Solitário
CONSELHOS....
Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo
Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso
Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo
Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro
Aniversário
No dia do aniversário
Com o passar dos anos
Pensa-se estar solitário
Então, a vida, frusta seus planos
Com beijos, palavras em cortejos e abraços
Tirando este dia do cotidiano
Reatando o viço dos laços
Para nos fazer soberanos
Unindo a felicidade em pedaços
Num todo, nos fazendo vários
Numa corrente de amor e regaço
De lembranças e gestos solidários
Nesta mais uma comemoração
Da vida, de um novo itinerário
De afago e olhares do coração
Em coro desejando Feliz Aniversário!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Fevereiro, 27 – 2016 - Cerrado goiano
ENTÃO SOMENTE
Encontraste-me, e eu um verso triste
Um escrito solitário e amargo estava
Pela minha emoção a aflição passava
Com tristura que na teimosia insiste
Riste, meu semblante dor sussurrava
Como quem só no desengano existe
Sem gozo, e no próprio pesar fruíste
Aonde a minha alma se via escrava
Amei-te mais, quando tu não hesitou
Quando do amor era, então somente
Amor em minha carência, me amou...
Quando me deste presença, veemente
Quando junto a mim agruras suportou
misericordiosissimamente.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/12/2021, 17’36” – Araguari, MG
paráfrase Guimaraens Passos
VAZIO,
No vasto vazio das estradas da vida, viajo solitário, residindo dentro de mim mesmo, derramando lágrimas ao lembrar que vivo distante de alguém que tanto amo. Já não possuo mais lágrimas para chorar, enquanto a saudade insiste em se solidificar em meu peito. Quando ouço um eco ecoando no infinito, penso que é o seu grito querendo se comunicar comigo. Porém, logo me acalmo e percebo que meu peito está vazio, já não existo dentro de mim, então não importa se é vazio ou eco, ninguém conseguirá preencher essa lacuna na minha alma, somente você poderia preencher esse vazio que reside dentro de mim.
Ando como quem busca encontrar pela vida um coração que possa me amar
Ando solitário por caminhos estes caminhos por onde ando caminhos da vida
Acreditado no amor com esperança quem sabe a sorte por pena me leve aos braços de quem possa me amar
Eu caminho como peregrino
Pela vida em busca de um amor verdadeiro que possa me amar
Sigo só até que pela estrada da vida
A minha amada eu possa encontrar.
Ele é solitário e vago sem ânimo
Nostálgico
Sai pra beber e afogar-se entre goles e tragadas
pra esquece o que já se perdeu a muito tempo
Melancólico perambulando entre as ruas mortas da cidade adormecida ,ele anestesiado
Pela solidão se perdeu no tempo
Frio como a noite empurra sua alma escura e cadavérica
Sem medo sai todas as noites em busca da morte
Em goles e tragadas
O pensamento lhe abandonou
Vive por osmose
Inércia
A dor é seu vício
A droga uma prisão prazerosa
A solidão sua condição
Ele pede em seu fragmentado pensamento como uma prece que está seja sua última noite...
O vício
Mais que tempo, se perde vida achando que o egoísmo leva a algum lugar. Todo egoísta é solitário e haverá uma hora que só terá do que se lamentar.
Soneto nostálgico
Solitário passei a falar com a solidão
A lua passou a me ver amanhecer
E o brilho do sol a me ver anoitecer
Então o repesar instalou no coração
Via a noite, as estrela e a escuridão
Na comitiva o ontem, hoje o porvir
Tentando comigo alvos para sentir
E nos cochichos nenhuma questão
As lágrimas não mais querem falar
Para que chorar, naquele momento
O vazio é quem veio em mim poetar
E neste total silêncio do pensamento
A viga do tempo e que veio escorar
A saudade, pois o fado é seguimento
Luciano Spagnol
Sozinho sim, solitário não
Ausência no amor
Escassez no sentir
Verso pleno de dor
Exiguidade no sorrir
Pouquidade no olhar
Privação no coração
Falta no se doar
Sozinho sim, solitário não
Essências outras têm o gostar
E abundante é a emoção...
Teoria de amor
Na noite solitário já chorei
Naquela música emocionei
O tom de tua voz lembrei
E vi que assim me apaixonei
Na solidão já fui peão
Da dor eu fui escravidão
Do sorriso apenas irmão
E vi que das falas fiz canção
No medo eu já me perdi
Por um alguém eu já sofri
Tal ligação eu não atendi
E vi que muito tinha por vir
Nas juras prometi eternidade
Me encontrei em falsidade
Dos beijos eu tive saudade
E vi que muito era brevidade
No vasto e pouco eu tentei
Alguns momentos eu odiei
Outros fui magoado e magoei
Amei, fui amado, e não amei...
Passo a passo
Eu vim passo a passo errando
Parei no cerrado, hoje solitário
Chão árido, místico templário
Me vi na sorte contemplando
Então pus asas no imaginário
Em vagidos ocos, murmurando
E como peregrino venerando
Em silêncio, orei neste sacrário
E assim o meu poetar ficou perdido
Entre sonhos aos sons estradivário
Devaneando em suspiros indefinido
Já fiz o que vim fazer, involuntário
Fui nobre reverência e saio provido
A alma cheia de um amor solidário
Luciano Spagnol
Maio, 24 de 2016
Cerrado goiano
SAUDADE SEM DESCULPA
Tão igual quanto saudosar alguém
é sentir-se solitário acompanhado
estar rodeado e na alma isolado
ter do lado lembranças sem ir além
A saudade só importa se ela provém
dum amor contente do ser amado
retribuído no mesmo quilate doado
aquele que fala a influência do bem
Mas se o morno é a têmpera e peso
a dor da ausência um simples acaso
e os lamentos ruídos sem real culpa
Com certeza o coração não está aceso
o olhar vai se encontrar no tal descaso
e a saudade no sentir falta, é desculpa
Luciano Spagnol
24/06/2016, 14'14"
Cerrado goiano
SONETO DA SOLIDÃO
Eu estou completamente solitário
Passa o dia, vem a noite, agonia
A tarde entristece, cinzenta e fria
E eu aqui no cerrado, destinatário
O por do sol, de belo, virou nostalgia
Numa clausura da saudade... Unário
Eu, vejo o tempo não mais temporário
Tal folha de outono sem a autonomia
Nesta sequidão aumenta o itinerário
Do místico e algoz retiro em infantaria
Avançando firme, sendo um breviário
A solidão na vida, tornou-se relicário
Onde o tempo ora neste árido sacrário
Em cadência nas contas da melancolia
Luciano Spagnol
30/06/2016
Cerrado goiano
No dia em que sozinho, sinto solidão
o meu poetar só, poeta solitário
um novo poema saído do porão
da alma, num ermo cenário
da imaginação em evazão.
Então, debruçado no vazio temerária
da concepção,
a retraída inspiração, versa unitário...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
CLAUSTRO
No silêncio do claustro solitário
Do vazio acerado desta morada
Numa vastidão da noite calada
Sombria aflição urde o cenário
Nele vagueio, e levo vergastada
Da tristura, desfiada num rosário
De lágrimas, sem um destinatário
Em cinzas de uma época passada
Na cíclica ladainha do fado vário
Aí, rezada em oração desfilada
Os ás da solidão do proprietário
E pelo claustro, a lacuna é criada
Em saudades, ausente no sacrário
Silenciado em uma muda fachada
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
CANTO (soneto)
Na janela pro cerrado, solitário
O apressurado vento na fresta
Amigo de exílio, o meu cenário
Sibila, e teu sibilo me molesta
E, lá no ipê, alto, canta o canário
Ouvindo o canto de sua seresta
A saudade crê, no extraordinário
A alegria, no som, a alma atesta
Mas, poucos ouvem o meu dia
Calado e frio, numa poesia fria
Ajuntando o meu aflitivo pranto
E neste choro, um choro estridente
Que me faz chorar tão incontinente
Muitos pensaram que é meu canto
Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano
QUIMERAS DOLOROSAS (soneto)
Estou solitário no cerrado sem cores
Nas lembranças tristuras guardadas
No peito vis nostalgias desmaiadas
De sortes desfolhadas e sem flores
As tardes de mesmices requentadas
Que a solidão arrefece aos arredores
Enquanto vão esgarçando as dores
Perdidas saudades hão em toadas
Quantos gemidos, quantos valores
Por estarem dolorosas nas ciladas
Largam as quimeras nos bastidores
E nas presunções alheias, estacadas
Que fazem da condição só temores...
Me vou arrastando entre vergastadas!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
APENAS POETA
O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante
Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente
As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante
A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
DESAFIO (soneto)
O meu fadário é devanear solitário
Ter o cerrado a desfolhar no olhar
Sonhar acordado e no mesmo luar
Ficando no tempo, noutro cenário
Onde a solidão nunca sabe esperar
Eu só tenho a saudade num sacrário
Anexo ao coração num pulsar diário
E lágrimas em um soluço sem parar
Oh, uivo árido, trove tal um canário
Os meus versos, e a ela vai revelar
Cada vazio aqui falante e tão vário
Por favor, acaso, pare de me tragar
Faça-me nos beijos dela um erário
E novamente no teu amor eu amar
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
O solitário,
pasmo da descoberta
conduziu-se de poeta
e, tentou salvar
a sua solidão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
10/06/2019
Cerrado goiano
Paráfrase Sérgio Santal