Solidão
"Talvez algum dia a solidão venha a ser adequadamente reconhecida e apreciada como mestra da personalidade. Há muito que os orientais o sabem."
Um poeta é um rouxinol que se senta na escuridão,
e canta para se confortar da própria
solidão com seus próprios sons.
Seus ouvintes são homens arrebatados
pela melodia de uma música invisível,
que se sentem comovidos e em paz,
ainda que não saibam
como nem porquê.
Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor.
Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão.
A Solidão e Sua Porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla: primeiro, a de estar só consigo mesmo; segundo, a de não estar com os outros. Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção, quanto dano e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo.
O retraimento prolongado e a solidão deixam o nosso ânimo tão sensível, que nos sentimos incomodados, afligidos ou feridos por quaisquer acontecimentos insignificantes, palavras ou mesmo simples gestos; enquanto quem vive no tumulto do mundo nem chega a percebê-los.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só.
Meu amor, minha flor, minha menina
Solidão não cura com aspirina
Quando dou pra ti,
sou mulher.
Quando dou por mim,
solidão.
O mal do século é a solidão, cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição.
Ontem vi tudo acabado, meu céu desastrado, medo, solidão, ciúme. Hoje contei as estrelas e a vida parece um filme.
Perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova da "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.