Sim nós dois

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Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuímos a sua fonte dentro de nós mesmos.

A arte dos loucos pode tocar-nos; enriquece-nos porque encontramos em nós essas estranhezas.

Todos nós somos levados ao mesmo lugar; / na urna agita-se a sorte de cada um: / mais cedo ou mais tarde, a sorte terá de ser lançada, / e nos fará entrar no barquinho em direcção ao exílio eterno.

O mundo julga-nos, não pelo que somos, mas pelo que parecemos ser.

Por mais que falem bem de nós, não nos ensinam nada de novo.

Nós só conhecemos as paixões dos outros, e o que chegamos a saber das nossas, é deles que podemos aprender.

Quando desejamos pomo-nos à disposição de quem esperamos.

Cada novo conhecimento importante que se faz decompõe-nos e volta a compor-nos. Se esse conhecimento for da maior importância, passamos por uma regeneração.

Quanto de nós guardamos nas sombras, com medo do que os outros possam pensar, de julgamentos, de sermos examinados? O que poderia acontecer se nós deixássemos que a luz nos banhasse, expuséssemos nossas vulnerabilidades, permitíssemos familiaridade para subirmos no palco, mesmo que por um breve momento? O que eles veriam?

GRAUS NEGATIVOS

Encontramo-nos numa festa que não gosta de nós. Ao fim, a festa deixa cair a sua máscara e mostra-se tal como é: uma estação de manobras. Colossos gelados estão de pé, sobre os carris, no nevoeiro. Um pedaço de giz riscou as portas da carruagem.

Não se devia mencionar, mas aqui há muita violência reprimida. Por isso os pormenores são tão pesados. E é tão difícil vermos o outro, que também existe: um raio de sol reflectido que se movimenta por cima do muro da casa, que desliza através do bosque ignorado, de rostos cintilantes; uma frase bíblica que nunca se escreveu: "vem até mim, pois eu sou contraditório como tu".

Amanhã trabalharei numa outra cidade. Eu corro para lá, através da madrugada que é um grande cilindro negro e azul. Oríon está pendurada por cima da geada. Crianças num montão de mudez esperam pelo autocarro, crianças pelas quais ninguém reza. A luz cresce, pouco a pouco, como o nosso cabelo.

Devemos esforçar-nos por ser razoáveis, mas não por termos razão; a sinceridade acima da infalibilidade.

Aflige-nos a glória alheia contrastada com a nossa insignificância.

O juízo que fazemos dos outros diz o que nós somos.

À medida que a vida e os anos nos maltratam, aprendemos finalmente a conhecer-nos. Mas, nessa altura, já não vale geralmente a pena estabelecer relações.

A obra que trazemos em nós parece-nos sempre mais bela do que aquela que fizemos.

Acontece muitas vezes que somos estimados na proporção em que nos estimamos a nós mesmos.

Às vezes desperdiçamo-nos: o nosso verdadeiro desejo é deixar de viver exclusivamente para nós próprios.

Esquecemo-nos todos de muito mais do que nos lembramos.

Tudo quanto nós próprios descobrimos ou voltamos a descobrir são verdades vivas; a tradição convida-nos a aceitar somente os cadáveres da verdade.

É sabido que nós homens não buscamos na esposa as qualidades que adoramos e desprezamos na amante.