Sobre a Velhice
" A ÚNICA BELEZA QUE FICA QUANDO A VELHICE CHEGA...É A BELA DE TER VIVIDO UMA VIDA CORRETA,SEM PISAR,OPRIMIR E ROUBAR OS SONHOS DOS OUTROS"
(Gilson Robson)
E como uma coisa só, a vida e a morte, a vigília e o sono, a juventude e a velhice; pois essas coisas quando mudam são aquelas, e aquelas, são estas.
O Sábio terá grande honra em se encontrar consigo mesmo na velhice. O tolo, terá vergonha. Pois o sábio cuida da sua velhice agora, e o tolo acha que viverá para sempre.
E uma das nossas melhores e maiores distrações, com a velhice, é recitar, não só para os outros, como também para nós mesmos, nossa própria história.
Nunca ria das rugas alheias, pois elas não são marcas de velhice como se pensa... elas são marcas de um tempo intensamente vivido... de histórias presenciadas e emoções sentidas... de uma vida que se fez... ao longo de anos... de histórias que talvez você... pessoa preconceituosa nunca possa vir a ter...
Respeite os mais velhos, pois um dia você terá a felicidade de chegará lá...ou não!
Hey, todo o amor desse mundo é meu e seu. O maior do mundo, as rugas da velhice, as crianças no jardim, as panelas voando nas brigas, os berros de atenção, os choramingos de alegria ou tristeza, os olhares compreendidos, os abraços leves ou apertados, as cócegas chatas porém favoritas, os beijos intensos e apaixonados. Ah, meu amor! Tudo nosso, e será ainda por vários anos até que as luzes se apaguem
Na Velhice/ no Outono/ na Saudade
Ainda trago ao pé de mim
aquela mulher ao meu lado.
Deus, como foi rápido,
cada olhar sem rumo e disfarçado
os beijos ardentes como febre de outono.
Outrora desses anos todos que passaram
carrego no meu interior
a única mulher que eu amei.
Tive muitas outras
uma por noite
duas por noite
três
quatro
outras por meses
até anos longos e duráveis
mas aquela, nunca se apagou da minha vida,
nem nunca vai.
Não tive chance de ter mais dores com ela
ajudá-la em suas necessidades,
diversas tristezas e calamidades.
Ela está ai, anda por ruas estreitas
por entre cidades pequenas.
Sei que viaja, cuida dos filhos
se resguarda, bebe vinho no natal
faz dieta e lê bons livros
poupa-se do cansaço da mulher
e lembra,
às vezes lembra.
Talvez todas as noites
ou intervalos de meses
anos,
até décadas
Meu Deus, isso é muito tempo
mas ela lembra.
Não se lembra de mim em si,
porém do sol diferente
que brisava seu rosto pequeno.
Pai! Como eu ainda lembro
daquela pinta na bochecha
no corpo tão pequetito, e tão sereno.
Lembra-se dos chocolates, das flores
dos jantares fulminantes e estrelados.
Voltávamos e eu virava a esquina errada
só para continuar mais tempo a andar com ela.
De quando eu chorava ao deixar ela em casa
na vigia da lua e dos anjos.
Eu não me esqueço, como eu não me esqueço
do amor que virou arte nos ares
nos cafés que frequentamos,
das trufas que comemos
dos ursinhos de pelúcia
no cinema,
das horas esquecidas ao telefone
eu nem olhava para o relógio.
Das diversas vezes que levou as roupas à costureira
para remendar os rasgos que eu havia dado
na noite anterior.
E de quando ela me chamava de: "louco",
o meu "louco".
A vida? A vida passa por ai,
despercebida e calada.
Não dá o menor sinal de aviso
ela anda nas pontas dos pés
de mansinho, a cada dia que nasce
a cada sol que aparece
como que se voltasse de uma festa
e a vida, um dia fica nessa festa que não tem hora pra acabar
chamada mundo.
Hoje, já se passaram sessenta anos
sessenta e poucos anos, confundo os números,
que o meu amor foi embora.
não sei ao certo
estou velho
meus cabelos brancos não me deixam mentir.
O que eu diria se ele estivesse na minha frente agora?
- Diria o tanto que eu ainda a amo.
Palavras que me abalam profundamente.
Porque são palavras que eu nunca disse.
Os jovens vivem na ilusão de que o mundo é seu. Mal preparados para a velhice, mal preparados para a morte. Eles se encontram em muito pouco.
E quanto mais o tempo avança adiante em direção a velhice, mais eu retrocedo minha mente desesperado de volta a um passado que jamais retornará em busca da minha juventude.
A velhice não permite disfarce
Lá está ela
No corpo
Nos ossos
Na carne
Estampada na cara
Nos movimentos
Da cabeça aos pés
Bem Vestida
Maquiada
Lá está ela
O encanto da vida é na infância que o recebemos, é na juventude que o questionamos, mas é na velhice que o alcançamos.
Se a vida nos provoca, o tempo nos imprensa, as pessoas nos criticam e a velhice nos condena, vem a morte nos liberta.
... Quais as palavras que não foram ditas? O temor da morte e da velhice acontece quando vemos que: o tempo passou e não foi real.