Solitude e Solidão
Hoje não escrevo sobre nada,
nem amor,
nem paixão, muito menos
mulheres.
Ainda que não escrevo hoje,
escrevi ontem
e provavelmente escreverei,
amanhã.
Se ele chegar.
Sempre chega,
de algum modo ou de outro
ele virá.
Talvez não pra mim,
mas pra você
que estás a ler,
meu poema de hoje.
Somos pequenas imensidões, nos isolamos, nos fechamos em nós mesmos e esquecemos como o outro é tão profundo quanto o nosso proprio ser.
Autor: Douglas Almeida Vergilio
Uma vez uma pessoa me fez conhecer a liberdade de uma forma que nunca conheci antes, e que não se compara nem com a liberdade de se estar sozinho.
Padrões repetitivos, estereótipos, ninchos fomentadores de egos, redes sociais, grupos, caixas agrupadas, previsibilidade.
Todos estão nessas perspectivas de vivência na sociedade.
Pessoas ditas "fora dos padrões" também formam um padrão. Eu entendo, todos querem pertencer algo, ter afagos, elogios, jogos comportamentais.
Sair da matrix é algo doloroso e extremamente solitário, mas quem sabe também não exista um padrão nisso? Apenas difícil de ser identificado à primeira vista.
Ontem fui caminhar sozinha à beira-mar. O entardecer estava curiosamente especial, o sol levemente me tocava a pele com seu calorzinho, e o vento trazia um frescor necessário para manter a temperatura agradável. É interessante observar as pessoas correndo, caminhando com seus cachorros, jogando vôlei na praia, deitadas na areia tomando uma cerveja, ou lendo um livro. As crianças brincando como se não houvesse amanhã. Sentei-me em meio às pedras para escutar o mar, as ondas quebrando nas rochas, e senti aquele momento, à paisana com minha solidão. O que será que ela poderia me dizer daquela experiência única da minha vida?
Foi quando algo no mar me chamou a atenção. Um pássaro se divertia mergulhado no oceano. Apesar de poder voar, ele se permitiu estar em meio aquele plano. Analisei e senti profundamente aquele momento. Ele, inteiramente sozinho, não havia nenhum outro pássaro por ali, mergulhava e depois voltava a colocar sua cabecinha para fora. Talvez procurando por algum peixe, ou somente para se divertir em meio às águas, parecia tão entretido em seu objetivo. Às vezes, vinham ondas bravas e o mar ficava mais revolto, às vezes ele somente ficava a boiar no mar tranquilo. E mergulhava e voltava. Por alguns momentos se permitiu ir mais longe e mais a fundo, e às vezes voltava próximo às pedras para se assegurar de não se perder no caminho. Ele parecia tão despreocupado, tão sozinho, mas tão cheio de vida, apenas sentindo o movimento do mar, a dança das águas, e o entardecer a chegar. Poderia ficar por horas ali, só a observar.
Foi aí que parei para pensar. Alguns animais vivem suas vidas inteiramente solitários, como é o caso do lobo-guará, do urso polar, ou do ornitorrinco. Aquele pássaro poderia até viver em bando, mas naquele momento permitiu-se cuidar de si mesmo sozinho, a se aventurar. De vez em quando, a vida irá nos trazer momentos assim. E é preciso parar para refleti-los, pois acredito que a vida nos traz aquilo que realmente estamos carecidos. É preciso colocar nosso barquinho no mar, e passar pelas tempestades, fortes ondas, ou aproveitar os momentos de calmaria. Em nossa própria companhia. É preciso descobrir-se em nossa profunda força, nossa inteligência e capacidade de nos cuidarmos, e de nos revelarmos a nós mesmos como seres únicos e singulares que somos. Gostamos de cuidar dos outros, mas é tão difícil cuidarmos de nós mesmos com o objetivo de exclusivamente nos agradarmos de nós. Estamos sempre precisando de um motivo exterior, ou de um movimento de outrem, de um elogio, ou incentivo, estamos sempre querendo dividir-nos. E assim, nunca nem nos construímos, nunca nem escutamos as nossas próprias necessidades, ou o nosso próprio coração. Vivemos, muitas vezes, aos pedaços, ou levados pelo deslocamento das multidões. É necessário nos entretermos de nós mesmos, rirmos de nossos tropeços, ou nos alegramos de nossas vitórias. Sem precisar dos aplausos de alguém, pois duas mãos já podem se tocar e produzir o som de nossa própria aprovação. Mergulhados em nosso mar de solidão, podemos traçar nosso próximo plano de voo, mais direcionados e conectados com o profundo de nosso próprio coração.
Sem a coreografia dos lábios e o encanto dos sorrisos as palavras se distorcem, só ouvimos murmuras e mesmo mergulhados nas profundezas dos olhares continuamos sem compreender ninguém. A solitude, que outrora representava caminho da autodisciplina, hoje é uma fortaleza para aqueles não sentem mais nada. Esta onda, justificada pela censura fisicamente imposta, nos envolve em um magnético e denso silêncio que só aumenta. Já não ouço mais nada, nem mesmo as vozes que antes insistiam em sair… parece que tudo se resume em vazio agora.
Nós somos os que esperam por ninguém na estação da vida, voltamos sozinhos para casa com as mãos nos bolsos do casaco em meio à neblina fria que cai no fim da tarde.
Por mais que você imagine estar sozinho(a) e se sinta insignificante, há sempre alguém que lhe admira e o(a) tem como exemplo. Portanto, você é muito especial.
Quarentena: dia 431
O recado do tempo é desacelerar: se a pademia tivesse durado apenas seis meses ou um ano eu teria retornado "ao normal" como se não houvesse amanhã, tirando o atraso do isolamento, talvez.
Fique Zen, adapte ao seu "né me quitte pas" ou se deixe raptar para uma cama boa.
Mas, o que fazer com as bactérias em formato humano que ficam mais evidentes e fazem par com o vírus pandêmico espalhando dissabores? escolha não associar-se a eles, modo soneca neles até que se autodestruam, fodam-se entre si, redundatemente, os maus darão sempre no próprio peito o último tiro. Paciência!
Não é sobre cessar fogo, é sobre nunca ter dado o primeiro ou segundo tiro e apenas desviar-se dos ataques.
A solitude é o azimute da vez e é preciso ficarmos bem de corpo, mente, consciência e alma consigo até que venha a nova era pós pandemia, com novas surpresas.
Só por hoje atraversiamo, acreditando na loucura da alegria e da paz, com ou sem voz!
Agora acho que entendo o porquê de certas pessoas encontrarem preferência em bichos de estimação e hobbies do que em romances e relações interpessoais: a frustração é menor.
"Quando aprendi que ser só não é estar abandonada, e que pelo contrário, é minha verdadeira e única forma humana, os medos se dissiparam, tudo ficou claro e eu me tornei uma mulher mais focada e feliz. Hoje vivo em solitude".
Já não sei
o que dar
para esse mundo
nada é de graça
nem
o que
vem
ou o que
vai.
Tudo
tem um
preço
alto
principalmente as
coisas que
mais precisamos.
Tudo tem
um preço exorbitante
que exige
de nós mais
do que podemos
pagar
como
o
amor.
A maioria das pessoas
preferem mentiras,
ás duras realidades
que o mundo está disposto
a ensina-las.
A negação,
é o principal fundamento
da vida falsa que levam,
e continuam negando.
Estar sozinho por um tempo é um mal necessário. Você passa a rejeitar lidar com pessoas, pois percebe que nenhuma companhia é tão pacífica quanto a sua própria.
Horrível perder as pessoas que você ama para Thánatos, porém muitas vezes pior é perdê-los definitivamente ainda em vida.