Solidão e Saudade
Quando a saudade toca o ser
No momento o desfaz
Corrói o cabra por dentro
Com sua fome voraz
E como se fosse vidraça
Quando quebra despedaça
E juntar, não junta mais.
Não existe saudade do que não se viveu. Apenas uma constante sensação de que suas escolhas estão péssimas e que suas fontes de conforto íntimo são partes do problema. Uma prisão mental com aparência de normalidade cotidiana. Salvar-se é fazer-se ao mar da individualidade embarcando na solidão, tendo por companhia o espelho.
Me aquietei
.
Onde o fogo da paixão queimou,
Eu vivi...
Onde a chama da saudade ardeu,
Eu caminhei...
Onde a solidão abrasou o coração,
Eu me aquietei...
.
E o fogo que queimou,
Fundiu...
E a chama que ardeu,
Forjou...
E a brasa que outrora latejou,
Tornou-se esse amor que não morreu.
.
Edney Valentim Araújo
Nas entranhas da saudade, o coração geme em agonia,
Ecos de uma separação que cravam fundo, como espinhos na via.
O homem, marcado pela sombra da ausência querida,
Ama na distância, sofre na carência da alma ferida.
Em cada pedaço da noite, murmúrios do passado ressoam,
A mulher que partiu deixou um vazio que seus sonhos devoram.
Ainda o amor persiste, como um farol em noite escura,
Guiando a esperança, enquanto a dor perdura.
Cada toque, cada beijo, permanecem tatuados na pele,
Como promessas que o tempo não consegue apagar, nem cancelar.
Enquanto o homem sonha, acordado, com reencontros possíveis,
O coração se recusa a desistir, alimentando esperanças incríveis.
No ballet da vida, outras bailarinas tentam sua dança,
Mas ele, na teimosia do amor, recusa a oferta, recusa a mudança.
Pois a mulher que ama, mesmo distante, é seu farol,
E qualquer sombra de felicidade parece pálida, sem calor.
Recusa-se a aceitar o consolo de outros braços,
Pois neles não encontra a magia, nem os laços,
Que o uniam àquela que ainda é dona dos seus suspiros,
Mesmo que o tempo teima em ser o senhor dos retiros.
Oh, homem que ama com a chama da eternidade,
Ainda há esperança na alvorada da felicidade.
Que o destino, fiandeiro dos fios do coração,
Teça um reencontro com a mulher da tua canção.
Que a dor da separação seja um prelúdio,
Para um capítulo onde o amor é o núcleo.
E nos braços dela, encontre a paz merecida,
Na sinfonia da vida, uma harmonia restabelecida.
Saudades!
Um dia, sentirás saudades, meu bem,
Das mensagens chatas que te enviei,
Das ligações sem avisos, sem porquê,
Das perguntas idiotas, que fiz sem ninguém.
Sentirás saudades das brigas bobas,
Dos argumentos que travamos, sem razão,
Do som da minha voz, da nossa canção,
Mas, acima de tudo, sentirás saudades do modo como me importava contigo.
Pois, mesmo nas chatices e nas confusões,
Eu sempre estive presente, com coração aberto,
Fazendo de tudo para cuidar do teu bem-estar,
E isso, meu amor, é algo que não se desfaz.
Então, um dia, quando a saudade bater,
Lembrarás de tudo o que vivemos, com amor,
Das mensagens, ligações, brigas e discussões,
E sentirás falta da maneira como eu me importava, com todo fervor. Eu
Cura-me!
Morro de saudade do teu sorriso, ele alimentava o meu;
Sinto muito a tua falta aqui no sofá de casa embaixo das cobertas comigo;
Sofro amargamente com o frio da solidão;
Não ter você é a mesma coisa que andar sem roupas, pois me sinto nu e despreparado é o mesmo que caminhar com calçados apertados, pois revela pouco do muito que incomoda por dentro;
A cruz que carrego pesa toneladas, ela está me esmagando;
Livrai-me dessa penitência, quero me curar e voltar a sorrir de novo, ao teu lado.
... um dia foram tuas
Fui reaver na saudade, abandonada
Certa lembrança de outrora perdida
Que, por estar poeirenta e desbotada
Ficou a um canto, posposta, ali caída
Estava sem vida, sem ser encantada
Já não mais tinha aquela dor sentida
Tão pouco aquela paixão desprezada
Ah! versejar vão, de expressão doída
O passado que passou, desgostaste
São poéticas esquecidas no coração
E também coisa que a mim rejeitaste
Hoje já não és poesia, de ter-te jejuas
Apenas versos cheios de recordação
Ternas trovas que um dia foram tuas.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 agosto, 2023, 20’58” – Araguari, MG
Resta o versejar para alentar a gente
Escrevo os versos meus, na saudade
E sensação abafante, a cada instante
Meus versos, dum sentimento errante
Suspira, senti, padece e, então, brade
Ando tão descontente, vago no infinito
Um delírio inquieto nos confins da vida
Sangrando na poesia, tão árdua ferida
Da solidão... Ó escrito frenético e aflito
Repiso as dores que em mim fincaram
Levo no canto as notas que deixaram
Porque o poeta é um genuíno sofrente
Pois, cada verso vertente, nele temos
O diário de tudo, o que, então fizemos
Resta o versejar para alentar a gente.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 novembro, 2023, 16’02” – Araguari, MG
CERNE (soneto)
Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido
Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava
Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?
E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)
Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada
A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada
Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda
Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
Ausência
Hoje eu permitirei que a saudade morra em mim
Os teus olhos, agridoce, me engulam de solidão
Porque nada te poderei dar, senão, está dor sem fim
Exausto me vejo na janela, e o quarto na escuridão
Ao fundo, uma melodia ao som de bandolim
Assim, me sinto na tua lembrança e tu na minha emoção
Não te quero ter por apenas te ter, quero ir além
Porém, cada gesto, palavras, suspiros, a alma em convulsão
Então, não diz nada porque o teu silêncio me convém
Os teus abraços em outros braços enlaçaram
Sinto que estas distante e sem uma tal essência
Eu deixarei... tu irás, e as madrugadas companhias serão
E assim, eu serei e você será... ausência!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2018
Cerrado goiano
Tenho saudades de um amor que não vivi. Tomei o trem errado e demorei demais a me dar conta, agora vivo com esse vazio de não ter experienciado tudo aquilo que projetei para minha vida.
Mal secreto (soneto)
Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado
Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace
Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto
Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...
(2020, 01 de agosto)
QUE SAUDADE...
Que saudade nesta sensação, agora
A chuva range rumorosa na vidraça
O soar do relógio, de hora em hora
A badalar. No ir o tempo não passa
Solidão. Não durmo. Como demora
Essa angustia que na ideia é pirraça
Traça que corrói, e na alma aflora
Fazendo na emoção triste negaça
Eu sei que o pensamento velando
É furioso, e de quando em quando
Vem fluídico e ao cabecear enlaça
Oh falto! E o instante percorrendo
Suspirando, gemendo e, chovendo
Lá fora. E a saudade que não passa! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/02/2021, 03’05” – Triângulo Mineiro
NA MADRUGADA
um aperto no peito árido e ramoso
sussurrando a saudade num rigor
suspirando a dor cheia de amargor
um silêncio nu, descalço e moroso
uma encenação do sono malicioso
um pactuar medroso com o temor
um desanimo calado em dó menor
um maldoso sentir vazio assustoso
a soltar dos olhos lágrimas sofridas
partidas, uma sensação desfolhada
como se estivesse esfolando vidas
assim, adentra cada minuto do nada
numa ausência e sofrências nutridas
no compulsar solitário da madrugada
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’08”, 17/10/2021 – Araguari, MG
EXÍLIO
Cobriu-me de tristura o ocaso pardo
Um aperto n’alma fino e sem trelas
A saudade com sensações donzelas
E o silêncio que pesava como fardo
E, cá neste soneto um penar guardo
A tatear as imaginações tão singelas
Arrancando emoções sem ser belas
Pra ferir a poética com duro dardo
E, vai, assim, em um versejar forte
Rogando em vão a esmola da sorte
Tragando a ilusão das covas rasas
Bardo triste afetivo em tuas prosas
Sou choro, sou riso, sou mais rosas
Amargo trovador com exiladas asas...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 dezembro, 2021, 05’40” – Araguari, MG
Estou diante da bagunça que eu mesma provoquei.
Papéis espalhados
Fotos suas por toda parte
Na playlist aquela música preferida.
Releio suas mensagens,
E ao fazer isso te sinto perto de mim, mas você longe está.
Sinto que nada mudou e por que mudaria?
Você prometeu permanecer mesmo nos dias escuros e frios;
Me perdoe eu não estou conseguindo!
A culpa e o medo me atormentam;
Sei que te bagunçei por dentro, minhas incertezas dilacerou os teus sentimentos,
Me tornei estranha para você...E você se tornou um vazio em mim!😢