Somos todos
Somos todos escravos de nossas paixões.
Enquanto continuarmos a alimentar toda a tagarelice interna e não tentar compreender que isso é que nos ilude na verdade do nosso caminhar, ficaremos presos nessa roda do samsara.
Vivemos em um mundo que julgamos os hipócritas, mas na realidade somos todos farinha do mesmo saco. Alguns só passam dos limites.
Se Deus é a vida,nós também somos parte de sua vida...somos todos seus filhos,criados para evoluir...assim como o Sol nasce todos os dias,da mesma maneira, morremos e nascemos de novo...tal é a lei do universo.
Somos todos loucos.
Cada um só tem de perceber para que lado está inclinada a sua loucura e usa-la à favor do bem comum.
Ninguém deveria se imputar um representante do bem contra o mal, na consciência de que, somos todos juízes do comportamento alheio, mediante às nossas convicções do certo e do errado.
O que existe são apenas olhares e atitudes diferentes perante uma mesma situação.
Nessa premissa, se as atitudes do outro, por mais que sejam inaceitáveis para você, não alteram a sua conduta, quem você é na essência, resta uma única certeza: você não é superior ao outro, simplesmente, não se perdeu na luta e venceu a si mesmo.
Somos todos Achiles.
Heróis de nossas batalhas pessoais.
Aclamados e também objetos de cupidez, laureados muitas vezes. Mas não devemos nos enganar.
Por mais rebelde, sempre haverá o momento de nos entregarmos à docilidade, pois não há alma, que não a deseje em seu íntimo.
As religiões são muitas, a razão é uma, somos todos irmãos.
Não existem pessoas certas.Somos todos imperfeitos em busca de alguém que seja nosso aliado em busca da perfeição.
Todos seremos destruídos por ti,
Deusa!
Somos todos irmãos. Em ti, afinal, irmãos!
Somos agora tristes, dóceis, filiais,
deixando-nos devorar por tua fome,
ó Deusa! ó Morte!
Mas pairamos com asas inolvidáveis
acima de tuas chamas.
(Inspirado na Ilha das flores de Jorge Furtado)
Somos todos iguais
José Carlos era médico e atendia seus pacientes no centro da cidade. Genilson era baleiro e vendia sua mercadoria em uma barraca na frente da portaria do mesmo prédio em que o doutor tinha consultório.
Os dois homens cumprimentavam-se todos os dias e às vezes o médico parava para comprar algumas balas e conversar um pouco.
O vendedor tinha um filho com problemas de saúde e pediu ajuda ao doutor, que o mandou levá-lo ao seu consultório, onde que daria uma olhada sem custo. O homem, emocionado, tentou beijar as mãos de José Carlos que recuou dizendo que não havia necessidade de agradecimentos, que era médico por vocação, honrava o juramento de Hipócrates e que para ele todos eram iguais. Genilson, não entendeu bem, mas ficou feliz.
O médico saía pela porta dos fundos todas as vezes que a secretária informava que o vendedor o estava esperando com o filho, mandando que dissesse para voltar outro dia.
Hipócrates foi um médico grego que viveu antes de Cristo e foi considerado o pai da medicina ocidental. Acredita-se que o juramento tenha sido escrito pelo próprio Hipócrates ou por um de seus alunos e é feito pelos médicos, tradicionalmente na ocasião da formatura, onde juram exercer a medicina de forma honesta e que o bem-estar do doente estará sempre em primeiro lugar.
O vendedor não desistiu de levar seu filho ao consultório e um dia foi finalmente atendido. O doutor o examinou, fez umas perguntas e doou algumas amostras de medicamentos vencidos, que estavam separadas para serem descartadas. O baleiro não se importou com a data de validade dos remédios. Sentiu-se muito grato e no dia seguinte, pela manhã, voltou para deixar de presente um pacote da melhor bala que tinha em sua barraca como agradecimento.
Remédios fora da validade podem não ter efeito ou fazer mal à saúde causando danos piores que os da doença original. Não devem ser consumidos em hipótese alguma por ninguém.
Os remédios considerados pelo médico como inapropriados para os clientes que frequentavam seu consultório foram colocados à disposição do filho do vendedor de balas. Um médico é o profissional que cuida da saúde das pessoas e que, para tanto, precisa jurar exercer a medicina de forma honesta e tratar todos os seus pacientes de forma igual.
O que diferenciava o baleiro e seu filho dos outros clientes era o fato de não possuírem dinheiro. E o que os diferenciava do médico era acreditarem que ele tratava a todos como iguais.
Bia Tannuri