Sertão
Virgulino e Maria.
Quantas batalhas venceu
da cara feia não temia
de combate nunca correu
cabra macho de valentia
mas Virgulino tremeu
e o coração se rendeu
aos encantos de Maria.
e sempre fora como a imensidão do mar,
porém, os dias castigam tanto,
que daqui a pouco virá Ser(tão), seco e árido.
Adeus meu chão.
Eu tinha uma vaca leiteira
do meu boi sinto saudade
a minha égua galopeira
vendi por necessidade
quando passei na porteira
a saudade foi inteira
e o coração pela metade.
Vida de mato.
Tem rio por entre a mata
tem galope no alazão
a colheita é sempre grata
com as delícias no fogão
não quero ouro nem prata
basta essa vida pacata
que tenho no meu sertão.
O sertanejo.
Se for luxo e riqueza,
num tem, não senhor.
A minha nobreza
é ser trabalhador,
que vem da grandeza
de alguém de valor.
Sem luxo.
É pela enxada que puxo
respeito e consideração
eu não preciso de luxo
de carro nem de mansão
basta a terra que repuxo
ter a comida no bucho
e muita paz no coração.
Meu roçado.
Desde a minha partida
não tiro leite de gado
não vejo a terra sofrida
não planto no meu roçado
se a chuva for permitida
o sonho da minha vida
É ter de volta o passado.
Galho seco.
A coisa está séria
não tem um atalho
sem água a matéria
resseca no galho
tem muita miséria
pra pouco trabalho.
Natureza.
Na cidade tem escassez
fartura aqui nunca faltou
você pensa no fim do mês
eu no que a gente plantou
fica com o que o homem fez
que eu prefiro o que Deus criou.
Segue o sonho...
Desistir, no dicionário nordestino
é uma palavra que está em extinção
no sertão o cabra aprende de menino
que vem da terra a base da sustentação
e a esperança sempre foi um dom divino
que segue o sonho em cada palmo desse chão.
A CAATINGA AMANHECEU EM FLOR
Você falou que iria voltar, para mim.
Você saiu e levou o sol.
Você guardou as estrelas, para se lembrar.
Quando eu fui tua mulher
Aqui nunca mais há luz
Aqui nunca mais foi dia
Ninguém veio terminar
O que na noite enfureceu
Você sumiu
E, a lua foi visitar o sol.
E deste amor veio o arrepio
Você me amou na cama
no nosso altar
E levou a menina, que vivia em mim.
Você brincou com meu coração
Me aprisionou na sua história
Cansada de esperar:
Morri para mim.
E de tanto chorar dissolvi em lágrimas o meu sofrer
Umedeci rio, alimentei a dor.
Transformei a caatinga em flor
Matei a sede
Da minha alma
E, a caatinga amanheceu em flor.
Meu mar invadiu o sertão
Deu cheia no rio
Meu mar invadiu o sertão
Umedeci rio, extravasei a dor.
Transformei a caatinga em flor
Vida Nordestina
Sou movido pela vida nordestina
Combustível inesgotável do meu ser,
Tenho a fé que um dia vai chover
Pra nascer de novo à plantação,
E colocar toda a fé no coração
Desse povo sofrido e humilhado.
Já escuto o vaqueiro apaixonado
Aboiando a canção do meu sofrer.
Minhas forças já estão quase esgotadas,
Foi embora minha saga e minha sina,
Sempre espero uma ave de rapina
Pra levar pra longe meu penar.
Um pouquinho de água pra tomar
É o fim da vida nordestina.
Lugar onde a felicidade se esconde
Lugar onde o que você procura
Há de encontrar
Lugar que antes um cerrado
Numa cidade viera se transformar
Lugar de gente bonita e cultura invicta
Lugar de mineiro do queijo e
Gaúcho do chimarrão...
Tu és Chapada Gaúcha...
Cidade no meio do sertão.
CADÊ VOCÊ.
Te esperei na primavera
prá regar minha plantação
já se foi outra quimera
não ouvi um só trovão
e a chuva quem me dera
dê um banho nessa fera
que maltrata o meu sertão.
Retrato de uma flor
Tão delicada era, que muitos julgavam ser feita de porcelana. Finos traços faziam dela única. Exoticamente bela simples era ela. Parecia pintada a mão, feita por um hábil artesão. Se dela fosse tirada uma fotografia, muitos diriam que aquela pequena rosa, era frágil, e só podia ter brotado na mais bem cuidada estufa. Mas só bastava, que o fotógrafo desse uns passos para traz, e capturasse o cenário no qual crescera a ternura. E todos se espantariam. Como é possível tão bela flor no sertão?
verde da cor.
Arde no peito essa chama
por este sol abrasador
do sertanejo que clama
a Jesus nosso Senhor
que bote fim nesse drama
e mande o verde da grama
que sossega a nossa dor.
sertanejo.
Que um dia Deus permita
que a chuva reapareça
que a terra fique bonita
que o verde dela floresça
e que essa dor infinita
que o sertanejo acredita
que ela enfim desapareça.
Meu chão!
É com a enxada que puxo
a semente pra esse chão
não trabalho pra ter luxo
basta o dinheiro do pão
tenho a terra que repuxo
boto a comida no bucho
e agradeço ao meu sertão.
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