Soneto da Saudade

Cerca de 24422 frases e pensamentos: Soneto da Saudade

SONETO PRO SONETO

Caro soneto, de refúgio confortante
Que traz na trama a rama do agrado
À lágrima, que na face tenha deslizado
Em dor ou ventura, por algum instante

A minha reverência o meu obrigado
Por tua canção com emoção vibrante
Que canta e encanta a todo o instante
Aos olhos leitores, ao belo consagrado

És acordes de fascinação em harmonia
Nas rimas a estima duma tal sabedoria
Que acolhe, afaga e nunca és obsoleto

Pois, em tua imortalidade, imortalizam
Os sonhos, os devaneios, que deslizam
Da alma, desembocando em ti: SONETO

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

POESIA, POETA, LEDOR

Eu poeto!
Ele poema!
Poesia em soneto
Soneto em dilema
Prosa do alfabeto
Rima no teorema
Teorema secreto
Trova suprema...

Poesia sem ledor
É verso sem gema
Poeta sem amor!

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO VAZIO

Meu cerrado, distante dos amores
Que me vê chorar no teu chão árido
Singrando entre cascalhos, e flores
Em uivos de dor no peito afluído

Em tal saudade, que tira os vigores
Da alma solitária e coração ferido
Imersos na tristura e pesares tutores
Da falta do afeto no passado perdido

Aqui na soleira do cerrado, temores
Com um assustado olhar esvaído
Olhando o horizonte que exala odores

De um velho sonhador de sonho diluído
Na solidão de secos sabores, incolores
Duma nostalgia, aqui pelo vazio fruído

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO MAL TRAÇADO

Nestas linhas mal traçadas
Um soneto quer ser parido
De longe ouço seu gemido
Parece mágoas anunciadas

Ainda nestas linhas, alarido
Das angústias acumuladas
Das ilusões das dores criadas
E neste soneto assim diluído

São de partidas ou chegadas
Cheios de um poetar sofrido
E todas da saudade derivadas

Perdido ainda na rima, crido
Em doçuras a serem citadas
Pois, o amor ao bem é unido

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO MINGUANTE

Procurei por ti, ó lua, neste anoitecer
E tu estava sem sair à rua, silente
Nenhuma estrela estava reluzente
Tal qual a solidão aqui no meu viver

Noite de inverno, um vazio ingente
Cerrado seco, melancolia a verter
O silêncio no quarto a transcender
E a saudade ousando ser confidente

Escuto o vento na vidraça a bater
Querendo vir me abraçar contente
Se possível fosse sua privança ter

Neste minguante sentimento poente
Nas lembranças eu tento me aquecer
Pois, até a ilusão de mim está ausente

Luciano Spagnol
Julho, 23 de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO INDIGNADO

Estes do profundo da indignação
Escritos com o verso suado
Saem dos gemidos do coração
Em tosco lamento articulado

A quem, senão a ti, oh emoção
Objeto do sentido privado
Pode escorrer pela devoção
Dum amor para ti devotado

E se notares são tão rebuscado
Aqui perfilado num certo cuidado
Do afeto que foi centro dos pesares

Saiba que neste indgnado soneto
A ânsia, a lágrima aqui no cerrado
Jamais será reza em teus altares

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM FRUSTRAÇÃO

Eu queria compor um soneto diferente
daqueles com harmonia na melodia
que nenhum outro já o tenha na poesia
onde ele possa ser o pódio da gente

Assim quero a inspiração com energia
e que no tempo possa ser ingente
tão e tanto que seja bem inteligente
e a todos reconhecido como ousadia

Tento escrever e só tem rima inocente
num papalvo poetar, sem a tal magia
e no complexo o inopinado ausente

Vendo que da mesmice ele não sairia
fico no comum e do belo pendente
e assim me conformo com sua amorfia

Luciano Spagnol
Julho, 2016, final

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM PRECE

Chia o dia na vida afora o muro
Num barulho no seu vai e vem
Tinindo o relógio o som também
Num soar seco e deveras duro

Passa a hora e no tempo refém
As saudades, realidade e futuro
E nesta velocidade fico inseguro
Aí eu me agarro no que se tem

Parto em busca do que procuro
Nada sei e não é nenhum desdém
Pois, como cego trilho no escuro

E nesta de cair, levantar, ir além
Vou com fé e prece, então, aventuro
Assim, quem sabe, diga: Amém!

Luciano Spagnol
01 de agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TOLERÂNCIA (soneto)

Não venho aqui me desculpar com perdão
e nem tão pouco desfiar verso plangente.
Aqui declamo o que o coração deverás sente
onde há mais que tesa regra ou justificação

Não façamos ouvidos surdos a toda gente
no cada qual com a sua escolha ou razão.
Gratuita é a liberdade ofertada na emoção
tal qual cor na aquarela se faz diferente

Se amar é gesto que nos traz comunhão
porque assombra o fluxo contracorrente?
Pois na sombra não se erigi plena visão

É aflitivo crer que desafeto seja recorrente
da intransigência na diversidade de opinião.
Pois, a quem ama, a tolerância é presente...

Luciano Spagnol
Agosto, de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

INCERTEZAS (soneto)

A paixão é como um denso nevoeiro
que deixa a visão sem o ver cristalino
tem um avanço lépido, feroz e ligeiro
ficamos à deriva, à mercê do destino

Nela, o momento se faz prazenteiro
nos levando ao extremo do desatino
acreditando ser o único verdadeiro
instante, sem ver o constante ensino

E vem, então, diversa outra direção
norteando com questão a emoção
que o curso é incerto, difícil chegar

Tenhamos, pois, no lasso coração, paz
nos desafios, pois o desatino é incapaz
de saber quando na paixão vai-se amar

Luciano Spagnol
02 de Agosto de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO ATORMENTADO

Fere o silêncio da áspera madrugada
no cerrado, um árido vento plangente
que golpeia minha alma ali presente
com saudade em mácula mal curada

Busco iludir-me que o zunido em toada
nada mais seja que ilusão descontente
daquela que põe angústias na gente
para deixar solitário e a ventura calada

E o vento insiste, persiste e não desiste
cortando a paz da noite com ruído triste
avivando a dor em suspiro redundante

Se soubesse quanta nostalgia desgarra
o vento teria dó e não seria tão fanfarra
e muito menos nesta solidão tão falante

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VIDA EM APRECIAÇÃO (soneto)

Lancei minha sorte aos ventos
Escrevi no reverso varia poesia
Tive amor, devaneios e fantasia
Nas aventuras, radicais eventos

Que nem sempre foram tirania
Ou tão universais sentimentos
E de cada um eu fiz momentos
Não soube lhe dar com vilania

E assim, nas ramas dos lamentos
No meu quintal plantei harmonia
Para alastrar somente portentos

Então, nesta hera de ter ousadia
Féis e fecundos foram os alentos
Na desventura, novo foi outro dia

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ronda (soneto)

Esta noite com a lua vou confidenciar
As minhas lembranças mais secretas
Numa vigia nas memórias prediletas
Que na vida me fizeram assim sonhar

Nestes eflúvios aos sons de trombetas
Do crepúsculo do cerrado, quero poetar
Nos braços da emoção, então devanear
Em suspiros, delírios em cores violetas

Sim, serão sensações na alma a enlear
De um amar nos jardins das borboletas
Das ilusões, assim, ter vontade de voltar

E aí, então, neste cenário de profetas
Quero nesta ronda poder eternizar
O soneto: em linhas, curvas e retas

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUM ATO

Em ti tem de mim pedaço
Num espectro multicor
Emergido passo a passo
Num coração ao dispor

Em ti encontro compasso
No olhar que oferece flor
Por ti o meu afeto é laço
Num sonho terno e coesor

O meu corpo por ti é espaço
Sinto em ti desejo condutor
De calor no apego e abraço

És tudo neste ato maior
No meu mundo, regaço
Na emoção, o meu amor!

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA SORTE

Onde foi que eu errei, se errei
Quem pode responder, diga
Se pecado cometi, prossiga
Pois, na sorte os dados rolei

Já sofri, por tanta e tal intriga
Que no peito nem mais poderei
Ter vencedor ou vencido, freei
Agora quero palavra amiga...

Se perder é o destino, tolerarei
Mas, a injustiça não será viga
Nem tão pouco um fator de lei

Quero estar onde o amor abriga
No jogo da vida, ali então estarei
E quem me quer, então me siga...

Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NO ENTARDECER

Sai o dia, vem à noite no cerrado
treva fria, palia o sol na cor bisonte
breve e leve, tão encantado, é fonte
num manto real no tempo dourado

Ó sombra que se esvai no monte
do entardecer na noite aterrado
desnudando o planalto aluado
numa luz sidérea em desmonte

E no turvo motim no céu calado
surgem alvas estrelas, defronte
ao cais da vida, num ato fiado

Assim como num beijo simbionte
a noite abarca o dia tão esfalfado
para lhe adormecer no horizonte

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CIRCO DE ILUSÃO (soneto)

O amor opõe ao que o desprezo dizeis
pois, palavras reles dissolvem-se no ar.
Pra que no afeto tenhais o que quereis
conjugue no presente o verbo amar...

Só assim, que o bem terá cetro de reis
que será uma verdade, uma voz a falar.
E na alma te encontrarás, e nela fluireis
fique atento, acaso lhe venha chamar!

Pois, nos teus braços não se é alguém
a mais, é plena emoção, e se vai além;
é o coração sorrindo cheio de atenção.

Então, entenda o poder que ele tem
porém, cuidado com o infiel desdém.
Sob a lona do céu há um circo de ilusão

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA VOLTA

Estou de volta, intento por aqui ficar
nos caminhos busquei novos planos
no passado ficou a chaga a sangrar.
Sim tive erros, e também enganos...

No perdão, pude então saber perdoar
tudo é veloz, e passa por nós os anos
assim, o fado me atendeu para voltar
pois, nas orações remi de meus danos

Nas minhas desventuras, soube amar
nas tristuras, agora quero dias ufanos
por lá fechei o ciclo de ter que cuidar

Na mala, pouco trago pesares tiranos
pois, aqui está a meada, o meu lugar.
Estou de volta, sem enredos profanos

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

FELIZ DIA DOS PAIS, aos presentes e ausentes, em nossas vidas contundentes...

SONETO AO MEU PAI

Oi pai, escuta minha voz dai distante
A saudade é redundante, é impotência
A falta de teu tom forte me é constante
A vida sente a lacuna da tua existência

A roseira do jardim é lembrança radiante
Ter tido os teus ensinamentos, essência
guardadas no peito aqui tão palpitante.
Neste dia dos pais, a minha reverência

Ei pai, perdoa as falhas por mim operante
Se fui negligente foi por pura contingência
Pois, no meu amor és um amor gigante

Nas minhas veias corre a tua aparência
Na concepção o que sou, teu semelhante
No coração, a nostalgia de tua ausência...

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO COM QUIMERA

Estás onde, amor? O peito clama
a tua imagem nos desejos chora
a poesia sem ti assim vai embora
o leito está morno, e sem chama

Fico imaginando teu olhar agora
no meu olhar enflorar em rama
invadindo meu corpo, que flama
em afagos de tempos de outrora

Vem! Não me deixes aqui tão só
num tal vazio laço de um uno nó
e no silêncio que fere com solidão

É um amor tão ausente que dá dó
na afável emoção faz um forrobodó
e traz ganido no saudoso coração

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol