Sociedade
A nossa sociedade separa os seres humanos como bons consumidores ou consumidores defeituosos. Para os primeiros, os serviços, a tecnologia e os bens de consumo estão acessíveis. Para os consumidores defeituosos, que não conseguem concretizar seus desejos, criados artificialmente pelos meio de comunicação de massa, resta o tratamento policial e a permanente exclusão do bolsão de riqueza dos centros urbanos modernos. Esses, têm que ir para as favelas do Terceiro Mundo, construir suas casas com o que sobra e viver sob um estado de vigilância permanente. É para conter estes, que a qualquer momento podem se rebelar e reivindicar a justiça e a igualdade material, que existe a polícia e as leis de exceção. Para isso os aparelhos de repressão são extremamente eficientes, pois é para isso que foram verdadeiramente criados.
A sociedade é um circo, e como a maioria dos circos, é formada por palhaços e animais selvagens que foram domados para fazerem aquilo que lhes é ordenado, enquanto a plateia rir e aplaude o show de mediocridade intelectual.
O saber é porta aberta
Ante a cerca social;
Sociedade moderna
Só vê referencial
Em quem tem conhecimento
E notório suplemento,
Na parte intelectual.
Alguém que ainda não faz
Das letras combinação,
Aplicando dia a dia
Sua comunicação;
Não vê o mundo real,
Tem seu olhar desigual
Por falta de interação.
O letramento é o sal
Da mente desenvolvida,
Rompendo nó e os estorvos
Acumulados na vida;
Faz um novo alvorecer,
Para quem desejar ter
Essa cegueira abolida.
SOCIEDADE CRIMINOSA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Inadvertidamente, o homem feio chega e senta na outra ponta do banco em que a moça bonita está. Sem nenhuma palavra ou aproximação, ele vira o rosto e dá um leve sorriso para ela, como se para sossegá-la. Pouco depois abre um livro e se perde no silêncio da leitura.
Então a moça bonita se levanta, meio atabalhoada, e cai. O homem feio percebe o tombo e vai socorrê-la; no entanto, ela o manda sair. Grita para deixá-la em paz. Pelo visto, a moça tem pavor de homem feio para o seu provável conceito aristocrático de beleza. Sobretudo, externa. Imediatamente algumas pessoas bonitas, conforme o mesmo conceito, vêm ajudá-la. Com elas, o possível namorado bonito, que antes de beijar a namorada quer saber do homem feio qual foi a gracinha que ele fez. Pergunta e lhe dá um empurrão.
O homem feio não gosta e devolve o empurrão, enquanto diz que nada fizera. os empurrões viram briga, e as outras pessoas bonitas aderem, evidentemente contra o homem feio que abusara da moça bonita. Fosse de uma moça feia, tudo bem, mas não da moça bonita. Ele tenta correr, ao tomar consciência da proporção do equívoco, mas não consegue. Logo se forma um grande júri que não só o condena sem direito a defesa, como também aplica o castigo merecido.
Só ao ver que a polícia chega e que aquilo se torna um linchamento, a moça bonita, então recomposta do seu trauma, grita para que todos parem. Nem era mais necessário, porque a polícia já dissolvera o grupo. Um policial, que segurava a cabeça do homem feio e ferido no chão do shopping center, chama pela moça bonita e pergunta se ela, como a vítima de fato, quer fazer sua queixa.
A moça bonita diz que não. Que não houve nada. Só um engano. Ela simplesmente se assustou com o homem. E o homem feio, reanimado pela inocência generosamente reconhecida, ouve do policial a recomendação de que seria melhor esquecer o episódio. Afinal, tudo acabou bem. A moça não fez nada, e os que fizeram, inclusive o seu namorado, nem estão mais ali.
O homem feio percebe o que ocorre. Por que seus agressores conseguiram não estar mais ali. Por que razão não daria em nada querer processar a moça, pois no fundo, ela não é mesmo culpada. Não sozinha. E além do mais, ele sabe o quanto seria difícil prender ou processar a sociedade.
A mesma sociedade que rejeita o 'estranho', o 'diferente' e o 'impossível' é a mesma que aplaude o 'visionário', o 'arrojado', o 'inspirador'...
A sociedade criou os quadrados como: religião, torcida, política, arte marxista, consumista de álcool, entre outros. Ai de você se não enquadrar-se em algum desses, será taxado de honesto demais, homofóbico, terrorista, antissocial, racista, farsista, ditador e por fim desejarão sua morte, só porque você é um homem livre.
A importância que achamos que temos só vale se real percebida na sociedade. Fora isso não passa de ego inflado.
Vivemos em um momento o qual ser classificado é primordial para a sociedade. Não seja assim! Porque você não é o dinheiro que tem na carteira, nem o seu trabalho. Você não é uma casa grande, com bebidas caras, carros de luxo e paredes vazias. Você não é a imagem que ostenta para se enquadrar na visão das minorias.
Você é o amontoado de sonhos, você é as viagens que fará, os amores que viveu e viverá, o carinho que transmite e recebe. É aquela pessoa que muda em si o que crê não estar certo, que defende os que não se defendem, que vive aquilo que os outros não se permitem viver por mesquinharia.
Não somos o que temos, somos o que significamos para o mundo.
Um governante é o reflexo de sua sociedade, antes de apontares o dedo e partir para crítica olhe à sua volta
Um governo, com os impostos da sociedade, faz uma obra pública. Depois entram outras pessoas no governo e vendem essa obra, quase de graça, para seus apadrinhados e a sociedade aceita calada. – Pode isso... ?!
Quando os da direita e os da esquerda não se entendem, a sociedade (se nada fizer) caminhará para o fundo do poço.
O ter em ter é o que vale para uma sociedade capitalista, mas o ser em ser é o que move a vida feliz dos nobres