Som Alto
O melhor amigo é o mais alto grau de amizade, torna-se um irmão pelo predicado da afinidade espiritual, — é "unus inter pares": unus , não primus .
Não importa onde estamos…seja à beira de um lago, no alto de uma montanha ou parados na estrada. O sol sempre encontra um jeito de nos lembrar que a beleza está nos detalhes.
Do alto da escada, ela o fitava, firme.
Ele, no entanto, mantinha os olhos baixos,
perdido entre palavras que não vinham.
Foi ela quem rompeu o silêncio,
com voz embargada pelo choro,
mas certa do que precisava falar:
— A verdade.
Eu a encontrei nesta noite.
Ela veio até mim…
E falou comigo.
PALAVRÃO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Xingaria o mais alto que pudesse,
pra quebrar os andores do poder
com a fúria do verbo e do seu eco
nas tocas das excelências.
Nos covis das majestades.
Nas tocaias da hipocrisia
dos que dominam por lei
ou por farsa e graça
da liturgia.
Eu queria gritar o palavrão,
pra ferir os ouvidos do político,
do jurista e do sabiocrata,
do mandachuva cristão,
de todos os que se arrogam
donos das virtudes
e da verdade.
Por sobrevivência ou medo,
Xingo baixinho; em segredo:
Honestidade... honestidade.
QUANDO CAIO EM MIM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Caio em mim quando penso que voo mais alto;
não há céu que sustente a pretensão do ser,
nem há palco pra todos os egos do mundo
espremidos no peito da mesma pessoa...
Quando caio me arrasto e me vejo no espelho
dessa mesma verdade que a todos rodeia,
numa teia mais forte que todas as grades
detentoras ferrenhas de olhares em fuga...
Solidão predadora nos acha e traslada,
não importa em que festa nosso eu se oculte,
quanto fogo se avulte na soberba humana...
Tudo mostra meu nada quando caio em mim;
vou ao fim dessa história que julguei escrita
e começo de novo pra novo errar...
BECO SEM SAÍDA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
É preciso saber calar bem alto
e ouvir com fluência; desatado;
dar um salto pra dentro e se deixar
parecer embrião no próprio ventre...
Pode ser muito bom surrar espelhos
ou gritar nas cavernas, ouvir ecos,
dar conselhos ao vento em plena curva
onde o beco não acha uma saída...
Não invente que os outros comprarão
sua boa intenção, seu bom motivo
nem os seus atestados de verdades...
Todo mundo está cheio de razões,
ninguém tem uma vírgula de falha
quando faz redações sobre virtudes...
MORTE E VIDA MIRINDIBA - "Relenda"
Demétrio Sena - Magé
No alto do Mirante do Bonfim em Magé, na baixada fluminense, existiu uma tribo na qual uma índia deslumbrante, chamada Mirindiba, era muito amada por todos. Mirindiba era filha do Pajé. Já eram tempos de colonização, Portugal (país descobridor do Brasil) já estava em pleno desbravamento da ilha de dimensão continental descoberta, e muitos portugueses logo descobriram Magé. Nessa descoberta, um jovem português avistou Mirindiba, foi avistado por ela, e ambos se apaixonaram perdidamente. Vencidos o estranhamento de natureza étnica e a timidez, ambos não demoraram a estabelecer contato mais próximo e a namorar. Tentaram manter segredo, pois Mirindiba era prometida a um jovem índio de outra tribo, mas as árvores, assim como as paredes, têm ouvidos. O pai de Mirindiba soube do romance, chamou a filha para uma conversa e explicou que seria obrigado, por tradição local, a lançar uma maldição sobre a filha, se ela insistisse no amor proibido. Mirindiba não respondeu sim nem não. Manteve silêncio e arranjou uma forma de marcar um encontro com o jovem português, no ponto mais alto do mirante, para um plano de fuga. Talvez Mirindiba tenha duvidado que seu pai lançasse a maldição. O que ela não sabia é que a maldição era prévia e já estava lançada, para o caso de haver desobediência. Mal chegou ao local do encontro, naquela tardinha chuvosa, a jovem índia sentiu seus pés criarem raízes e começarem a afundar. O solo cobriu até suas canelas, o corpo da jovem foi se tornando um tronco grande de árvore e seus cabelos logo se tornaram uma bela fronde, com folhas desconhecidas na época. A árvore ali reinante se fez tão bela e diferente, que era impossível não identificar Mirindiba, mesmo ela tendo sido completamente descaracterizada em seus pormenores de humanidade visível. Ao chegar ao local do encontro, o jovem português a reconheceu imediatamente. Sentou em uma de suas raízes sobressalentes e chorou; chorou muito; a noite inteira. Tanto, que seu corpo se derreteu junto ao choro, se misturou ás águas da chuva e ajudou a irrigar a árvore com uma essência tão especial, que Mirindiba se tornaria extremamente longeva, centenária, quiçá imortal. O pajé, pai da índia, também morreu logo depois, de puro desgosto, longe dali. Ele amava sua filha, mas a maldição era inevitável e tinha que sair dele, mesmo que a sua boca se fechasse. Até hoje, Mirindiba pode ser vista como uma bela árvore que se destaca no ponto mais alto daquele mirante. Mirindiba é de Magé. Do Mirante do Bonfim.
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Nota: Lendas não têm autor/autora. Brotam no imaginário popular e se tornam imortais por tradição oral. Mas também ganham versões diferentes, especialmente na literatura. As redações (ou releituras), estas sim, têm autores ou autoras. Anos atrás dei uma redação em versos a esta lenda, publiquei no livro MALDIÇÕES AMORES E CRENÇAS, que lancei com Benedita Azevedo, e agora fiz redação em prosa, mais uma vez para enriquecer a narrativa da lenda mais popular do Município de Magé.
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#respeiteautorias Isso é lei.
Uma gaivota planando alto, absorta no cotidiano hábito de voar...que coisa mais linda e mais sábia. Cada um fazendo o que sabe de melhor, com amor e dedicação. Isso é viver.
Que os nossos corações se alegrem diariamente com a beleza que resplandece do alto ao cair da noite tanto quanto ao amanhecer.
E longe estando,
não sei se fui,
do alto vim,
ou para lá irei,
mas de uma coisa
eu sei,
por falta de saber,
adoro-te
desconhecido céu.
Passageiros,Ofensas de Ofício
Se alguém me ofender, procurarei elevar tão alto a minha alma, de forma que a ofensa não consiga me alcançar!
Se não fosse assim, seria de outra forma. Se não fosse agora, seria bem depois ou amanha. Se não fosse esse ano, seria em algum ano qualquer.
As três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo.Responder à ofensa com ofensa, é lavar a lama com a lama.O escândalo do mundo é o que faz a ofensa,epecar em silêncio não é pecar totalmente. Ser ofendido, não tem importância nenhuma, a não ser que nos continuemos a lembrar disso.Fazer grande estardalhaço a propósito de uma ofensa de que fomos vítimas, não atenua o desgosto, mas aumenta a vergonha.
Alpendre da Varanda
Vive
No mundo
Da lua
Na certa
Não tem
Pé no chão
No alto
Cabeça
Pra baixo
Do mundo
Tem outra
Visão
Na estrada
Ao contrário
De todos
O resto
Na
Contra mão
Um olho
Na trilha
Mesmice
O outro
Caminha
Por si
“Ilusões
Visões
imenso
Segredos
Que
Não tem
Fim”
Na Cancela da Porteira
Na batida
Da cancela
De chegada
De saída
Lembranças
Falando alto
Na batida
Da cancela
Onde a dor
Aprende
A doer
Saudade
Finca
Plantão
No silêncio
Da cancela...
Diante aquela porteira,
Na subida da pedreira
Bateu triste certo dia
O sol ia descambando
Quando ela despedia
Ele partia para a guerra
Na porteira ficou ela
Vendo ao longe ele sumir
A porteira foi fechando
Duas vidas separando
Para um dia se unir
Já não ouço suas batidas
Seu triste rangido lembranças me traz
Chegue hoje ou agora
Não se avexe meu fio
É sentá e assuntá
Salto Alto
Três coisas em demasia e três coisas em falta são perniciosas aos homens: falar muito e saber pouco; gastar muito e possuir pouco; estimar-se muito e valer pouco.
A Ucrânia é o mais vasto território de uma país inteiramente em solo europeu. Sim, a Federação Russa é muito maior, porém concentra seu território na Ásia. As relações entre Ucrânia e Rússia são tensas há séculos. Os czares tentaram impor controle político e cultural sobre os ucranianos. O governo soviético provocou uma fome terrível, o Holomodor, com milhões de mortos. Isso explica que os invasores nazistas tenham sido saudados como libertadores por uma parcela da população ucraniana. Muitas vezes, populações russas foram deslocadas para o território ucraniano. A existência de grupos russos (deslocados ou tradicionais) agravou velhos conflitos. O presidente Putin mantém uma prática antiga de conquistar estados vizinhos ou torná-los satélites de Moscou. Velha tradição de fazer um “cordão sanitário”. Esta é uma descrição breve do passado. Infelizmente, há vítimas no presente. A imbecilidade humana me entristece.
Mudez
Mudo, mas não mudo muito
Na esquina da cortina ao alto mar
Me vejo
Desejo de ser e tocar de vidro frio
Do horizonte cheio de montes baixos
Desembrulhar-me e ser eu
E raspar a tinta
Como os que me pintaram os sentidos
Nas grandes cidades
A vida é mais pequena
Na cidade, as grandes casas fecham
A vista e à chave
E as flores são cor da sombra
E tornam-nos pobres,
Porquê a nossa única riqueza
É ver.
O Fantástico Acrobata
Vive
No mundo
Da lua
Na certa
Não tem
Pé no chão
No alto
Cabeça
Pra baixo
Do mundo
Tem outra
Visão
Na estrada
Ao contrário
De todos
O resto
Na
Contra mão
Um olho
Na trilha
Mesmice
O outro
Caminha
Por si
A Febre
Toda convicção
É uma prisão
E
Nenhum preço
É alto demais
Pelo privilégio
De ser si mesmo
De uma maneira
Ou de outra
Estamos equilibrados
Na borda
Do para sempre
Em uma mistura
Inflamável
De ignorância e poder
Onde o mundo real
É muito menor
Que
O da imaginação
"A Constante da vida é
aculturar-se com alto grau
de consciência para reduzir as opções, melhorando as escolhas e decisões".
"Antes eu virava a página,
agora eu queimo o livro.
Mesmo que eu pague um alto preço.
Pois, aprendi que eu,
meu reverso,
eu estou em outro nível."