Socialismo
Entrevista com Ferreira Gulllar:
Veja: O senhor já disse que “se bacharelou em subversão” em Moscou e escreveu um poema em que a moça era “quase tão bonita quanto a revolução cubana”. Como se deu sua desilusão com a utopia comunista?
F.Gullar: Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida, de as coisas irem acontecendo, não só comigo, mas no contexto internacional. É fato que as coisas mudaram. O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer.
A naftalina é muito parecido com marshmallow, no entanto você não vai querer lamber ela! Da mesma maneira que o socialismo parece muito com a liberdade.
Tracemos um paralelo entre o desenvolvimento do avião e o desenvolvimento sócio-econômico das nações.
No início da aviação, as pessoas discutiam se o melhor modelo eram asas móveis ou eram asas fixas.
Depois de seguidos fracassos as asas móveis foram abandonadas e nem se falam mais nelas.
Parece incrível que no século 21 ainda estejamos discutindo sobre socialismo versus capitalismo, mesmo que o bater de asas dos países socialistas em diversas ocasiões tenha se esborrachado no chão.
É uma perda de tempo gigantesca continuar debatendo sobre ideias que comprovadamente não funcionam, enquanto as asas e turbinas do capitalismo se mostram tão superiores.
A miséria nos entrega verdades cortantes logo ali, no sinal da próxima esquina, na rua escura, no ponto de ônibus, nas escadas do metrô, nas marquises dos prédios...
Você pode até não concordar com os ideais de igualdade, mas em algum momento, os efeitos da desigualdade afetarão a sua vida.
Neste sentido, a teoria dos comunistas pode ser resumida
nesta simples frase: abolição da propriedade privada [dos meios de produção].
O capitalismo exercido de maneira contrária à liberdade não é capitalismo, e sim um tipo menos autoritário de socialismo.
Nesse fim apagado, nesse ocaso surpreendente, entretanto, o que ficava evidente, mais uma vez, e agora a um preço demasiado alto, era a ilusão de que a revolução pode ser gerada por ato de vontade, em qualquer circunstância, bastando que essa vontade seja firme. De um foco podem surgir outros e, da soma de todos, uma revolução, seja em Cuba, seja na Bolívia, seja no Brasil. Para dar relevo a esse erro clamoroso, que já sacrificou tantos valores, inclusive uma personalidade como Guevara...
A FÚRIA DE CALIBÃ, pág. 222
Na prisão e fora da prisão, em 1964, senti quanto, nas camadas pequeno-burguesas do Brasil, crescera o prestígio da guerrilha, a fascinação por essa saída falsa. Minha posição de divergência, na ocasião, trouxe-me dissabores. Fui acusado de passadista, superado, revisionista...Convenci-me de que o esquerdismo juvenil - que encontrou, a acobertá-lo, alguns adultos ardorosos - só se debilitaria diante das sanções da realidade.
A FÚRIA DE CALIBÃ, pág. 223
Vi, em Moscou - e veria, depois, em Paris -, documentários que mostravam a situação do país, entre 1917 e 1927; a miséria era dantesca, tudo estava em ruínas, o povo fora reduzido à fome, milhares de crianças vagavam pelas estradas e transformavam-se em assaltantes, como milhões de adultos. Ter partido daí para chegar a ser uma superpotência, com a devastadora interrupção da segunda Guerra Mundial, que sacrificou vinte milhões de cidadãos soviéticos, foi a tarefa realizada. Não é, pois, demais qualificá-la como a maior da história
A FÚRIA DE CALIBÃ, pág. 210-211
O coletivismo é a tirania sob o disfarce da benevolência.
A ética e os valores morais é o princípio para a construção da civilidade humana. Por essa razão, o Brasil ainda vive esse caos na infraestrutura social.
Democracia é um ideal, mas só a conscientização e prática ao longo do tempo, a fará uma cultura em qualquer ambiente.
Tempos escuros virão, juntei-vos, sejam iluminados pelo amor à pátria e pela ética. Não se confundam no meio da batalha. Desistir não se enquadra em nossa realidade.
A direita gosta tanto do rico que quer privatizar tudo para que as pessoas possam empreender e prosperar , já a esquerda gosta tanto do pobre que quer deixar tudo público para todos dependerem do governo vivendo miseravelmente , já o centro gosta tanto do povo que mescla os 2 pois sabe que o setor público nunca dá certa sem o privado e o privado nunca dá certo sem o público .
O objetivo da revolução em todo o mundo é um só: a queda do capitalismo com todas as suas instituições draconianas.
O que mais ocorre, porém, na Grécia, é o Imbecil que não se dispõe nem como joio, nem como trigo. É o conquistador compulsivo da teoria própria, senhor cacoético do sorriso de deboche ...
Acima de qualquer disputa cereal, lá nem não está: aparte, pairante.