Soneto da Espera

Cerca de 8919 frases e pensamentos: Soneto da Espera

ENFADO (soneto)

O quarto penumbroso e triste. Meu viver!
Um silêncio na alma que ela parece morta
Eu num olhar vago, uma pujança absorta
Não tenho ânimo, nem uma reação sequer

Rabisco gestos pálidos que a nada importa
O mundo lá fora a passos largos. Ouço dizer
O meu aqui dento de solidão põe a embeber
O vazio lânguido, num isolamento que corta

E neste enfado, no enfado inquieto do ser
Que é que me interessa além desta porta?
Se sempre é o mesmo, o mesmo parecer

Aqui neste útero meu sonho se transporta
Que diga a sorte, e o destino o que quiser
Aqui poeto quimera, que abre comporta... (do meu envelhecer!)

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

MINHA PESSOA (soneto )

Eu sou o do fio da meada perdido
O que poeta devaneio e quimera
Verão ou inverno é só primavera
Neste fado, sonhar, é permitido

Emaranhado, pensado, eu quisera
Em exequível gratulação ter vivido
Mas olhar amargo me foi servido
E tal refutado, tive sorte megera

Aos olhares um quase despercebido
Impelido pra muito além da biosfera
Espírito enlutado, dum senso sofrido

Nas tiranias, choro, sou pessoa sincera
Áspero, sem ser, de amor sou provido
E no querer mais, me tenho em espera

Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ouça o soneto , se olhe no espelho , sinta o vento do ventilador ,faça e desfaça não tenha medo nos somos glóbulos de amor.
A metamorfose e a hipótese se juntam em um só.
Descaradamente todo mundo mente para se satisfazer do El Amor , naturalmente buscam em gente o melhor sorriso reluzente .
Escute as paredes elas proclamam coisas que os humanos deixam de exaltar.
Paixão incógnita descrevo a proza do mar e deixo me levar .
Saia de casa perca a hora , não tenha pressa de voltar ,nada se apaga tudo se passa e só se esquece se marcado não ficar.
Eu só lamento e choro por dentro por deixar as coisas pra mais tardar

Inserida por poetizandopensamento

SONETO ENCARNADO

Cerrado, pinta o céu de encarnado
por não poder pintar a noite estrelada
assim, vesti a sombra da esplanada
de prata, do luar em tom apaixonado

Pra extinguir o rubro desta tal cilada
e aprisiona-la até o arrebol no prado
o sol se demole num gesto nacarado
tão cansado, retirando-se em toada

No breu, a cor, escarlate enevoado
permanece, então, na noite trancada
pra de novo no dia surgir encantado

Então, no empalecer da luz arrozada
dorme desmaiada, do dia acalorado
no ciclo do cerrado, em sua jornada...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NOTURNO

No olhar do entardecer silencioso
o dia adormece e se põe a sonhar
envolto no aroma, da noite, precioso
se vai derreado nos braços do luar

Se há choro, porque há fado danoso
também, há perfume de rosa pelo ar
se alguém soluça, há evento doloroso
pois, no amor, aquele não soube amar

E neste lusco fusco do tempo ditoso
vai-se o tempo no ininterrupto caminhar
pois, a vida no tempo é tempo vaporoso

Assim, vem o dia, logo a noite a tombar
num ciclo do destino um tanto misterioso
mas, que na existência, é um poetar...

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CANTO (soneto)

Na janela pro cerrado, solitário
O apressurado vento na fresta
Amigo de exílio, o meu cenário
Sibila, e teu sibilo me molesta

E, lá no ipê, alto, canta o canário
Ouvindo o canto de sua seresta
A saudade crê, no extraordinário
A alegria, no som, a alma atesta

Mas, poucos ouvem o meu dia
Calado e frio, numa poesia fria
Ajuntando o meu aflitivo pranto

E neste choro, um choro estridente
Que me faz chorar tão incontinente
Muitos pensaram que é meu canto

Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ROSA EM SONETO

A rosa, florescendo no seu galho
saúda o alvorecer com tal magia
de encanto, que irradia cor no dia
e um frescor roubado do orvalho

Tal qual uma armígera, ali resistia
ao sol do cerrado e, sem agasalho
se debatia, ao vento, por um atalho
clamando, enquanto a pétala ardia

E na luta, de livrar-se do vergalho
resplandecia mais bela e com valia
se desabrochando num mimalho

Então, gentil, a brisa e sua cortesia
trazia chuva, no sertão tão migalho
que como lágrima, na rosa acaricia...

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PALESTRA AMOROSA (soneto)

Aguardo-te, silente, pois não te tarda
Fez promessa, há de vir. Não te aflitas
Incertezas, na inconstância me agitas
Mas, o coração não falha, te aguarda!

No tempo algoz, às horas são infinitas
Na velocidade, nada há o que a retarda
Mas, a esperança é imortal e galharda
E a recompensa vem com flores e fitas

Pronto! Vens a mim! Aos meus braços!
À espera é longa e, firme são os laços
Do sonhado é desejado especial amor

Olhe nos meus olhos, quero teus beijos
Minha vontade está marcada de desejos
De joelhos: - é pra te estás rosas em flor!

Luciano Spagnol
2016, 17 de novembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VIOLA CAIPIRA (soneto)

Noite ressequida, ao longe, viola caipira
cantiga de sofrença era ouvida, batida
cantada dentro da tristura, pura embira
que contagia, é dor, amor de despedida

Quem longe está, aproxima, o som pira
na alma calam sensações desmedida
nas emoções, melodia de toda uma vida
chora viola! Chora na escuridade sofrida

Trova o chão do cerrado, pura beleza
razão no sonho sonhado e, "xonado"
retinindo fragilidades de leve leveza

Viola caipira, tem quimera no planger
convida o coração a estar apaixonado
e na paixão, vara até o amanhecer...

Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CHOVE N'ALMA (soneto)

Ouço chuva na minha alma, lá dentro
pingando na solidão pingos de nostalgia
é chuva de tempestade turbulenta e fria
inundando o coração com triste tormento

Tento na saudade ter qualquer analogia
nas quimeras, então, busco aquecimento
nas estórias de venturas, sem sofrimento
pra ter momento de estiagem e melhoria

A chuva, ainda cai num compasso lento
avolumando dor e sentimento na alegria
em rajadas de voluptuoso e firme vento

Em vão, a razão quer sair da melancolia
debruça na janela da alma, em lamento
vê que é pranto, está chuva de carestia

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PENÚLTIMA ESTROFE (soneto)

O tempo no tempo passa e apavora
Afobado por mim, vai e, vai acelerado
Acotovela os sonhos, despreza a hora
Caduca a poesia, por aqui no cerrado

Corre tirânico a disputar lugar na aurora
Adormece e acorda sem ser incomodado
No meu contendo, nem por nada demora
Sacode o vento, incauto, segue denodado

Agora, ao redigir está penúltima estância
Percebo o quão eu me faço na arrogância
De achar que a pressa do tempo é desleal

Afinal, o caminho tem estória e fragrância
O tempo vivido, não se mede pela distância
E sim, no amor ortografado, na estrofe final...

Luciano Spagnol
Novembro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DESENCONTROS (soneto)

Saudades nas vontades que se esfumam
No tempo visto com os olhos lacrimejados
Vou-me, assim, nos sonhos debruçados
Dos devaneios findos, antes que sumam

Dores e fantasmas na alma sepultados
São sombras que na frustração abulam
Com vozes que na emoção deambulam
Numa espera tensa de prazeres alados

Nas solidões frias... As carências bulam
Arreliam e se desfazem em enevoados
De refrigério que as futilidades simulam

Então, tento resgatar dos inesperados
Fados, versos que sobram e, engulam
Os desencontros no coração atarracados

Luciano Spagnol
27 de novembro, 2016
03'10", Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

NÁUFRAGO (soneto)

Devastado pelos medos, a tudo, temo!
E nesta imensidão de negrura sem fim
Os assombros me aterram no extremo.
Donde cheguei e, pra onde irei assim?

Os sonhos se tornaram nau sem remo
O olhar se prostrou no horizonte carmim
Joelhos e mãos postas, de um blasfemo
No caos, o favorável estoirou em festim

Na sorte, o suspiro se fez de supremo
Choro, lágrimas e desespero em mim
É embarcação medonha, e eu tremo!

Oh! Náufrago, de alma sem lanternim
Miserando por um único ato sopremo.
Rogo aos anjos, ter-me ao som de clarim...

Luciano Spagnol
Novembro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O MEU CALAR (soneto)

Solidão arde tal qual fogueira acesa
É como em um brasido caminhar
Perder-se no procurar sem se achar
Estar no silêncio do vão da incerteza

O que pesa, é submergir na tristeza
Dum incompleto, que nos faz cegar
Perfeito no imperfeito, n'alma crepitar
Medos, saudades... Oh estranheza!

Tudo é negridão e dor, é um debicar
Rosa numa solitária posposta na mesa
É chorar sem singulto e sem lacrimejar

E se hoje o ontem eu tivesse a clareza
Não a sentia como sinto aqui a prantear
Teria a perfeita companhia como presa!

Luciano Spagnol
Final de novembro, 2016
17'00", cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CATA DUM AMOR (soneto)

Na cata dum amor, amor busquei
Em cada olhar, um olhar de rogo
E na sorte de tê-lo, em ter afago
Se tudo preciso novamente farei

Então constatei, que não é jogo
Ele acontece, é destino, eu sei
E em cada dia sempre acreditei
Na chama, que na paixão é fogo

No ser um amor sem fim, estarei
Sempre de prontidão, no epílogo
No destinado. Pois por ele ideei

Na conquista o que vale é diálogo
O amor é mago, gesto, nele saudei
A vida, pois é essência no âmago...

Luciano Spagnol
03 de dezembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO ENDEREÇADO

Este é um soneto endereçado ao amor
Que redige na flor o doado nascimento
E nas estrelas segredos em sentimento
No imenso palco, a vida, ventura maior

Se a imperfeição influência detrimento
Sob o mesmo céu, sob o mesmo clamor
Nela também, brota um olhar acolhedor
O que se faz perfeito e um complemento

Quando penso que tudo nele é só primor
Há bravatas, desculpas apenas, momento
Também tem dor, que cessa o sonhador

Porém, amor que é amor, é sacramento
Não é vaidade, e sim, um transformador
Se de ti roubar, tente o mesmo fomento

Luciano Spagnol
2016, dezembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE NATAL

Se fez homem, é noite de reflexão
Fé cristã, Menino Deus, Nazareno
Enfeitam o memorial de pequeno:
Família reunida, cantiga e afeição

É berço de amor, doce e ameno
Exaltado em versos do coração
Nesta noite cristã, de intenção
Aniversaria, Jesus, o Nazareno

É vida na vida em comemoração
Gesto de afago, de carinho pleno
Noite feliz, noite de total gratidão

É Natal, é sal do indulto terreno
Confraternização, e compaixão
Do pobrezinho que manou no feno...

Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO ORANTE

Em teu louvor, Senhor, estes meus versos
Aqui a teus pés, minha fé, para cantar-te
Neste soneto em rogo, orante... Destarte
Aqui as falhas mortais, na prece imersos

Humildemente o meu olhar a adorar-te
Ó Sacrossanto que reina os universos
E põe a margem os corações perversos
Os meus erros para ao Teu perdão parte

Diz-me o necessário dos maus anversos
Pra que possa me redimir em descarte
E ter comunhão, caridade n'alma emersos

No merecimento do Céu inteiro, fartes
Meu coração de paz e bem, dispersos
Nas boas ações, e na fé como baluartes (Amém!)

Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO COM O MAR

Estatuei-me diante da imensidão do mar
Deixei as ondas marolarem sobre meus pés
Senti no clamor das águas sopro de colo
Meus olhos de maresia lacrimejaram
Nas águas salinas as lágrimas se misturaram.

Na limpidez meu olhar enxergou o horizonte
Pude sentir as promessas vindas de longe
Acreditei em meus sonhos já esquecidos
Minhas mãos levantei ao céu agradecida .

Senti o sol me aquecendo internamente
O mar inocente sorriu como criança
A mensagem me foi entregue divinamente.

Os segredos ficaram ondulando
Ao longo do infinito oceano
Meu coração em paz ficou pulsando.

melania

Inserida por MelaniaLudwig

SONETO DO ALTO DO AMBÃO

Do alto do ambão, brada este soneto
Do coração, em saudação e de intento:
De saúde, paz e bem, e contentamento
No tempo de confraternização e afeto

Partilhando ao irmão real sentimento
Onde se possa se doar por completo
Ser soma em um propósito concreto
Amigo e, de zelo como complemento

Daqui solenemente um doce prometo
Do querer ser mais no menos avarento
No nosso humano modelar irrequieto

Por fim, o abraço, apreço em advento
Num gesto de carinho como objeto...
De festejo do amor como bom provento

Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Dezembro, 2016

Inserida por LucianoSpagnol