
Amei-te tanto, de tantos conceitos
Amei teus modos, teus gostos, teus jeitos
Amei teus olhos, teus lábios, tuas brincadeiras
Teus beijos molhados, pra mim são cachoeiras
Teus sonhos me encantam, me fazem te amar
Teus lábios me cantam, me fazem sonhar
Eles são perfeitos, países sem fronteiras
Mas o que me separa de estar junto a ti
É a coisa que mais faz-me sofrer
Pois nada na vida me faria sorrir
Nada na vida me faria viver
Não terei coragem para prosseguir
Se não estiver contigo a conviver
Soneto : Amo-te
Amo-te tanto quanto o alfabeto em linha
Vou de letra em letra buscar teu sentido
Mesmo que de ti nunca tenha ouvido
Que o amor que te tenho, tu também me tinha
Amo-te mais do que uma simples fala
E um dicionário cheio não me bastaria
Pois o amor que sinto não se explicaria
Então na tua presença minha boca se cala
Amo-te no hoje e no amanhã infinito
Como amo a vida e também a morte
Vejo teu sorriso tão meigo e bonito
Ter você comigo seria ter muita sorte
Mas a mim mesmo, tenho tanto dito
Que talvez o que eu sinta, a ti não importe
Soneto : Fúnebres Atos
Meu corpo empalado à forma exangue
Nos rubros altares que oram em meu nome
Saciai tua sede com uma gota do meu sangue
E com a minha carne saciai tua fome
Faleço aos conceitos carnais que me atrevo
Meu corpo, de minha alma desune
Minhas últimas palavras aqui escrevo
Pois da morte, nunca fui imune
E aguardo a chegada do oportuno martírio
Ao assinar com sangue no finado contrato
À minha sepultura adorna o lírio
E parto desta vida onde os dias foram ingratos
Deixo meus versos de puro delírio
E despeço-me deste mundo em fúnebres atos
Soneto : Calor
Calor que agride esta terra amada
Que racha o solo em tamanho braseiro
Calor ardente em torrão brasileiro
Calor que ferve a pólvora armada
Calor que parte, obra natural da vida
Mas também calor que tanto produzimos
Calor das queimadas, do que consumimos
Calor da poluição, dos dejetos da lida
Calor do sulcro ao núcleo terrestre
Calor da terra, calor da fenda
Talvez um dia a humanidade aprenda
Que o calor que mata o campestre
Também pode matar a nossa gente
E talvez neste dia não seja mais quente
Soneto : Odores Mortais
Flores pelos campos vastos coloridos
Dum florescer tão lindo que mostra vaidade
Relembra dos adornos que trazem saudade
Naqueles campos tão vastos floridos
Seu perfume exala tantas emoções
Rosas rubras que sangram sentidos
De odores vastos, todos tão sortidos
Que fazem alogia e comparações
Comparando à vida que é bela e única
Servindo de adorno às mais raras túnicas
Que vestem os membros dos meios reais
Mas aqueles campos tão vastos floridos
Murcham com o ar que aqui é poluído
E os seus odores se tornam mortais
Soneto : Asas Da Morte
Sigo em ritual fúnebre queimando em brasas
No fogo ardente que me queima vivo
Meu coração sustenta seu lado abrasivo
Enquanto meu corpo mergulha em águas rasas
Afogando-me aos poucos, num rio sangrento
Um mar de ódio que dos meus olhos vaza
Neste mar talvez que minha alma jaza
E segue em seu íntimo sem sentimento
Talvez por um tempo eu mesmo me conforte
Com a dor que enfrento em minha consciência
Ou somente viva crendo na ciência
Que talvez um dia eu possa voar distante
Enquanto meu lamento segue tão constante
Voarei nas asas desta nefasta morte
Soneto : Linda
Linda, teus paladares são meigos
Eles tanto me falam
Mas os meus sendo leigos
Em sua presença se calam
Teus olhos são claros
Os meus são escuros
E teus lábios são muros
Eu quero cruzá-los
Tua boca é tão doce
Tem gosto de mel
Tu és a mais linda rosa
E tua aparência é como se fosse
A mais radiante estrela formosa
Que habita o mais profundo do céu
Sonatina (soneto II)
Não pode ser sempre inquieta poesia
Está morna poética, cheio de torpeza
Os versos tão enevoados de lerdeza
Há de isentar-se desta sensação fria
Num vendaval de solidão e de agonia
O choro apodera da rima em tristeza
Quando a inspiração só quer alegria
E numa sonata vê-se sons da utopia
Hei de subir ao tope da imaginação
Vencer procelas e alaridos, emoção
Ali, triunfante, cheio de doce louvor
Em poema, aclamante, e com intento
O sol da glória há de ornar o momento
E eu, hei de toar: - em versos de amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 janeiro, 2024, 20’38” – Araguari, MG
Um amante
Num soneto feliz e ímpar, a ternura
Rimando o prazer com uma lucidez
Num sentimento com doce ventura
Que envolve a alma, com parvulez
Enquanto o canto alastra formosura
Em uma poética que a emoção fez
No âmago, o amor, figura brandura
Enchendo de agrado e de solidez
Pela primeira vez, a poesia amada
Uma rosa, um toque, apaixonada
Sensação. Versado o beijo galante
E, o soneto saciado, rico e querido
Outrora pícaro, agora com sentido
Rascunha versos para um amante.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 janeiro, 2024, 18’38” – Araguari, MG
LACRIMANTE
Soneto, vivo tão só, numa rudeza
Onde o versejar se dilui em pranto
Longe do prazer cheio de encanto
Aonde a minha poética está presa
As rimas são ao verso só incerteza
Tristeza, onde o meu sofrer é canto
No entretanto, o amor é tanto, tanto
Em uma poesia frágil e tão indefesa
Ando inquieto, o coração com desejo
De um sussurrar tão de ele distante
Que endoida, e que na paixão a vejo
Em cada uma das linhas, um instante
Que retumba pelo ar, tal a um realejo
Solitário, com o impar tom lacrimante.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 maio, 2024, 18’44” – Araguari, MG