Seus Devaneios
Meu coração
Não tenho palavras. Ou talvez as tenha, mas elas se perderam em algum abismo silencioso. Não tenho sentimentos. Ou será que os enterrei tão fundo que já não os reconheço? Não consigo me expressar, não consigo me mover. Estou paralisado, preso em um limbo onde o tempo não flui, mas se despedaça.
Estou em uma viagem psicodélica interminável, onde o futuro me puxa para frente enquanto o passado me arrasta para trás. Sou um viajante sem destino, flutuando entre memórias que doem e sonhos que nunca se realizam. Me falta fôlego, me falta ar. Me faltam sentimentos para olhar para ti, para enxergar a beleza do mundo que insiste em brilhar, mesmo quando tudo dentro de mim é escuridão.
Estou perdido em um mar de pensamentos, um oceano turbulento onde cada onda carrega dúvidas, medos e angústias. E nessas águas, estou me afogando. Sem rumo, sem bússola, sou engolido pela correnteza dos meus próprios devaneios. Aos poucos, sou arrastado para o fundo, para um lugar onde já não me reconheço, onde já não existo.
O que faço para parar? Como encontro paz em meio a essa tempestade que habita minha mente? Como silenciar os ecos do passado e os sussurros do futuro?
O desejo nos satisfaz!
Quando uma energia resplandecente faz o coração pulsar de alegria iluminando os olhos, e os pensamentos se tornam devaneios, e sonhos calientes nas madrugadas dão o sinal de que algo maravilhoso está para acontecer!
Nada mais impede que um encontro de almas gêmeas se realize.
São muitos os presos aos arrependimentos e bons momentos do PASSADO e sonhando, nessa mesma cela, em devaneios de conquistas e tudo que não começarão.
Os lunáticos sempre estiveram à frente dos racionais. Mesmo antes de a razão permitir que o ser humano pisasse na lua, eles já a habitavam fartamente, devidamente equipados com seus devaneios, fazendo leveza daquilo que for gravidade.
Sou um pouco louco
com relação à minha sanidade,
mas muito lúcido
quando se trata de meus devaneios.
Um retalho de loucura
agrada-nos e é desejável.
Todos nós trajamos
os trapos da nossa lucidez,
mas ansiamos por desfilar
um pouco de elegância e requinte
contidos nos devaneios.
Quando penso que a fonte já secou
Logo ela ressurge
Umedecendo
Lavando a alma
Sem mesmo a tocar
Fazendo uma verdadeira tempestade
Os suspiros são como os furações
As lágrimas a chuva
E como uma manhã pós tempestade
O sorriso brota
Parecendo o sol
Trazendo luz
Esperança...
Meu sentimento por ti
É inefável
Sim
Inexplicável
Eu ingênua
Fui tentar compreender
E o que fiz ?
Foi me perder
Por você eu mudei
Eu me reinventei
Me desconheci
A morte beijei
Me tornei um zumbi
Ao qual não conhecia
Não sabia o que queria
Nem para onde ir
Mas o amor por você
Ainda vivi aqui
Se você me deixar
Tenha certeza
Que irei com você
Se não quiser
Beijar esse corpo
Que sempre foi teu
Minha vida será breu
E irei contigo
Se não em corpo
Mas irei em espírito
Porque não a vida
Se não for contigo
Sou literalmente
O próprio devaneio
Como a lua
Cheia de fases
E até faces
Falsa ?
Jamais
Apenas humana
Sou como uma fênix de cristal
Só que não faleço
Me quebram
E na tentativa de me suturar
Faltam pedaços de mim
Me tornando outra
Faltando
E também sobrando
Expirando sentimentos
Grande maioria são ruins
Tudo isso me torna outra
Vivo no luto
Porque sei que jamais serei eu novamente
Já me quebrei
Me quebraram demais
Impossível voltar a ser eu
Tu és a serpente com peçonha
Na minha vida
Me envenena
Me deixa quase morrer
No quase fim
Me dá o antídoto
O próprio
Instinto de sobrevivência
Me sabota
Muitas vezes é egoísta
Me faz ver miragens
No mar da solidão
Enxergo cais
Que não existem
Tenho medo de te deixar
Eu te amo demais
Ou será que amo um fantasma ?
Ou será que amo quem você mesmo me falou
Que fingiu ser alguém, que não era, para poder me conquistar
E depois do plano ter dado certo
Mostrou o seu real lado
Vivo confusa
Te olhando dormindo, e vejo o homem que amo
Vejo e ouço suas ações
E te desconheço
Acho que sou a esposa viúva
Só que de um marido vivo
O anseio em te deixar é muito grande
Eu prometi a mim
Que você seria minha última tentativa no amor
E parecia que estava prevendo
Porque sinto que já estou morta
E se não tiver mais você você na minha vida
O meu corpo já desalmado
Cairá de vez
Dói.
O desprezo dói.
A solidão dói.
Ver a pessoa que você ama
Ter tempo e paciência com todos,
Menos com você.
Olhar para ele
E perceber que qualquer companhia
Parece melhor que a sua.
Doeu ouvir
Que ele fingiu ser quem não era
Só para te conquistar.
Já passei tantas noites em claro,
Na verdade, no escuro, chorando.
Eu era o erro na família dos meus pais
E continuo sendo o erro na minha própria família.
Só vejo uma saída:
Sumir.
Para onde ninguém possa me achar,
Onde não serei um incômodo para ninguém.
Me esconder no mais distante breu.
E, se me acharem, só encontrarão os restos
Do que um dia minha carne foi.
Eu nunca pude chorar na casa dos meus pais
Sempre que eu não me aguentava mais
Me escondia para chorar
Hoje ?
Continuo não podendo chorar
Porque é me fazer de vítima
Ou para ver se o outro se comove
Eu nunca fui livre