Sobre a Velhice
Os que vão e os que ficam.
Ninguém fica velho antes do tempo e ninguém deveria morrer antes dessa hora.
Ficar velho é algo que não se ensina porque não dá para aprender.
E nesse caso, os conselhos valem pouco, porque de verdade, para pouco servem.
Quem faz como os outros dizem, faz o dos outros, não o seu próprio.
É nessa caminhada sem volta, onde é possível olhar para trás mas impossível refazer qualquer coisa, ou fazer o que deixou de ser feito que mora o arrependimento.
Alguns se arrependem muito, uns poucos não se arrependem de nada e a maioria vive demais os últimos anos com essas lembranças imutáveis.
Quem parte leva tudo dele consigo, deixa um pouco de lembrança, e aquilo que um dia possa ter sido seu tesouro de nada valerá porque só há uma certeza, do pó viemos e ao pó retornaremos.
A primeira idade, infância e adolescência,
é a fase de aprender para poder viver;
a segunda idade, juventude e idade adulta,
é época de viver aquilo que aprendemos;
já a terceira idade é tempo de ensinar
tudo aquilo que aprendemos vivendo.”
Aureola
Amor?
Passe aquele perfume e me ame.
Nunca deixe de me amar.
Até o meu ultimo suspiro,
Quero está com você.
Eu não quero esquecer,
Eu e você sentados no jardim, vendo o amanhecer.
Amor, eu quero você aqui eternamente.
Lembro-me pouco, dois jovens delinquentes.
Ainda não era amor,
Foi quando você me beijou.
O sol brilhou e você sorriu amor.
Você segurou em minha mão,
E no altar, prometeu me amar.
Eu tenho medo que o tempo comece a passar.
Tenho medo do pouco tempo que nos resta.
Eu sempre vou te amar, até depois que tudo acabar.
O seu olhar,
O seu jeito de me amar,
Até o antigo modo de brincar,
Tudo vai está lá.
Sentados nesta sala,
Vendo nosso filme passar,
Escutando o vento soprar.
Amor?
Espere por mim,
Estou vendo sua aureola.
Eu e seu velho olá.
Tudo passará, demora, mas vai passar e sobreviveremos...E aí, passada a tormenta, daqueles benditos raios, chega então a tranquilidade, o livrearbítrio...
Seremos bonitas, desejáveis, invejadas, admiradas por todos, e, o melhor ainda... “Gostosas”...
No livro É Mais Ou Menos Assim
Cartas poéticas.
Pode ser que um dia o destino volte para nós, e nos diga como foi o futuro sem a gente, seria legal sorrir e chorar em meio ao tudo que tivemos sobre tudo que lembramos, eu sempre volto para conversar, pra saber como foi o tempo sem mim ... na sala de estar ou na mesinha ao ar livre, estarei eu solitário com minha velhice, sorrindo de tudo que fiz, lembrando dos péssimos romances que me deixou infeliz, contarei como se fosse bom errar o caminho do amor.
Não pude ver os seus cabelos virarem algodão ,nem sua pele se tornar uva passa...
Não pude te escutar resmungar...
Eu queria um pouco mais, de tempo, mais alguns curiosos anos ...
Vais ser a eterna morena em minha mente.
A velhice não te conheceu,e sua vida escorregou entre os dedos da morte , pois eras como um balão , cheia de fôlego!
Agora mãe querida, brilhas apenas no meu céu...
Dedicado á ROSA ELISA FERREIRA DE CAMARGO
Há momentos de dizer 'não sei e me sinto muito bem com isso'. Mas essa opção só se coloca para os muito jovens e quando já ficamos velhos.
Ano que passa
Na contagem é apenas mais um
Na vida a soma é numerosa
Os cabelos vão se modificando
Cada fio branco firma sua idade
O corpo já não responde
É um ritmo de estalos
A pele?
Melhor não falar!
Fica a sensação de um espaço curto
De uma vida breve
Que vai se fechando
Tempo que se achega
Tão rápido que assusta
Não quero dizer adeus
Quero o meu caminho seguir
Meus cabelos
Meu corpo
Minha pele deixar envelhecer
Sonhar que no fim terei forças
De chegar até onde meu destino mandar
- Velho?
- Quem disse!
- Problemas?
- Infelizmente tenho!
- Conselhos?
- Ah, este tenho aos montes. Sou vivido, sou muito amado, e por ser velho como dizem, sou feliz!
Ao longo da vida é prazeroso viver bem,
amores, festas, viagens,amigos por perto, formar uma família,
porém o que realmente importa e trás a verdadeira felicidade é você chegar a velhice em suas condições gerais com saúde, sorrindo e realizado e ainda com a certeza de ter feito seu melhor.
A fragilidade é natural por isso a trajetória deve ser bem planejada para estar feliz para não precisar mais conquistar e sim apenas usufruir de suas realizações e resultados.
Os pais carregam seus filhos, mas um dia seus filhos crescem se tornam homens e se esquecem que aquele homem ali na frente que envelheceu, que muitas vezes é ignorado, outras até insultado, ou mesmo abandonado e esquecido... é o homem, é o pai. Um dia a história se inverte, o filho se torna o pai, e olhara em um canto perdido do passado, e sentira o vazio, a saudade daquele homem que um dia foi seu pai. A saudade não é ruim, pior que a saudade é o remorso.
ESTAÇÕES DA VIDA
Ela era feliz com a vida que tinha quando ele cruzou seu caminho
naquela tarde encalorada da primavera da vida,
na juventude mal iniciada dos dois.
Sua felicidade aumentou de tamanho, mal cabia no peito.
De início se encontravam às escondidas,
faziam planos ousados,
casar, ter filhos, emprego estável, bens materiais.
o tempo passou...
o seu amor por ele solidificou
e numa tarde quente no final do verão da vida
ele a deixou...
mudou de casa,
juntou suas coisas,
a deixou desamparada.
Pobre menina
Ultimamente seu coração está apertado, dolorido, em frangalhos.
É que o amor bateu na porta, entrou em casa, trocou os móveis de lugar e foi embora.
Restaram a ausência, a carência, a saudade e a casa vazia de gente.
Restaram os móveis empoeirados na sala, encobertos com tecidos encardidos pelo tempo.
Um amigo lhe dissera que é assim mesmo, o amor às vezes nos prega peças, nos faz sofrer sem querer porque buscamos o melhor e ficamos na pior.
Vou trancar as portas do meu coração disse ela revoltada.
Desilusão dos sonhadores.
E ela ficava debruçada na janela daquela casa
olhando para o horizonte distante,
como quem procura respostas no lugar errado.
O tempo passou e numa manhã de frescor do outono da vida ele voltou, entrou pela porta do fundo e ela nem viu.
A porta estava trancada com correntes mas ele tinha a chave do cadeado.
E quando ela se deu conta os móveis já estavam arrumados,
a casa estava perfumada,
e lá estava ele sentado naquele sofá empoeirado a observá-la.
Ela olhou nos seus olhos e caiu em seus braços,
deitou-o em seu colo e pediu para que ele ficasse.
E sonhou...
E chorou...
E sorriu...
E ele fez promessas vãs.
E ingênua que ainda é.
tem a esperança de se casar no próximo inverno,
num asilo qualquer.
O mar visto cá com meus parcos cabelos brancos !
E ele olhava o mar de tal forma a acariciar as águas do pensamento. Buscando as lembranças que em seu envelhecer, poderiam estar distantes ou talvez ali ao lado... mas uma coisa é certa, sentado naquele banco verde chapiscado descascado, olhando o mar à distância, transbordava mansuetude ao contemplar, talvez, alegrias que apenas cada um de nós guardamos em nosso mundo interior.
Os anos roubaram seus dentes, seus cabelos, seus amores, seus filhos, seus nomes... Recompensando-a com o vazio e a saudade
Contemplo, acaricio e beijo
o rosto enrugado...Castigado...
Cada ruga representa uma lição absorvida,
nas marcas do tempo,
no sorriso tímido
ou no doce olhar
a verdade dura, pode-se vislumbrar
nas mãos trêmulas, no andar cambaleante...
Percebo medo,
por um instante
corro pra te amparar...