Soneto da Espera
Ela é estranha. Tem olhos hipnóticos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la.
Se eu demorar, me espera, se eu te enrolar, me empurra
se eu te entregar, aceita, se eu recusar, me surra
se eu sussurrar, escuta, se eu balançar, segura
se eu gaguejar, me entende, se eu duvidar, me jura
se eu for só teu, me tenha, se eu num for, me larga
se eu te enganar, descobre, se eu te trair, me flagra
se eu merecer, me bate, se eu me mostrar, me veja
se eu te zuar, me odeia, mas se eu for bom, me beija
se tu ta bem, eu to, se tu num ta, também...
não to legal, não to, pergunto o quê que tem
tu diz ki ta tranquila, mas eu sei que tu num ta
tu ta bolada filha, vamo desembolar
se eu te amar, me sente, se eu te tocar, se assanha
se eu te olhar, sorria, se eu te perder, me ganha
se eu te pedi, me da, se for brigar, pra que?
se eu chorar, me anima, mas se eu sorri eh por voce
Você está pronto para recomeçar?
O caminho está a tua espera, pé na estrada, coloque um sonho na alma, fé no coração e esperança na mochila, a vida se enche de novidades para os que se aventuram na viagem que conduz a verdadeira liberdade.
Se eu demorar, me espera, Se eu sussurrar, escuta,
se eu balançar, segura
Se eu gaguejar, me entende, se eu duvidar, me jura
Se eu for só teu, me tenha, Se eu te amar, me sente,
se eu te perder, me ganha, Se eu chorar, me anima,
mas se eu sorri é por você
É preciso saber viver
Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver
Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
POEMAS (soneto)
Navego os poemas, linha a linha
Ergo mastros, porta e tal janela
Por ela, os devaneios donzela
Em nudez, trespassam, asinha
Nesse instante imaculado, vela
O verbo e, que no senso avinha
Onde velejo com a alma sozinha
Que esmoe olhar e dor em tutela
Nesta maré anino, e gavinha
A solidão na ilusão que fivela
Cada estória na história minha
Então, faço versos tal caravela
Navegante e, tal qual grainha
Na vinha, germino em aquarela
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março, 2017, 05'02"
Cerrado goiano
Riso
Às vezes nem precisa de motivo
É a tal felicidade que não cabe no peito e transborda
De certo sentir que "de repente do pranto, fez-se o riso"
O descontrole físico que não passa despercebido, cada passo, gesto, berro, é belo aos olhos de quem pode enxergar
O contentamento de ser o que se é, sem nem perceber
A risibilidade volátil existente na linha tênue que é viver
Implacável e maçante para quem não consegue entender que nem todo dia é dia de prantear.
Thalita
Ela entrou sem pedir nada, apenas sorriu.
E como fosse pouco, deu carinho, beijo e abraço.
E cada hora era minuto, se desfez o tempo e o espaço.
E, nos seus braços, algo de bom em mim surgiu.
Mas cada centímetro de distancia é dor, é falta.
E a ausência do teu cheiro é quase inexistência de ar.
E ela, serena, me acalma quando sua presença ressalta.
Menina dos olhos puxados, como não amar?
Abrace-me, como fez no primeiro dia.
Me enlace como se não houvesse outro dia.
E a cada dia eu sei que por você tenho mais desejo.
Pois quando estamos juntos somos apenas um.
Me diga, como não amar uma pessoa tão afetuosa?
Meu anjo, meu bem, antes de dormir, meu beijo.
ESQUIVAMENTE
Pensar é uma virtude pensativa
de quem pensar resolve em pensamento,
discernindo, pois tem discernimento,
e agindo, ativamente, na passiva.
Parece que pensar é coisa viva
que atinge por si só o seu intento,
porém, se de pensar morre o jumento,
pensarei em pensar de forma esquiva.
Eu penso, logo existo, diz contente
quem não existe mais pois já não pensa,
e, mesmo estando morto, está presente.
Pensar não é tão mau, mas é doença
se alguém põe-se a pensar constantemente,
e penso que pensar não me compensa.
Marcos Satoru Kawanami
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CHORO A VENDA
Vende o choro da esperança
lagrimas expelida a banho
vende o avanço da medicina
em gotas soltas de sonho.
Compra um canto de um canto
de um amor belo encantado
compra felicidade com encanto
e paz reinando a todo lado.
Compra as flores do arrebol
com lenço branco exposto ao sol
dadiva de luz, sem nostalgia.
Compra a energia do universo
junto à poesia rimas e versos
e felicidade expressando alegria.
Antonio Montes
Ninfa justiceira
Sou ninfa justiceira das matas selvagens
Sob o cajado da justiça os olhos da águia
Ao instinto de um lobo no ato das imagens
Nos passos de uma onça que me faz guia,
Sobre a devoção da força de um tigre, vou!
Nos passos que descanso meu pé no chão
Aos malfeitores de dores meu forte não;
Minha sentença de ninfa justiceira dou!
Depois de dez olhos mirados no tempo,
Condeno até ao mínimo vil pensamento
Sem a sombra malévola, tudo fica limpo!
E depois das matas a cidade de pedra
Na metrópole posta - me guardiã o vento
As feras na simbiose em mim se faz Esdra!
Perfume de infância
O perfume no jardim
Espalhou o jasmim
Brincando por ali
Logo o perfume senti!
Que infância bela,
Tínhamos eu e ela!
Eu e meu pé de flor
Cúmplice de amor!
Eu dizia assim:
- Flor de jasmim,
Traz um príncipe pra mim!
O jasmim me ouviu
Um príncipe me buscou
E a bela flor por lá, só ficou!
seduza com sua mentalidade,pois o corpo é muito barato.
tão barato que pode ser negociado,
pois há quem o trate como um prato
suje como fazem os ratos
já estamos num grande cardápio
use um osciloscópio
tome um pouco de ópio
sinta o êxtase onde não há energia a compartilhar,
somente peças a desembrulhar.
seduza com sua mentalidade, pois é o único lugar onde ainda há liberdade. pois do corpo já somos prisioneiros,
feito porcos num chiqueiro.
do corpo somos julgados, até sermos abusados.
do corpo somos rotulados, até sermos pós-graduados.
não há sensibilidade no coração da sociedade
não há demagogia num peito em hemorragia
seduza com sua mentalidade de tal modo que não importe sua idade.
de tal modo que esconda toda futilidadediante de toda a superficialidade.
mais barato que o corpo ainda é uma mente que não enxerga igualdade.
é uma mente em efemeridade.
TOCAIA (soneto)
Dói-me esta constante tal espera
do que já não mais tem donde vir
que o desejo insiste em querer ir
aguardando na ravina da quimera
Doí-me uma dor insana, há existir
a cada alvorecer duma primavera
da ausência, da saudade, sem era
e do que não se tem, e quer pedir
Dói! O tempo a passar, eu quisera
poder nele estar e ali então devir
chorar, alegrar... ah! se eu pudera!
Como eu não sei como conseguir
a tocaia no peito se torna megera
e a alma romântica se põe a fingir
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 15 de julho
Cerrado goiano
DESPREZO (soneto)
Quão dor eu sinto, pelo desprezo
onde espera palavras num abraço
olhar no olhar enleado por um laço
e por vezes se tem o pesar aceso
Procuro então respirar, assim faço
nesta incisão, sair dali sendo ileso
do que cortês nele eu me ver adeso
ferindo o ser dum conforto escasso
Se leve ou reles, nos faz indefeso
é crueldade que só traz embaraço
Será que sabes deste agravo teso?
É complicado todo este compasso
do afeto em luta e ao bem coeso
quando o amor no amor é fracasso
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Soneto Desesperançoso
Oh, quem dera sair desta esfera!...
Poder ir adiante e ver o que me espera.
Oh, como almejo a sorte de poder entender a morte!
Quiçá imagino nem morto tal sorte...
Ah! Pudera eu, avocar a mim os segredos de minh’alma!
Calar esse macabro rangido, estridente que não encontra a calma.
É numa latrina que contrito componho estes versos
É aqui esturrado que tento interpretar meus “eu” complexos!
Estrepo-me com esmero — não me admito desvelar!
Confunde-me pensar não mais poder-me ilibar...
Não há indulto... ao final sinto terminar neres...
Em descalabro às ruas vou passando sempre um estranho
Sinto, não há liberdade — o mundo não é tamanho!
Espero senhor Deus, agir um dia como queres!...
CAMINHANTE (soneto)
Há no tempo um momento de grandeza
que é o de espera e de um saber bendito
tudo passa, e a alma não mais fica presa
voa, e o sentimento regressa ao infinito
Um tal mistério do viver e de surpresa
estala a felicidade, do outrora tão aflito
rasga-se o amanhecer em ventura acesa
e da dor sentida, esvaem-se em um grito
Há no amor outra chance aos amantes
cada dia é mais um dia a um novo dia
e a sensação de perda se torna em vão
porque, entre desencontros soluçantes
terá aquele olhar tão cheio de harmonia
que irá trazer o esquecimento ao coração...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/01/2020 – Cerrado goiano
REMORSO II (soneto)
Às vezes, um poetar me espera
E os amores e temores infando
Me padecem, doem, até quando?
E assim, em branco vai a quimera
Inspiração, emoção, vou sufocando
N'alma, sem a doce ventura sincera
Oh! Como este gozo no poetar quisera
Mais suspirar, viver e amar trovando!
Ah! Quão dura é a vera realidade
Desespera, ao encarar a vetustez
Te traz remorso e tira a suavidade
Das paixões que deixei por talvez
Da timidez do olhar na oportunidade
E dos versos quererem só a lucidez!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/08/2019, 06'55"
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Soneto da distância
Quando dois corpos querendo se tocar
E a distancia o fazem separados
Esperam o ansiosos o tempo passar
E acalmar os corações atribulados
A esperança o fazem acreditar
Que ao fechar os olhos serão confortados
Isso os farão relembrar
Que quando ama não esta isolado
Assim, quando a noite chegar
E a solidão não te fazer bem
E no céu só restar o luar
Sei q vai olhar pro céu
E estarei olhando pra lá também
E estaremos unidos por um mesmo véu