Soneto da Espera

Cerca de 8919 frases e pensamentos: Soneto da Espera

AGORA EU QUERO IR (soneto)

A minha saudade tem saudade de crê
Me planejei, me desmoronei no sedento
Nas verdades não fui inteiro a contento
E no querer o todo, metade teve porquê

Experimentei descanso e, labuta à mercê
Confiei no silêncio, me encaixei no lamento
Precipitei no ir e na volta, foi ensinamento
Me desmanchei nos sorrisos em comitê

E na busca de me reconhecer, descanso
Afinal, as trilhas não são de vento manso
Porém, ao me refazer despertei com a dor

Se agitado ou imoto me equilibrei no balanço
Da quimera, pois sempre nos resta tal ranço
De jugo. Agora quero ir e, apreender o amor.

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 26 de março
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PEDAÇOS (soneto)

Em ti, ó saudade, acho parte de mim
São fragmentos craquelado e partido
Do meu eu que tenho então em ti sido
Eternizado numa dor que vive sem fim

O senso que faz em ti alarido saído
Em mim é silêncio, é solidão, enfim,
Vive da ilusão de lembranças carmim
Do comover sovado e não esquecido

Agora, o que faço para ouvir o clarim
Dos sons da quimera no porvir contido
Dando-me sonhos afora deste folhetim

Serei pouco, nada, de desejo desprovido
Se insistires em ficar tão presente assim
Aí, de pedaços o meu poetar será revestido

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março, 05'55"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO IMAGINÁRIO

Imagino um soneto do imaginário
Que escorra da doce imaginação
Com o seu ilusório jamais solitário
E cheios de quimeras e de emoção

Que tenha na sua existência itinerário
Não só formas, nem aparência, ação
Onde os sonhos são seu mobiliário
Aduzidos dos cômodos do coração

Quero com que seja o meu amuleto
Guardado no peito tal qual a oração
Em mantra, não como simples objeto

E se, assim, brotar do tal poço secreto
Dos poetas, que venha com inspiração
Imaginando satisfação por completo

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

MOCIDADE JAZ (soneto)

Mocidade em mim, em simpatia
A sua lembrança já é sem graça
Na arena, silêncio, pouca galeria
E já tão distante, saudade, lassa

Nesta morrinha, de lado a ideologia
Pois, acima ou abaixo, tudo passa
Apressadamente, serventia é ironia
Velhice, prudente palavra: desgraça

Nos licores de prazer, só mitologia
As perdas já fazem parte da vidraça
Do fado, e o entusiasmo na periferia

Porém, nem tudo é ledice sombria
Curtir a paisagem e brindar a taça
Do viver, dizer não, fazem a alegria

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR ERRADO
(soneto)


Na verdade não eras quem pensei,
Talvez um erro a mais na minha vida,
Um erro que não quis! Porque me dei?!
Mal chegaste já estavas de partida...

Hei-de lembrar que nem te despediste...
Que acabou o que não chegou a começar...
Porque vieste? E porque partiste?!
Deixaste-me só, a um canto, a penar!

Mas ouve amor fechado, vento agreste,
Mar bravo que não tolero mas desejo,
Do meu amor por ti, nada soubeste!

Adeus Amor Errado! Silêncio frio!
Corpo que não toco, olhos qu'inda vejo
Nas margens indiferentes do vazio!


P.S./ Dedicado a alguém que já não importa referir. Ficam os versos.

Inserida por Eliot

SONETO DE LUZ PÁLIDA

Pálida à luz da ofensiva tão sombria
Sobre a desfeita no peito reclinada
Como malícia na falta embalsamada
Grita lágrimas secas, ardidas e fria

No horizonte a luz poente desmaiada
Refletia o amor que na ilusão dormia
Era tal a ventura que ali se obstringia
Aflita, que pela afronta era embalada

Um desprezo que dia após outro dia
Me despia a alma, tão ferida e calada
Na dor se banhava e que nada alivia

Não gargalhe, ó cerrado, desta lufada
Se vim pela devoção, outras eu faria
Afeto, não tem distinção nem morada

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR AFETO

O afeto amor, nos faz revestido
Da jura mais atraente do fervor
Enche os dias de colorida cor
E o coração de olhar conhecido

Se dele se é um querer fingido
Aos seus apelos nenhum dispor
Culposos encantos no propor
E dor nos sonhos então parido

Pra não ter ilusão e ter sabor
Tenha poesia no doce sentido
E nas mãos uma ofertada flor

Mas, se não quiser ser querido
Jamais será dele um coautor
E de ti então, o amor, terá partido

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADES SECAS (soneto)

Saudades secas, no cerrado, banham
De lágrimas as lembranças já findas
E assim choram, tristonhas, e choram
Enxugando o soluço em sujas nerindas

Quando entardece as noites revindas
É hora de preces que os céus imploram
Oram de mãos postas, e ali tão pindas
Que tristuras secas, molhadas choram

Ao juntar estas secas dores na oração
Em vão as rezas murcham na emoção
E as saudades bebem fel na cacimba

São nostalgias que vivem de ilusão
Choram, oram, imploram recordação
Se quando no peito esquecer catimba

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

- PUNHADO DE CINZA -
soneto

Eu sou o punhado de cinza esparso ao vento
que a longitude da vida abandonou
na brancura terna, plácida do tempo,
quando o teu amor tristemente me deixou!

E quantas lágrimas em meus olhos por fim!
Ninguém mas viu brotar dentro do peito
e ninguém as viu cair dentro de mim,
afogado no silêncio do meu leito ...

Trago uma sombra profunda em meus olhos,
um vulto, uma noite, um triste entardecer,
vago e manso, que muito me põe a padecer!

Há gritos no meu corpo, tantos, tantos molhos ...
É quando a tua imagem vem poisar sobre mim
e tantas lágrimas em meus olhos por fim!

Inserida por Eliot

VIGÍLIA (soneto)

Não há graçola pelo cerrado tristonho
Distante é o olhar na sequidão erguida
Tanta melancolia, a felicidade suponho
Que contempla a relva tão adormecida

Corta o silêncio o vento na poeira trazida
Papoca secas folhas no sol enfadonho
Espalhadas no chão da irroração perdida
Ali, em craquelados plangeres enfronho

Então, vejo sozinho o deslizar das horas
Numa vigília as monocromáticas floras
Onde o tempo, lento, pousa no cansaço

E nesta vigília de quimeras fabuladoras
Tudo bordado a lantejoulas tataporas
Cravejam o céu de estrelas com lasso

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O que se deve expressar
-soneto-

O homem e a mulher são seres complexos
Trazem consigo bastante ansiedade
Suas atitudes acarretam reflexos
E castrado fica a sua liberdade.

Porque suas encadernações de outrora
Tornam-se nesta existência evidentes
Causando conflitos, transtornos no agora
Retardando a evolução dos aprendentes.

Afirma Chico Xavier sem querelas
Quando não se fala as palavras dominam
Mas quando se fala fica presa a elas

Portanto é muito importante ressaltar :
Tem momentos que as situações determinam,
Que tipos de falas deve-se expressar.

Inserida por poema_Sidney_Nunes

INVENTÁRIO (soneto)

Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta

O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises

Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia

Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TANTO (soneto)

Que importa, oh sonho! Se sonhei tanto
Se por ti, tanto e mais tanto, estou aqui
E hoje, pra não ver os olhos em pranto
Vejo o tanto de estórias que eu escrevi

Agora são meus fados, cheios de encanto
Dum destino intenso, que sonhei, e vivi
Se truncados, me foi tanto, que são canto
Cantando tanto, que tanto não esqueci

Se o passado se esvai, o futuro no entanto
É presente na minha felicidade, entretanto
A saudade dói, de não tanto, ter tanto mais

Portanto, o milagre de se ser, eu aprendi
Foi tanto amor, que nele eu tanto construí
E estes tantos na alma, nunca são demais

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ALGO MAIS (soneto)

Eu queria ir além, algo mais que quimera
algo que me abrase, que me punge, arda
e não só consuma o íntimo que acovarda
mas que tirasse o desejo da eterna espera

Queria deixar a alma no tempo acordada
Para ter vivido algo mais, mais primavera
Sem amargar solidão, sem poesia parda
Ou tão pouco, a alegria em uma cratera

Eu queria ter algo mais que um lamento
Queria lembrança de um beijo tatuado
Um olhar eternizado e não de momento

Com tão pouco de mim, e o poetar calado
Eu queria algo mais, sem um sangramento
Dum amor que não tenho... e não só desejado!

Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DUM AMOR

Aos olhos surdos, estás ainda, presente
No silêncio do cochicho, tua voz é canção
Meus versos mudos, ainda assim, emoção
E aos ouvidos, o teu vulto nunca ausente

Arrastar-me-ia, se coxo, até a exaustão
Pra ter-te em minhas palavras vorazmente
Qual tal aragem arrefecendo inteiramente
A afeição, a inspiração e o meu coração

Sem sentidos, eu te sentiria novamente
Circulando loucamente na recordação
Qual miragem num perfume languente

E sucumbido, ainda assim, em devoção
Ao teu nome, na alma eu bem contente
Versejaria e te poliria com doce exatidão

Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE (soneto)

Um segundo, não mais que um segundo
o andamento já vivido, num tal lampejo
derretido na lembrança, passado mundo
do tempo no tempo num sucinto cortejo

E neste breve segundo, e tão profundo
o antigo tornou-se não mais que desejo
duma tal recordação, em que me inundo
numa saudade que fala e na alma arpejo

Neste minuto conciso o suspiro oriundo
traz agridoce eternidade... num ensejo
pra amenizar o ser em ser moribundo

E ao final, nesta saudade em manejo
o que teve de valor foi o amor fecundo
que no sentimento... - palpito e adejo!

Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO MELANCÓLICO

Chove, embrusca o céu do cerrado
o horizonte ribomba em trovoada
nuvens prenhas, parindo gota d'agua
"cachoeirando" o telhado poeirado

Tomba galhos, ventos na esplanada
um cárcere sombrio, espírito calado
a alma com os seus ais embrulhado
contempla os sonhos em disparada

E o tempo a ver, o chão ensopado
escorrendo devaneios pela fachada
dos sonhos, em rodopios atordoado

Salpica na janela, medos em pancada
melancolia, num espanto não desejado
dos meu olhos em pranto, numa cilada...

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ALMA (soneto)

Tenho idade de um tempo qualquer
Vivo menino, jovem ou sou senhor
Neste olhar, tenho o olhar do amor
Embalado, às vezes, no o que vier

Se não vem, tudo bem, sou o que for
Adiante, radiante, serei o que quiser
Depende de mim e de onde estiver
Então, posso ser razão ou sonhador

A idade em mim nunca será mister
É estado de sentimento, um exterior
Garoto ou velho, vai do que dispuser

Às vezes amador, noutras um jogador
Porém, o corpo, não é o que eu disser
Já a alma, estará ao meu total dispor...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LINHA DA VIDA (soneto)

A linha da vida, na vida é sinuosa
Da partida a emaranhada chegada
Quimera criada e felicidade caçada
Já a morte... Ah! A morte é teimosa

E nesta estrada, a sorte misturada
Certeza e surpresa bem manhosa
Mas tudo com uma pitada furiosa
De cor e sabor, se bem aproveitada

Tal qual uma poesia em sua tosa
Irresoluta é a linha a ser traçada
Porém, é elaborada na sua prosa

E no tem tudo e no não tem nada
Há saída, entrada, espinho e rosa
Como corredeiras (vida) não fica parada...

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUTRITIVO

Se liberte por demais da vã filosofia
No fado não se tem um alvo certeiro
Tenha a harmonia, seja companheiro
Avigore o tudo e o nada sem utopia

Tudo passa, se transforma por inteiro
E nesta corredeira leve-te sem agonia
O bom da esperança é sair da galeria
Sonhar o possível, lutar como guerreiro

Vencer é armar-se de amor, ter cortesia
O generoso partilha glórias de cavaleiro
Achar-se na sombra é meta de covardia

Não te percas no efêmero, só nevoeiro
Ter, não pertence a ninguém, é fantasia
A alma se nutre do bem, do verdadeiro

Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol