Sertão
Eu sou nordestino
sou deste lugar
do sertão matutino
onde brilha o luar
que por Deus foi eleita
a terra perfeita
pro homem plantar.
NORDESTE!
Terra de céu brilhante
que o mar vagueia ao redor
sertão que segue aflorante
está cada dia melhor
se no Brasil tem gigante
o Nordeste é muito maior.
SERTÃO.
Shopping aqui não tem
não tem rua asfaltada
nunca vi metrô e trem
e nem casa conjugada
aqui nosso maior bem
é orar e dizer amém
pela terra abençoada.
TERRA.
Simplicidade não é pobreza
assim se vive no sertão
quem cultiva a natureza
na mesa garante o pão
e o trabalho é a riqueza
que engradece o cidadão.
Sou do sertão minha gente
me orgulho desse lugar
em cada palmo pra frente
sinto o prazer em plantar
e nessa terra carente
o valor de cada semente
é Deus quem vem semear.
Quem vive aqui no sertão
com tudo pode brincar
bola de gude e pião
e pipa solta no ar
quem corre de pé no chão
não pensa em celular.
RECORDAÇÃO DO MEU TEMPO NO SERTÃO
Versão Urbana ou Pardal
Eu já fui Curió,
Que só vive no mato,
Não vive na cidade.
Hoje sou Pardal,
Que não vive no mato,
Só vive na cidade,
Por circunstâncias,
Ou por necessidade.
Acho que sou um Curial,
Mistura de Curió com Pardal.
Acho que sou um Pardió,
Mistura de Pardal com Curió.
Como não consigo definir,
Deixa assim que é melhor.
Vez em quando dói o coração,
Na cabeça vem recordação,
Do meu tempo no Sertão.
Quando não aguento a saudade,
Junto vara de pesca e carabina,
Deixo a cidade e vou pro sertão,
Pescá recordação e matá saudade.
Minhas filhas me dão tanta alegria,
Enviando fotos e vídeos de pescaria,
Ver os nétos aprendendo a usar vara,
Prá pesca lambari, bagre, lobó, piapara...
Não importa tipo e modelo de vara.
Nem espécie e tamanho de peixe,
Mas só a alegria de pescar,
Escutando seus pais falar:
Sobre catar e chupar guavira,
Guabiróba, guapeva, jaracatiá,
Coquinho pindó, macaúba, bocajá,
Comer marolo, goiabinha do campo,
Comer ariticum cagão,
Pouco prá não dar diarréia,
Comer jabuticaba do mato,
Pouca prá não entupir,
Tirar palmito, mel de európa e jatei...
Essas e muitas coisas que eu vivi...
Por isso é tanta recordação...
Quanta saudade do sertão...
Saudades dos parentes,
Povo bom e boa gente,
A grande maioria vivia,
Em sítios e fazendas,
Dentro dos sertões.
Longe das cidades.
Tantas recordações,
Quantas saudades...
Marsciano
Solidão/PE
A Solidão que descrevo em verso
É o horizonte promissor do sertão
Um espaço bucólico no universo
Que encanta e comove em oração
Terra de gente singela
Que sonha à espera da sorte
Enquanto constrói com cautela
O caminho para manter-se forte
Do menino ao velho sábio
Histórias de fé não faltam por lá
Romeiros em visita incansável
Buscam conforto, entoam cantos como sabiá
Sob as bênçãos da Senhora de Lourdes
Toda Glória para a cidade e seus filhos
Uma grande família e união, suas virtudes
Querem, ó Pai, que lhes indique os trilhos
Na praça sob a sombra e frescor
A boa prosa dura o tempo esquecido
O ir e vir de um povo acolhedor
E o ficar sob o azul mais unido
Com o xaxado é festa, é magia
Com a sanfona é cantoria, é prazer
As carências não sufocam a alegria
Pudera todo filho neste berço permanecer
Não conheço a terra Solidão
Mas de longe cultivo carinho
Imaginando o viver na região
De certo ninguém lá é sozinho
Encerro estes versos com esperança
De um dia todo o povo abraçar
Até lá o meu desejo é bonança
E conquistas possam todos celebrar
Em um canto do Sertão
Ao ritmo lento da melodia, vou caminhando.
O sertão é o meu lar, onde o vento sopra contando…
Cada árvore seca, cada chão rachando.
Essa é a poesia viva de uma terra abençoada.
O calor incha a pele, mas aquece o coração.
Na aridez do tempo, a minha música cresce.
A natureza se expressa em silêncio profundo.
Com a simplicidade, consigo compreender o mundo.
A água do rio é a dança dos galhos.
O céu estrelado é como um antigo atalho.
No sertão, sou parte dessa imensidão.
Vivência e raiz, tocando o meu chão.
Tocando minha boiada enfrentei os perigos da estrada, no sertão selvagem e deserto vi a morte de perto, enfrentei vacas brabas, fugi de cornadas,coices e chifradas, lacei muitos bois xucros na invernada, mas não fugi do laço de uma Mulher apaixonada.
No chão do jardim, eu plantei uma flor do meu sertão,você com o seu olhar , plantou seu amor no meu coração.
Viajando pelo sertão, tocando minha boiada e cortando estradão, eu vigiava para o gado não ser roubado, mas eu encontrei uma mulher que roubou meu coração, apeei do meu cavalo, não toquei boiada mais não, minha vida sofreu um abalo, coração estremeceu ao ser roubado por uma morena que até hoje não me devolveu.
Levando a boiada nas estradas do sertão, minha boiada sentia, falta de alimentação, mas sempre se alimentava um pouquinho do capim da beira do caminho, mas este peão sentia no coração, a falta dos seus carinhos.
Chuvinha cai no sertão, molha a sementinha que luta com bravura na secura do árido chão, sendo regada pelo próprio Deus, no renovo da beleza e o amor do criador, vai florir de novo a natureza, brotando, tomando a brisa do vento e vivendo ao relento, mostra seu talento e valor, e para encantar a gente, em pouco tempo a feia semente será uma linda flor.
Mesmo na tecnologia da cidade, em qualquer idade, quem nasceu no sertão vai sempre se lembrar do privilegio e a felicidade de amar sob a luz do luar.
Flor silvestre do meu sertão, no seu olhar vejo vida e paixão, o seu amor é flor nascida no coração.
A flor doméstica perfuma a cidade, a flor silvestre os campos do sertão, a nossa amizade é a flor que perfuma o nosso coração.
Flor nasceu; no capim do sertão e no Jardim da cidade, no seu coração pra mim nasceu, a flor da sua amizade.