Solidão e Saudade
IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)
Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada
A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada
Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda
Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
Ausência
Hoje eu permitirei que a saudade morra em mim
Os teus olhos, agridoce, me engulam de solidão
Porque nada te poderei dar, senão, está dor sem fim
Exausto me vejo na janela, e o quarto na escuridão
Ao fundo, uma melodia ao som de bandolim
Assim, me sinto na tua lembrança e tu na minha emoção
Não te quero ter por apenas te ter, quero ir além
Porém, cada gesto, palavras, suspiros, a alma em convulsão
Então, não diz nada porque o teu silêncio me convém
Os teus abraços em outros braços enlaçaram
Sinto que estas distante e sem uma tal essência
Eu deixarei... tu irás, e as madrugadas companhias serão
E assim, eu serei e você será... ausência!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2018
Cerrado goiano
Vai que nessa história de ficar sozinho cê não aguentou
Vai que cê resolveu descontar a saudade no acelerador
Quando lembrou
Que na sua cama cê dormia bem
Só que na minha você nem dormia
Veio furando o sinal
Buzinando pro povo
É que a saudade dói no peito
Mais que a multa dói no bolso
Às vezes me faço ausente
Para descobrir se me desejam presente
Quem sente saudade
Age com lealdade
Não que eu queira atenção
Pois tem horas que até prefiro a solidão
Meu pé costumo fazer raro
Para não vir a ser tachado
Não me julgue assim
Preciso de um momento só pra mim
Sentindo quem sabe o cheiro de jasmim
Quero estar bem atento
Sem um só lamento
Ouvindo apenas o meu pensamento
Quando a saudade toca o ser
No momento o desfaz
Corrói o cabra por dentro
Com sua fome voraz
E como se fosse vidraça
Quando quebra despedaça
E juntar, não junta mais.
Mal secreto (soneto)
Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado
Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace
Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto
Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...
(2020, 01 de agosto)
FOI-SE E DEIXOU SAUDADE
Foi-se sem nunca ter vindo.
Foi apenas ilusão minha
pensar ser a minha rainha.
Moça bonita, hoje meu coração não tá sorrindo.
Mas como te amo, sou cara de pau e quero teu bem,
Se tu tiver, estarei também.
Eu adorava te fazer sorrir,
Seu abraço é o melhor do mundo.
Desculpa se com minha besta paixão
Estraguei nossa amizade.
Hoje é muita saudade.
Terra seca
Chorei...
Cada lágrima corrida
Deste rio de saudade,
Eu chorei...
Águas banham a terra seca
E não saciam a minha sede.
A semente do amor
Dorme tenra sem dar flores...
Mas cada gota destas lágrimas
Não se perde sem destino...
É gotas feitas o orvalho
Que alimenta o nosso amor.
Edney Valentim Araújo
1994...
Saudade
Transborda em mim uma saudade de não sei o que
Que vem não sei de onde
E me toca, me invade
E penetra escondido
E suga minha libido
E me leva por caminhos
Que não sei onde vão dar
Às vezes parece castigo
E me sinto em perigo
Difícil de suportar
Mas confusa ainda sigo
Uma intuição ou algum sentido
Em busca de um abrigo
Onde eu possa me aliviar
Peço a Deus
Procuro amigo
Que me ceda um ombro
Prá me consolar
Mas sozinha ainda sinto
Com minha saudade a me acompanhar
Querida, os dias não são os melhores sem você mas sigo em frente, mesmo com a saudade apertando e sufocando o meu coração (o qual já não bate tão forte com vigor).
A saudade acabou virando a minha doença e o meu remédio seria você, mas só de lembrar que você se foi, o meu coração transborda de lembranças e escorre nos meus olhos e cada gota que cai é amor que eu sentia e sinto por você até nos piores dias da minha vida.
Quando a saudade aperta, e dói no peito somente choro porque chorar faz esvaziar de dentro de mim a dor da solidão...
A saudade é um bichinho
Que só faz incomodar.
É zumbido de mosquito
No ouvido a chiar.
Se tiver muito carente,
Use logo o repelente,
Vá pra perto namorar!
QUE SAUDADE...
Que saudade nesta sensação, agora
A chuva range rumorosa na vidraça
O soar do relógio, de hora em hora
A badalar. No ir o tempo não passa
Solidão. Não durmo. Como demora
Essa angustia que na ideia é pirraça
Traça que corrói, e na alma aflora
Fazendo na emoção triste negaça
Eu sei que o pensamento velando
É furioso, e de quando em quando
Vem fluídico e ao cabecear enlaça
Oh falto! E o instante percorrendo
Suspirando, gemendo e, chovendo
Lá fora. E a saudade que não passa! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/02/2021, 03’05” – Triângulo Mineiro
Tenho saudade
.
Tenho saudade de você,
Do tempo que nos tínhamos todos os dias...
Quando o mundo era só eu e você.
.
Tenho saudade de você,
Do tempo que parava pra unir nós dois...
E o teu sussurro professava não poder me esquecer.
.
Tenho saudade de você,
De saber como foi todo o seu dia...
Se me trouxe ao coração ou a um breve pensamento.
.
Tenho saudade de você,
De lembra “o quanto de você se entregou a mim”...
Pra sentir um pouco de mim que ainda vive em você.
.
Tenho saudade de você...
.
Edney Valentim Araújo
1994...
Me aquietei
.
Onde o fogo da paixão queimou,
Eu vivi...
Onde a chama da saudade ardeu,
Eu caminhei...
Onde a solidão abrasou o coração,
Eu me aquietei...
.
E o fogo que queimou,
Fundiu...
E a chama que ardeu,
Forjou...
E a brasa que outrora latejou,
Tornou-se esse amor que não morreu.
.
Edney Valentim Araújo
... um dia foram tuas
Fui reaver na saudade, abandonada
Certa lembrança de outrora perdida
Que, por estar poeirenta e desbotada
Ficou a um canto, posposta, ali caída
Estava sem vida, sem ser encantada
Já não mais tinha aquela dor sentida
Tão pouco aquela paixão desprezada
Ah! versejar vão, de expressão doída
O passado que passou, desgostaste
São poéticas esquecidas no coração
E também coisa que a mim rejeitaste
Hoje já não és poesia, de ter-te jejuas
Apenas versos cheios de recordação
Ternas trovas que um dia foram tuas.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 agosto, 2023, 20’58” – Araguari, MG
Saudades!
Um dia, sentirás saudades, meu bem,
Das mensagens chatas que te enviei,
Das ligações sem avisos, sem porquê,
Das perguntas idiotas, que fiz sem ninguém.
Sentirás saudades das brigas bobas,
Dos argumentos que travamos, sem razão,
Do som da minha voz, da nossa canção,
Mas, acima de tudo, sentirás saudades do modo como me importava contigo.
Pois, mesmo nas chatices e nas confusões,
Eu sempre estive presente, com coração aberto,
Fazendo de tudo para cuidar do teu bem-estar,
E isso, meu amor, é algo que não se desfaz.
Então, um dia, quando a saudade bater,
Lembrarás de tudo o que vivemos, com amor,
Das mensagens, ligações, brigas e discussões,
E sentirás falta da maneira como eu me importava, com todo fervor. Eu