Sim nós dois

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Você não me entende porquê você nos divide em dois: eu e você. Não existe divisão. Eu não sou só eu. Eu sou também você e todos os outros, e todas as coisas que eu vejo. Você não me entende porque você nunca me olhou. Olhe firme no meu olho, me encara fundo. A gente só consegue conhecer alguém ou alguma coisa quando olha para ela bem de frente, cara a cara.

E só eu sei o quanto doeu ver a melhor coisa do mundo indo embora. Doeu um, dois dias. No terceiro, a melhor coisa do mundo virou a melhorzinha. Que virou a décima melhor. Que virou nada, vai ser assim, sempre é.

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato

É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Algo me diz que se eu ousar espremer a espinha, emagrecerei uns dois quilos.

Numa terra distante havia dois jardineiros: um alegre e otimista, outro ranzinza e pessimista.

O ranzinza tinha a melhor terra, o melhor adubo, e as mudas das mais belas plantas.

O alegre tinha um terreno árido, um adubo pobre, e plantas não muito vistosas.

Ao amanhecer o dia, o ranzinza já chegava no jardim a reclamar. Ah, aquela folha secou! Aquela outra flor despedaçou. Esta planta cresceu demais! Esta outra cresceu de menos. E era um resmungar sem fim enquanto ele trabalhava, porque onde quer que ele olhasse, encontrava defeitos em seu jardim.

Já o alegre chegava no jardim sorridente, e ainda que não encontrasse uma realidade de sonho, cumprimentava suas plantas com um sorriso largo no rosto e um animado 'bom dia!'. E enquanto ele trabalhava, assobiava, cantarolava, acariciava suas plantas, e mesmo que elas não estivessem tão bonitas, ele não cansava de elogiar: 'como vocês estão lindas!'

E depois de algum tempo, as plantas do jardineiro ranzinza estavam secas ou murchas e tristes, enquanto que as do jardineiro alegre estavam formosas, alegres e perfumadas.

E a quem quer que perguntasse ao jardineiro alegre, afinal, qual era o seu segredo, já que ele não tinha bom adubo, nem boa terra, nem mudas de belas plantas, ele simplesmente respondia: 'bons olhos... o segredo é ter bons olhos.'

Sempre que dois corpos se entrelaçam eroticamente, há sempre uma terceira presença: a sociedade

Quando dois corpos ardem de desejo
qualquer lugar do mundo é um lugar para fazer amor...

O abraço é o encontro de dois corações.

Marius tinha sempre dois trajes completos; um velho, "para todos os dias", outro novo, para as ocasiões extraordinárias. Ambos eram negros. Tinha só três camisas, uma trazia vestida, outra estava na cômoda, e outra na lavanderia. Renovava-as a medida que iam ficando usadas. Mas como estava quase sempre coçadas, abotoava o casaco até o pescoço.

Gênesis 19

Sodoma e Gomorra destruídas

1 Os dois anjos chegaram a Sodoma ao anoitecer, e Ló estava sentado à porta da cidade. Quando os avistou, levantou-se e foi recebê-los. Prostrou-se com o rosto em terra
2 e disse: "Meus senho­res, por favor, acompanhem-me à casa do seu servo. Lá poderão lavar os pés, passar a noite e, pela manhã, seguir caminho".
"Não, passaremos a noite na praça", res­ponderam.
3 Mas ele insistiu tanto com eles que, final­mente, o acompanharam e entraram em sua ca­sa. Ló mandou preparar-lhes uma refeição e assar pão sem fermento, e eles comeram.
4 Ainda não tinham ido deitar-se, quando todos os homens de toda parte da cidade de Sodoma, dos mais jovens aos mais velhos, cer­caram a casa.5 Cha­maram Ló e lhe disseram: "Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos rela­ções com eles".
6 Ló saiu da casa, fechou a porta atrás de si
7 e lhes disse: "Não, meus ­amigos! Não façam essa perversidade!
8 Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens. Vou trazê-las para que vocês façam com elas o que bem entenderem. Mas não façam nada a estes homens, porque se acham debaixo da proteção do meu teto".
9 "Saia da frente!", gritaram. E disseram: "Este homem chegou aqui como estrangeiro, e agora quer ser o juiz! Faremos a você pior do que a eles". Então empurraram Ló com violên­cia e ­avançaram para arrombar a porta.
10 Nisso, os dois visitantes agarraram Ló, puxaram-no para dentro e fecharam a porta.
11 De­pois feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, dos mais jovens aos mais velhos, de manei­ra que não conse­guiam encontrar a porta.
12 Os dois homens perguntaram a Ló: "Vo­cê tem mais alguém na cidade - genros, filhos ou filhas, ou qualquer outro parente? Tire-os daqui,
13 porque estamos para destruir este lugar. As acusações feitas ao Senhor contra este povo são tantas ­que ele nos enviou para destruir a ci­dade".
14 Então Ló foi falar com seus genros, os quais iam casar-se com suas filhas, e lhes disse: "Saiam imediatamente deste lugar, porque o Senhor está para destruir a cidade!" Mas pensaram que ele estava brincando.
15 Ao raiar do dia, os anjos insistiam com Ló, dizendo: "Depressa! Leve daqui sua mulher e suas duas filhas, ou vocês também serão mor­tos quando a cidade for casti­gada".
16 Tendo ele hesitado, os homens o agarraram pela mão, como também a mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força e os deixaram fora da cidade, porque o Senhor teve misericór­dia deles.
17 Assim que os tiraram da cidade, um deles disse a Ló: "Fuja por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será mor­to!"
18 Ló, porém, lhes disse: "Não, meu se­nhor!
19 Seu servo foi favorecido por sua benevo­lência, pois o senhor foi bondoso comigo, poupan­do-me a vida. Não posso fugir para as montanhas, senão esta calamidade cairá sobre mim, e morrerei.
20 Aqui perto há uma cidade pequena. Está tão próxima que dá para correr até lá. Deixe-me ir para lá! Mesmo sendo tão pequena, lá estarei a salvo".
21 "Está bem", respondeu ele. "Também lhe aten­derei esse pedido; não destruirei a cidade da qual você fala.
22 Fuja depressa, porque nada poderei fazer enquanto você não chegar lá". Por isso a cidade foi chamada Zoar.
23 Quando Ló chegou a Zoar, o sol já havia nascido sobre a terra.
24 Então o Senhor, o próprio Senhor, fez chover do céu fogo e en­xofre sobre Sodoma e Gomorra.
25 Assim ele destruiu aquelas cidades e toda a planície, com todos os habitantes das cidades e a vegetação.
26 Mas a mulher de Ló olhou para trás e se trans­formou numa coluna de sal.
27 Na manhã seguinte, Abraão se levantou e voltou ao lugar onde tinha estado diante do Senhor.
28 E olhou para Sodoma e Go­morra, para toda a planície, e viu uma densa fumaça subindo da terra, como fumaça de uma fornalha.
29 Quando Deus arrasou as cidades da pla­nície, lembrou-se de Abraão e tirou Ló do meio da catástrofe que destruiu as cidades onde Ló vivia.

Lot e as suas filhas

30 Ló partiu de Zoar com suas duas filhas e passou a viver nas montanhas, porque tinha me­do de permanecer em Zoar. Ele e suas duas fi­lhas ficaram morando numa caverna.
31 Um dia, a filha mais velha disse à mais jovem: "Nosso pai já está velho, e não há ho­mens nas redondezas que nos possuam, segundo o costume de toda a terra.
32 Vamos dar vinho a nosso pai e então nos deitaremos com ele para preservar a sua linhagem".
33 Naquela noite, deram vinho ao pai, e a filha mais velha entrou e se deitou com ele. E ele não percebeu quando ela se deitou nem quan­do se levantou.
34 No dia seguinte a filha mais velha disse à mais nova: "Ontem à noite deitei-me com meu pai. Vamos dar-lhe vinho também esta noite, e você se deitará com ele, para que preservemos a linhagem de nosso pai".
35 Então, outra vez deram vinho ao pai naquela noite, e a mais nova foi e se deitou com ele. E ele não percebeu quan­do ela se deitou nem quan­do se levantou.
36 Assim, as duas filhas de Ló engravidaram do próprio pai.
37 A mais velha teve um filho e deu-lhe o nome de Moabe; este é o pai dos moabitas de hoje.
38 A mais nova também teve um filho e deu-lhe o nome de Ben-Ami; este é o pai dos amonitas de hoje.

Inserida por 1bibliasagrada

No embalo do vento
palmeiras se abraçam:
dois amantes?

Inserida por ncrux

- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim!

Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:

- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.

- Eu sou seresteiro,
Poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro
Só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão.
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão.
Fui porta-estandarte,
Não sei mais dançar.
- Eu, modéstia à parte,
Nasci pra sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!

Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.

Deixa o dia raiar, que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser!

Inserida por gdumas

Quando eu te conheci aconteceu durante um tempo, dois tempos, três tempos aquele mini-segundo-que-parece-três-horas-de-espera-na-sala-do-dentista. E eu sabia de alguma maneira. Sabia sim, sabia que aquele dia iria mudar a minha vida. Eu sabia, tudo estava estranho, eu não estava planejando você, planejando a gente, a vida planejou por nós. E aconteceu de uma maneira tão serena e bonita como nada tinha acontecido até então na minha vida que eu cheguei a pensar por favor, pelo amor de Deus, tem alguém aí, me acorda que não estou conseguindo raciocinar direito. Pela primeira vez eu não pensei. E eu descobri isso agora enquanto escrevo. Não pensei em nada, eu que sempre penso desde que acordo, eu não pensei em nada. O problema foi decidir, sou libriana e não nego minha indecisão, mas eu decidi e fui sem pensar. Então, te encontrei. E naquele milésimo de segundo eu senti que tudo podia ficar mais simples. E ficou.

Inserida por biancavasconcelos

Sem Ana

Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.

Inserida por brunapinho

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos. Perdidos pelas noites invernosas. Abertos sonham mãos cariciosas. Tuas mãos doces, plenas de carinhos.

Inserida por ajeum

(…) Pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: amor.

Inserida por alines2

Sabe o que eu sinto? Tem duas coisas me puxando, dois tipos de vida — e eu não quero nenhum deles. Quero um terceiro, o meu.

Inserida por alines2

"Um homem que compra dois exemplares do mesmo jornal de manhã, ao sair da boate com sua garota, esse é um cavalheiro."

Inserida por jcsalomao

Não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias.

Inserida por patriciainoue