Silêncio
Compartilhar a sua dor com pessoas egoístas e alienadas não vai aliviá-la. Neste caso, prefira o silêncio e a reflexão.
Compartilhar a sua dor com pessoas egoístas e alienadas não vai aliviá-la. Neste caso, prefira o silêncio e a reflexão.
Suave música ao fundo
Só a quietude destoa
Baixas vozes melódicas
Aguçam estranhas manias
De empurrar o mundo.
Vento cantando
Sopra feito solidão
Voz única e violão
O mundo se move
Nesta canção.
Canto teus encantos
Repetindo o intérprete
Canto-te em mim
Na minha voz falsete.
Foi-se a meia noite,
A vida, a esta hora,
É o próprio silêncio
Que a gente cala.
SILÊNCIO DAS MADRUGADAS (soneto)
Ainda muita expressão não me avieste
As achatei nas lástimas e tão guardadas
Ações que pelo vento foram dispersadas
E na imensidão do cerrado se fez agreste
Tenho em mim sílabas em vão esperadas
Se devaneio é porque o sonho me veste
E frases trêmulas vão pelo espaço celeste
Enredando o destino com outras paradas
Foi quando o fado me fez centro oeste
Na busca das tão molestadas bofetadas
Das chagas, que a dor ornou com cipreste
Assim, eu, ainda tenho palavras caladas
Nas angústias do coração... tão cafajeste!
Que insistem no silêncio das madrugadas
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Eu vou me calar
Vou ficar em silêncio
Me trancar no quarto
E esperar o mundo girar
Eu vou fechar os olhos e dormir
Também vou tentar esquecer que eu preciso acordar
Me encolhi diante da raiva
Me esqueci o que me aliviava
Eu sou um erro...
Um ser desprezível...
Um zero a esquerda...
Não tenho valor algum...
To valendo menos que nota de 3.
Ah o que vai ser depois das 6?
Eu já nem sei que horas são..
Perdi os sentidos, a calma e a razão...
Eu olho para o espelho
E não vejo mais nada
Nem o meu reflexo
Não sirvo pra nada, eu não tenho mais nexo
To transparente feito o vidro...
A visão translúcida só permite enxergar
O que não faz parte de mim...
Eu vou me calar...
Suportar o silêncio em dor...
Até chegar o meu fim!
Se descortinássemos o véu das falsas aparências e a obscuridade da desconfiança, a eloquência se perderia no silêncio, sem a agressão das palavras supérfluas.
Sei lá
Sei que pesa
Também dói
Machuca
Fere bem profundo
A alma reclama
Seu cérebro
Apita
Sinal verde
Tenta passar
Permanece intacto
Sem sucesso
Numa lama
Tão malcheirosa
Se transforma
VENTO-LOBO
Vento-lobo,
Uiva o frio em todo o dorso
Na matilha, caceis o fogo
Fez do silêncio
Fagulhas à carne
Derreter o grito
D'algum inverno tolo