Solidão
"A solidão é tão assustadora que muitos preferem a companhia da multidão, mesmo que seja alienante."
“Solidão é quando você quer ficar com alguém mas não pode. Solitude é quando você pode ficar com alguém mas não quer” (Roberto Falchi Martins)
O que habita em nós
Amor ou solidão
Seria tão inevitável
Pensar ou sentir
Os corpos querendo
A paixão
Avassaladora
Que coloca a tristeza
Em segundo plano
E só queres desfrutar
Dos desejos
Que acendem
As almas
No mais
Ardente fogo
Do coração
A dita solidão
Poderia resolver
A busca de ser encontrar
Um tempo, um tempo
De se permitir
Se entender como ser
Entendendo as incógnitas
Os medos
As estranhezas
Que a vida se tem
Tão imensa mas
Tão necessária
Pra se aprender
A amar sua própria companhia
E assim vivendo a essência da solidão
Na virtude do profundo da alma
Vida para de brincar, já pode me soltar, eu só quero estar em outro lugar, povoar a solidão, dar luz a escuridão...
Poema do sacrifício
Trabalhador como ainda sou
sem ter que fazer na solidão
só faço o que manda a precisão
e por isso e mais
colho o barro na ribeira
procuro madeira na mata
garimpo a pedra disforme
repuxo o couro esticado
recolho o vidro e o bronze
preparo a fornalha e o cinzel
encho a bacia de água
recorto e ponteio pedaços
bato e amasso o inteiro
moldo e faço acabamento
depois coloco na luz do sol
debaixo reflito na lua
depois lavo na água corrente
depois olho e me alegro
depois digo enfim
que tudo na vida é trabalhoso
e não vale mais que doistões.
Em alguns momentos coloca à prova a tua solidão, assim saberás se estás internamente acompanhado ou desacompanhado.
Fiel Solidão
Sinto as retinas repletas
de ilustrações vivas,
que pulam na minha carne.
Deslocam-se subitamente
nas minhas veias
ao sabor das visões da memória.
Fiz-me refém
neste ponto de tempo.
Sequestrado pela sombra do silêncio
abandonado por mim,
desvalido e requisitado
pela irreversível circunstância.
Agradeço-te fiel solidão.
Quando todos partiram,
tu nunca me abandonaste.
Motim Plumitivo
A imortalidade é uma infinita solidão.
É necessário morrermos muitas vezes
para inferirmos que o íntimo da Vida
é um ápice cintilante, e renasce a cada instante.
As quatro subdivisões do ano morrem profundamente
no colo do mundo. Ressuscitam os seus padrões
climáticos pelas formas do sentimento:
perfumes melódicos que revelam o mundo interior
das almas. À superfície de um lúcido minério
todas as existências são instintivamente sublimes.
As pétalas da consciência coabitam os pensamentos
torturados pelas noites geladas dum solitário poema.
E assim permanece o motim plumitivo:
que escorre da minha pena.
Quem caminha na solidão,
mas tem o coração repleto de Amor, em todos os caminhos
nunca irá estar sozinho.