Sertão
Veio chuva.
Não pense que o sertão
tem seca por todo lado
por aqui tem plantação
e tem verde no roçado
o nordestino em oração
agradece de coração
por tudo que tem plantado
Grãos.
Aqui no meu sertão
temos a fertilidade
o prazer de arar o chão
e ter grãos de qualidade
quando é boa a produção
a gente aluga um caminhão
e vende tudo na cidade.
A natureza aqui investe
no verde da plantação
no mar de azul celeste
e nas belezas do sertão
quem fala mal do nordeste
só pode ser cafajeste
ou quem não vale um tostão.
Nato compositor
Sou um nativo,
Trovador lá do sertão.
Vou improvisando sozinho,
Com as dores do meu coração.
A bota de couro
Vai chiando no estribo,
E o meu cavalo,
Vai levantando poeira no estradão.
Derramando lágrimas,
A nevoeira vai acentando no chão.
Levo comigo,
Uma sacola em mãos,
Mantimentos,
Um deles arroz e feijão.
Levo também meu amigo,
Um cachorro da raça pastor alemão.
Naquela fronteira,
Antigamente eram tudo flores.
Depois que decidi,
Amanheci deixando saudades.
Nem disse adeus,
Parti não devendo um tostão.
As aves que voam no céu,
São minhas companheiras.
Para onde eu vou,
Elas migram comigo ao léu.
Na cintura,
Uma fita de couro suporta meus trajes.
Entender minha jornada,
Não é tão fácil assim não.
Se canto sentindo tormentos,
Espanto até os que comigo vão.
Mas logo tudo se acalma,
E eles voltam a comer,
Nas palmas de minhas mãos.....
Não posso mudar o meu destino,
Faço de mim o meu próprio momento.
Sou tímido,sou expressivo
Um nato compositor,
Ingênuo,
Natural e acaboclado...
Tem horas que sou civilizado.
Outras horas um índio mestiçado...
Passivo,paciente e de boa mente.
Vou compondo canção.
Para todo tipo de gente.
Insisto,
Porque tenho fé em Jesus Cristo.
Ah! Se não fosse ele.
Nessa hora eu estava era frito....
O fim de tudo para mim.
É um segredo ainda não revelado.
Vou vivendo meus dias.
Com o meu lápis sempre apontado.
Do nascer do sol,
Ao poente de cada tardinha.
Tomo banho no Ribeirão.
E aproveito pesco sardinhas.
A cair da noite.
Pego no sono profundo.
Ao acordar.
Faço meu precioso café.
Para esquecer,
Até que sou desse mundo.....
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa
VIAS!
Por esse país desatino
andei sem ter medo nenhum
quem vem do sertão sem destino
o difícil se torna comum
qualquer um pode ser nordestino
mas nordestino não é qualquer um.
Nossa terra é um presente
lugar que se vive bem
aqui o mar tem água quente
e o sertão é um harém
é fácil falar da gente
difícil é viver contente
sem ter o que o nordeste tem.
ROTINA DO SERTÃO
É tão bom viver a vida
Na rotina do sertão.
Bem cedo tomo o café,
Depois vou à plantação.
Levo o gado pra pastar,
Vendo a tarde só passar,
Com Rosa no coração.
CASTELO ZÉ DOS MONTES
O castelo Zé dos Montes,
Situado em Sítio Novo,
Bem no sertão potiguar,
É obra que é do povo.
Faz um grande labirinto,
Acredite pois não minto,
Lá feliz eu me comovo.
TRIUNFO
Encravada no sertão
Numa serra elevada
A cidade de Triunfo
Parece refrigerada
E pra não levar revés
Com a mínima de dez
Só saia agasalhada
TAPERA ESQUECIDA
De passagem no Sertão,
Eu parei pra contemplar
A tristeza de um lugar
Esquecido num grotão.
A palavra solidão
Não descreve uma tapera
Tão deserta que coopera
Com o vil termo ruína...
A Caatinga Nordestina
Dizimada não prospera!
Na tapera eu vi sentido
D’um celeiro de lembrança
E lembrei que fui criança
Num lugar bem parecido.
Senti-me desprotegido,
Órfão de identidade
Tomado pela saudade
Do meu tempo pueril...
Retomei o meu perfil
Com certa dificuldade!
No terreiro desolado,
Um grande mandacaru,
Ao longe pés de umbu,
Pinhão na cerca trançado
Que apesar de estar florado
Parecia mais alerta
Naquela cena deserta
Como um aflito recado
De um chão desertificado
Em decadência, na certa.
Apenas um solitário
Concriz catando no mato
Na calha de um regado
Seco compondo o cenário,
O pássaro qual relicário
Trouxe-me sinal de vida.
Apressei minha partida
Um tanto impressionado
Por ali ter contemplado
A tal tapera esquecida.
Nordeste minha morada
da cultura e da beleza
tem água doce e salgada
e no sertão tanta riqueza
quem fala da terra amada
ou não entende de nada
ou é burro por natureza.
"Assu, pátria amada do meu sertão, ressecada, sem inverno e de verão. Calor não falta, suor e 'fogueirão'. Brasa tem de sobra para esquentar nossa paixão. Quero ver derretidinho o seu lindo coração."
Quero sair da cidade
Pro sertão vou viajar
O botão do paletó
Quero desabotoar
Calçar a minha chinela
Ver o campo da janela
No roçado descansar
No sertão se abranda
o vento que se propaga
a natureza é a varanda
de onde escuto Gonzaga
a água São Pedro manda
e a luz Deus é quem paga!
Outono
" Folhas secas
caem ao chão.
Noites frescas,
luar no sertão.
Prenúncio de
aconhego,
já é
outono no
meu coração.
Passam - se os dias...
Renovação!
Vou florir na próxima estação..."
Lá no sertão nordestino
E de forma espontânea,
Nasceu um grande poeta
Em uma família idônea
Luiz Wilson poeta
É de linhagem seleta,
Da cidade de Sertãnea.
(Léo Poeta)
Do campo ou da cidade
o sertão é vasto
Do coronel que é a autoridade
Ou da vaca que come no pasto
onde que o sol nasce
Do leste a oeste
O feijão que experimentasse
É coisa do nordeste
Esse é o lugar
Onde tudo começou
Mais não vou detalhar
De Quando o mar os portugueses atravessou
Quando a chuva começasse
A seca terminasse
A terra melhorasse
A Vitória conquistasse
O nordeste é desse jeito
Uma terra de respeito
Sem preconceito
Um lugar perfeito
AQUARELA DO SERTÃO
Entardece na cidade,
o céu é alaranjado,
se misturam novas cores
e ele fica avermelhado.
Aquarela do sertão,
nuvens pintadas a mão,
arte viva no roçado.
O nordestino é um guerreiro
sem medo nem falsidade
que trabalha o dia inteiro
no sertão ou na cidade
quando o ser é verdadeiro
pode até faltar dinheiro
mas sobra dignidade.
Luar do meu sertão
Vivo no meu mundo sonhando,
E sinceridade falando,
No universo em que vivo,
Me sento para compor agora,
De manhã bem cedinho,
Antes de raiar o dia,
O meu galo carijó,
E o meu despertador,
Suas asas batem forte,
La no galho do paiol,
Levanto da minha rede,
Acendo o fogão de lenha,
Minha chaleira na chapa,
Esquenta que relampeia,
Chaminé feita de barro,
Abro a tampa para soltar a fumaça,
La na gruta,
Os bezerros berram de fome,
Abro a janela de madeira ripada,
Um odor invade a cozinha,
É o cheiro da relva,
Misturado com o gramado,
Flores de framboesa,
Cerejas e hortelãs,
Meu Deus do céu,
Esse mundo é bom demais,
A capa fina de neve,
Cobre o cerrado na montanha,
Vou para o piquete,
E laço meu manga larga,
Seu nome é travesso,
E de sua mãe é beleza,
Jogo a cela no seu lombo,
Ele parece que vai saltar,
Sua felicidade é tanta,
Que relincha nas estribeiras,
Sem esporas e sem chicote,
Damos uma volta na fazenda,
Juntamos a vacada,
Para o alimento das crianças,
Duas tetas pros filhotes,
E duas para o leite e o queijo,
Na garoupa um laço de corda,
Material de primeira,
No roçado,
Milho ,arroz e feijão,
Do outro lado,
Canavial e algodão,
Uma época é soja e trigo,
Girassóis na vastidão,
Suas cores amarelas,
Dói até minha visão,
Nem sei se estou sonhando,
Ou ainda acordando,
Toco viola,
Para saborear o que estou falando
Ahooooo pedaço de paraíso
Se compus essa canção,
É porque moro aqui no fundo,
No luar do meu sertão.....
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa