Soneto da Espera
Soneto Nº 1
Fui conduzido por um longo caminho
O Senhor que me conduziu
Muito antigo de dias me pediu para escrever
E eu espero que você possa ler
Ele não me disse o que eu ia encontrar pelo caminho
Mas a sua voz suave como o vento
Era persuasiva e persistente
Escutei como se escutasse com a mente
Segui sozinho por um caminho muito estreito
Me cortei pelo caminho, me machuquei, quase que morri
Sorri, ao chegar no fim desse caminho
Tinha uma mansão com o meu nome e Mustang conversível
Do bom e do melhor havia Tudo
Guardei a minha espada e o meu escudo em um dos átrios
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Edson Felix
16/02/2021
Brazil
Soneto Nº 2
O sol
Pode brilhar muito intensamente
Como brilha intensamente
E pode deixar de aparecer de repente
As vezes, é assim
Os dias são ensolarados
E as luas também
Bem, mas tem dias que nem ele, nem a lua aparecem
Nossa esperança vai morrer por causa disso?
Nós sabemos que eles estão lá
Embora não possamos vê-los
Os dias nublados não são para sempre
Nem as noites sem lua
Independente da fé tua
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Edson Felix
18/02/2021
Brazil
Soneto Nº 3
Faraó
Acreditava que o mundo
Vivia em torno dele
Ele achava que era o equilíbrio do Cosmos
Ficava agitado por causa de um sonho
Prendia por qualquer erro ou matava
Se achava Deus
É assim que os loucos pensam
E como se eu tivesse
Sentado nesse trono, delirei
Delirei delírios místicos, de grandeza e fiquei agitado
Até um estresse do Faraó
Fazia se preocupar com o equilíbrio do universo
E eu tô aqui preocupado com o equilíbrio do verso
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Edson Felix
19/02/2021
Brazil
Soneto de amor
Amei-te tanto, de tantas maneiras
Amei-te tanto, de tantos conceitos
Amei teus modos, teus gostos, teus jeitos
Amei teus olhos, teus lábios, tuas brincadeiras
Teus beijos molhados, pra mim são cachoeiras
Teus sonhos me encantam, me fazem te amar
Teus lábios me cantam, me fazem sonhar
Eles são perfeitos, países sem fronteiras
Mas o que me separa de estar junto a ti
É a coisa que mais faz-me sofrer
Pois nada na vida me faria sorrir
Nada na vida me faria viver
Não terei coragem para prosseguir
Se não estiver contigo a conviver
Soneto : Amo-te
Amo-te tanto quanto o alfabeto em linha
Vou de letra em letra buscar teu sentido
Mesmo que de ti nunca tenha ouvido
Que o amor que te tenho, tu também me tinha
Amo-te mais do que uma simples fala
E um dicionário cheio não me bastaria
Pois o amor que sinto não se explicaria
Então na tua presença minha boca se cala
Amo-te no hoje e no amanhã infinito
Como amo a vida e também a morte
Vejo teu sorriso tão meigo e bonito
Ter você comigo seria ter muita sorte
Mas a mim mesmo, tenho tanto dito
Que talvez o que eu sinta, a ti não importe
Soneto : Fúnebres Atos
Meu corpo empalado à forma exangue
Nos rubros altares que oram em meu nome
Saciai tua sede com uma gota do meu sangue
E com a minha carne saciai tua fome
Faleço aos conceitos carnais que me atrevo
Meu corpo, de minha alma desune
Minhas últimas palavras aqui escrevo
Pois da morte, nunca fui imune
E aguardo a chegada do oportuno martírio
Ao assinar com sangue no finado contrato
À minha sepultura adorna o lírio
E parto desta vida onde os dias foram ingratos
Deixo meus versos de puro delírio
E despeço-me deste mundo em fúnebres atos
Soneto : Calor
Calor que agride esta terra amada
Que racha o solo em tamanho braseiro
Calor ardente em torrão brasileiro
Calor que ferve a pólvora armada
Calor que parte, obra natural da vida
Mas também calor que tanto produzimos
Calor das queimadas, do que consumimos
Calor da poluição, dos dejetos da lida
Calor do sulcro ao núcleo terrestre
Calor da terra, calor da fenda
Talvez um dia a humanidade aprenda
Que o calor que mata o campestre
Também pode matar a nossa gente
E talvez neste dia não seja mais quente
Soneto : Odores Mortais
Flores pelos campos vastos coloridos
Dum florescer tão lindo que mostra vaidade
Relembra dos adornos que trazem saudade
Naqueles campos tão vastos floridos
Seu perfume exala tantas emoções
Rosas rubras que sangram sentidos
De odores vastos, todos tão sortidos
Que fazem alogia e comparações
Comparando à vida que é bela e única
Servindo de adorno às mais raras túnicas
Que vestem os membros dos meios reais
Mas aqueles campos tão vastos floridos
Murcham com o ar que aqui é poluído
E os seus odores se tornam mortais
Soneto : Asas Da Morte
Sigo em ritual fúnebre queimando em brasas
No fogo ardente que me queima vivo
Meu coração sustenta seu lado abrasivo
Enquanto meu corpo mergulha em águas rasas
Afogando-me aos poucos, num rio sangrento
Um mar de ódio que dos meus olhos vaza
Neste mar talvez que minha alma jaza
E segue em seu íntimo sem sentimento
Talvez por um tempo eu mesmo me conforte
Com a dor que enfrento em minha consciência
Ou somente viva crendo na ciência
Que talvez um dia eu possa voar distante
Enquanto meu lamento segue tão constante
Voarei nas asas desta nefasta morte
Soneto : Linda
Linda, teus paladares são meigos
Eles tanto me falam
Mas os meus sendo leigos
Em sua presença se calam
Teus olhos são claros
Os meus são escuros
E teus lábios são muros
Eu quero cruzá-los
Tua boca é tão doce
Tem gosto de mel
Tu és a mais linda rosa
E tua aparência é como se fosse
A mais radiante estrela formosa
Que habita o mais profundo do céu
Sonatina (soneto II)
Não pode ser sempre inquieta poesia
Está morna poética, cheio de torpeza
Os versos tão enevoados de lerdeza
Há de isentar-se desta sensação fria
Num vendaval de solidão e de agonia
O choro apodera da rima em tristeza
Quando a inspiração só quer alegria
E numa sonata vê-se sons da utopia
Hei de subir ao tope da imaginação
Vencer procelas e alaridos, emoção
Ali, triunfante, cheio de doce louvor
Em poema, aclamante, e com intento
O sol da glória há de ornar o momento
E eu, hei de toar: - em versos de amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 janeiro, 2024, 20’38” – Araguari, MG
Um amante
Num soneto feliz e ímpar, a ternura
Rimando o prazer com uma lucidez
Num sentimento com doce ventura
Que envolve a alma, com parvulez
Enquanto o canto alastra formosura
Em uma poética que a emoção fez
No âmago, o amor, figura brandura
Enchendo de agrado e de solidez
Pela primeira vez, a poesia amada
Uma rosa, um toque, apaixonada
Sensação. Versado o beijo galante
E, o soneto saciado, rico e querido
Outrora pícaro, agora com sentido
Rascunha versos para um amante.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 janeiro, 2024, 18’38” – Araguari, MG
SONETO PRA UMA HORTÊNSIA
Outubro, e já o jardim florido
No colorido, aquela hortênsia
Na luz do cair do dia, tão lido
Ao olhar encadeada cadência
Brancas, violáceas, azuis, rosas
A tingir ao encanto encantado
Traçado na poética em prosas
Face de um fascínio arrojado
És do branco ao azul do céu
A flor de sentimento amável
Expressão do belo, admirável
E, assim, a poisar no perfume
Os colibris, e se dando a lume
As hortênsias, de rendado véu!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/10/2021, 10’45” – Araguari, MG
SONETO A UM AUSENTE
meu sussurrar no sentimento
meu pensamento a angustiar
meu pranto jogado ao vento
meu padecimento a suspirar
teu silêncio agreste e morno
teu carinho no vazio a velar
teu ser na saudade, é adorno
teu vão que me faz ter pesar
de tudo a lembrança é solidão
e na dolência, o rogai por nós
pra dar um alívio ao suportar
dos danos a amarga sensação
um triste olhar soluça por vós
e cá, vou na falta, a te desejar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/10/2021, 18’26” - Araguari, MG
OFERECIMENTO (soneto)
Eu finco em teu louvor este verso por inteiro
Para que tenhas sempre as altas venerações
Entalhei na rima o teu cheiro e, as emoções
Também, teu nome, gracioso e tão fagueiro
Cada estrofe, suspiro e um versejar cavaleiro
Carregado de sonoros versos com entoações
Tantas, cheias de encantos, tons e sensações
De amor, dando a paixão inevitável cativeiro
E nessa cantilena de sentimento, entoando
Oferecimento, dou-te o apreço, carregado
Onde a ternura a minh’alma vai poetizando
Tu és o sentido, quando se acha afortunado
E numa poética estes versetos vão narrando
A sensível sede de um coração apaixonado.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/11/2024, 21’12” – Araguari, MG
Soneto 2
Amas, amas em teu ser verdadeiro!
Coração errante, sem temor de errar.
És flecha do cupido, o mensageiro,
Que sempre no alvo sabe onde acertar.
Amas como o fogo que arde inteiro,
Aquecendo a alma em inverno a gelar.
És um eterno amante, verdadeiro,
Com prudência da serpente a caminhar.
Amas por completo, com paixão,
A tua eterna amada, teu tesouro.
O amor que te consome em devoção.
Amas com intensidade e desvelo,
Como quem guarda em si o puro ouro,
Do sentimento mais puro e belo.
Soneto das Lendas de Caxias
Em Caxias, terra de bravos ancestrais,
Onde o folclore em cada canto pulsa,
Lendas e contos, segredos ancestrais,
Em cada rua, a história se engulfa.
A Mãe do Rio, chorando sem parar,
Lamenta a perda de seu amor perdido,
Enquanto o Boitatá, com seu fogo a bailar,
Protege os campos do mal, destemido.
A Tresidela, com seu canto encantador,
Encanta a todos que a sua voz escutam,
E a Serpente da Igreja, num terror,
Assombra as noites com seus sibilos brutos.
Do Dirceu, a árvore frondosa e gigante,
Um símbolo de união e de fé,
Ao Caboclo da Prata, valente e galante,
Lendas que Caxias guarda para sempre em si.
Em cada verso, um mistério a desvendar,
Em cada lenda, um ensinamento a guardar.
ROGAÇÃO
Quando, como uma explosão, fulgura
no soneto o esplendor de uma paixão
arqueja no verso o desejo e a emoção
numa poética suspirosa e com ternura
quando, sair desta sedosa sensação
na inspiração não terás mais ventura
a poesia se entregará a total loucura
duma saudade, do aperto, da solidão
e a ardência do doce beijo, emudece
o coração em prece, suspira e chora
naquela entoação chorosa, tão doída
delira um silêncio, e a dor se oferece
sentimental o amor na prosa implora
o versar amante, outra vez na medida!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 junho 2024, 17’11” – Araguari, MG
A ARTE VISTA { soneto}
Será que minha arte e' igual a tua? será?!.
A vejo em casa, no trabalho, na rua...; nua.
Me vejo... a vejo... ensejo de ser, arte crua.
Queria só por hoje saber, Minh 'arte... será
Igual a tua? Vistes por fora melhor que dentro.
Então!. A visão que vês e' a arte forjada ao léu.
Os saberes, que atuam por olhos, sob o céu.
Além... delineando as cores, sóbrio pelo centro.
Despojais de jugos, e dizei-me, dizei-me vós:
Que arte e' esta? Persegue-me a todo lugar,
Na pintura, poesia, rachadura, até mesmo ar.
Deveras devo preocupar-me, estou sem saber.
Moldar-me-ei com outra visão senão a minha.
Será que tinha arte igual a tua? Tinha?!.
poeta_sabedoro
A VOZ DO PASTOR {Soneto}
Ouço grito ecoando pela montanha mais alta.
As pobre-ovelhinhas seguindo o velho pastor.
A relva verde dantes já não se repete pela cor.
O velho levanta o cajado e ordena "as peralta".
Se falta o prover o bom pastor sai a desbravar.
Novas terras há de encontrar sem inseguranças...
As ovelhinhas já acostumadas com mudanças...
Não hesitam na voz seguir, pois cegas alinhavar.
Oh pai, Que nunca um pastor deixe sua ovelha!
São tão cordeiros... pois elas nunca se enfurecem.
Dóceis que vão a perdição sem notar e parelha.
Quando se vê já desvirtuou-se de ser o que era.
Que a voz do pastor não se perca delas, pobres!
Que o pastor não se perca, pobre homem, Fera!
poeta_sabedoro