Solitário
Quero viver nos meus planos finais como um artista solitário e recluso. Um selvagem eremita entre flores; florestas e montanhas.
Solitário, solidário.
Eis a jornada luminosa e edificante do navegante.
Embarca só e
Desembarca só, em meio ao mar da vida,
Que o convida como tripulante à pilotar o veleiro ao destino certeiro da Luz, não olvidando de ser solidário aos que na nau conduz.
Solitário, solidário.
Eis a jornada luminosa e edificante do navegante.
Tornei-me um
solitário com o tempo
e, nunca antes
me encontrei
tão desejoso de mais
t e m p o [ . . . ] "
PERNAMBUCO RURAL
Sempre que escuto o barulho dos guizos de um caboclo do maracatu, solitário entre as gentes modernas da cidade, caminhando de um jeito que só Euclides da Cunha saberia descrever; eu penso que aquele som, vindo dos antigos engenhos de cana-de-açúcar, é o som da cultura resistindo.
Aniversário
No dia do aniversário
Com o passar dos anos
Pensa-se estar solitário
Então, a vida, frusta seus planos
Com beijos, palavras em cortejos e abraços
Tirando este dia do cotidiano
Reatando o viço dos laços
Para nos fazer soberanos
Unindo a felicidade em pedaços
Num todo, nos fazendo vários
Numa corrente de amor e regaço
De lembranças e gestos solidários
Nesta mais uma comemoração
Da vida, de um novo itinerário
De afago e olhares do coração
Em coro desejando Feliz Aniversário!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Fevereiro, 27 – 2016 - Cerrado goiano
Seguir em frente num relacionamento não consiste em arranjar outra pessoa, mas em ficar solitário sem sentir sensação de estar incompleto. Não necessitar de alguém para preencher um vazio é sinônimo de emoções equilibradas.
"O individualismo deixa-o solitário, egoísta, sem amor a si mesmo e sem sentimentos. Já a solidariedade deixa-o altruísta, empático, determinado, seguro e equilibrado".
O historiador sempre será um escritor solitário de um livro infinito, com inúmeras páginas em branco para serem preenchidas.
No circo da vida, tem dias que o palhaço chora.
Naquela noite fria, as luzes do Circo Solitário brilhavam intensamente, mas a atmosfera estava estranhamente sombria. Felipe, o palhaço, sempre fazia a plateia rir, mas seu sorriso era uma máscara para a tristeza que escondia.
Naquela noite, algo estava diferente. Enquanto se maquiava, Felipe encontrou uma carta misteriosa em seu camarim. "Encontre-me após o espetáculo, ou a verdade será revelada," dizia o bilhete, assinado apenas com um enigmático "A".
Durante a apresentação, a tensão aumentava. Felipe olhava discretamente para o público, procurando por algum sinal do autor da carta. Seus números, normalmente cheios de alegria, tinham um peso diferente. As risadas ecoavam vazias em seus ouvidos.
Após o show, Felipe saiu pelo portão dos fundos e caminhou até o velho carrossel abandonado, onde a carta instruíra. Lá, no meio das sombras, uma figura encapuzada aguardava. "Quem é você?" perguntou Felipe, o coração acelerado.
"Você esqueceu de mim, Felipe?" disse a voz sombria. Quando o capuz caiu, Felipe reconheceu Clara, a trapezista que desaparecera misteriosamente anos atrás. "Você me deixou para morrer naquele acidente. Todos pensam que foi uma tragédia, mas eu sei a verdade."
O pânico tomou conta de Felipe. "Clara, eu... eu pensei que você estava morta! Foi um acidente, eu juro!"
Clara riu amargamente. "Você achou que poderia seguir em frente e esconder seus segredos. Mas o circo da vida não esquece, Felipe. Agora, você vai pagar."
De repente, as luzes do carrossel acenderam, girando em um ritmo frenético. Felipe tentou fugir, mas Clara o puxou para dentro, onde as lembranças do passado o assombravam. As risadas agora eram gritos, os aplausos, ecos de dor.
Naquela noite, o circo descobriu um novo mistério: o palhaço desaparecera, deixando apenas sua maquiagem manchada de lágrimas no velho carrossel. A vingança de Clara se completara, e no circo da vida, o palhaço finalmente chorara.
Louco sem chão -
Meu corpo de esperar-te envelhecido
sente a mágoa de um destino solitário
do meu peito, o teu olhar, em vão perdido,
como um crente rezando diante d'um sacrário.
Não vejo nada, só a tua ausência,
e vou no mundo, passo a passo, no vazio,
no mistério, na esperança e na clemência
da morte me afogar na dor de um rio.
E tudo passa, tudo acaba, que loucura,
que destino, amar e ser esquecido,
por alguém que parte sem ternura.
Por ti, de ti, em ti - saudade!
Em mim, de mim, por mim - perdido!
Um louco, sem chão, pelas ruas da cidade ...
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Após a tempestade, solitário, a deriva e na vastidão, até que um dia, terra a vista! O mar teve compaixão. Me levou então num Porto ensolarado, seguro e bonitão mas de nome Velho, Porto Velho, que me deu a mão, abrindo a possibilidade de nova vida, com muita esperança e gratidão.