Sertão
Amores passageiros são como chuva de verão...
Amores impossíveis são como chuva no sertão...
Amores duradouros enquanto dura a ilusão...
Amores verdadeiros? Ah, esse sim não se apaga não...
Uma paixão...
Meu São João!
De cantigas, do sertão
De fogueira, de balão
Ai meu coração!
Das memórias mais saudosas
Guardo as mais gostosas
Da pipoca, do milho, do aluá
Do cuscuz ao mungunzá
Anavantu, anarriê!
Merci beaucoup
Não há de quê...
A água por aqui é rara
mas o chão tem qualidade
no sertão o tempo para
pra viver a liberdade
porque ter uma vida cara
não quer dizer felicidade.
A natureza aqui investe
no verde da plantação
no mar de azul celeste
e nas belezas do sertão
quem fala mal do nordeste
só pode ser cafajeste
ou quem não vale um tostão.
Nato compositor
Sou um nativo,
Trovador lá do sertão.
Vou improvisando sozinho,
Com as dores do meu coração.
A bota de couro
Vai chiando no estribo,
E o meu cavalo,
Vai levantando poeira no estradão.
Derramando lágrimas,
A nevoeira vai acentando no chão.
Levo comigo,
Uma sacola em mãos,
Mantimentos,
Um deles arroz e feijão.
Levo também meu amigo,
Um cachorro da raça pastor alemão.
Naquela fronteira,
Antigamente eram tudo flores.
Depois que decidi,
Amanheci deixando saudades.
Nem disse adeus,
Parti não devendo um tostão.
As aves que voam no céu,
São minhas companheiras.
Para onde eu vou,
Elas migram comigo ao léu.
Na cintura,
Uma fita de couro suporta meus trajes.
Entender minha jornada,
Não é tão fácil assim não.
Se canto sentindo tormentos,
Espanto até os que comigo vão.
Mas logo tudo se acalma,
E eles voltam a comer,
Nas palmas de minhas mãos.....
Não posso mudar o meu destino,
Faço de mim o meu próprio momento.
Sou tímido,sou expressivo
Um nato compositor,
Ingênuo,
Natural e acaboclado...
Tem horas que sou civilizado.
Outras horas um índio mestiçado...
Passivo,paciente e de boa mente.
Vou compondo canção.
Para todo tipo de gente.
Insisto,
Porque tenho fé em Jesus Cristo.
Ah! Se não fosse ele.
Nessa hora eu estava era frito....
O fim de tudo para mim.
É um segredo ainda não revelado.
Vou vivendo meus dias.
Com o meu lápis sempre apontado.
Do nascer do sol,
Ao poente de cada tardinha.
Tomo banho no Ribeirão.
E aproveito pesco sardinhas.
A cair da noite.
Pego no sono profundo.
Ao acordar.
Faço meu precioso café.
Para esquecer,
Até que sou desse mundo.....
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa
VIAS!
Por esse país desatino
andei sem ter medo nenhum
quem vem do sertão sem destino
o difícil se torna comum
qualquer um pode ser nordestino
mas nordestino não é qualquer um.
URANDI
Urandi é uma terra rica:
Reses, água e produção!
Afresco da natureza,
Nosso oásis do Sertão!
De sina para o progresso,
Instiga brio e projeção!
OÁSIS DO SERTÃO
Urandi, oásis do Sertão,
Bem na divisa com Minas;
Tem indústria e irrigação
Com suas águas cristalinas.
Teve a primeira prefeita
E minério nas colinas.
O VALE DOS ENGENHOS
Urandi com muitos rios
é o Oásis do Sertão.
Imagina tudo preservado,
antes da depredação.
Tinha água o ano todo,
podia fazer irrigação.
Faziam muitos açudes
pra molhar a plantação.
O rio Raiz era o mais forte,
molhava muita roça de cana;
movia até engenho de ferro,
uma das maiores fontes de grana.
Eram muitos engenhos
rodando ao longo do rio.
No tempo da moagem
podia estar quente ou estar frio.
Quando os bois puxavam
o engenho rodava;
jorrando garapa
quando a cana esmagava.
Tinha muitos alambiques
de cachaça de qualidade.
Tinha muitos acidentes
mutilando com fatalidade.
Produzia também rapadura
e mel com total perfeição;
além do tijolo e da puxa,
tinha o bagaço pra criação.
O rio agora está seco,
não tem mais plantação.
Do engenho pode ter ruína;
o que resta é só a recordação.
O RIO RAIZ
Esse presente da natureza
Que nos deu em pleno Sertão,
Jorra água milagrosamente
E só pede em troca preservação.
O rio Raiz é a nossa maior riqueza
E sua nascente é na serra dos Gerais.
Ele Jorra a melhor água do mundo
Pra matar a sede do homem e animais.
Irriga lavoura e abastece a cidade.
Ele á a razão da nossa existência,
Mas o urandiense não agradece
E maltrata por não ter consciência.
Sua força moveu engenho,
Roda-d’água também moveu,
Fez monjolo funcionar
E a lagoa de Urandi encheu.
Serviu água pra maria fumaça,
Gerou energia elétrica.
Urandi foi pioneiro
Em instalação de hidrelétrica.
A energia era fraca;
Não tinha tecnologia,
Mas dava pra iluminar,
Só não era igual hoje em dia.
Por aqui andou Virgulino
carregando sua patente
o carcará cantava o hino
no sertão de terra quente
entre a seca e o destino
terá sempre um nordestino
com a missão de ser valente.
No sertão cenas reais
de um cenário deprimente
sem verde nos matagais
o poder se torna ausente
e no centro das capitais
o preconceito mata mais
que a dor que fere a gente.
NO SERTÃO!
Quem quer paz e tranquilidade
assossega e não tem pressa
fica velho na idade
mas o corpo não regressa
lá pras bandas da cidade
tem vida boa e qualidade
mas pra mim não interessa.
A seca ainda castiga
alguns pontos do sertão
mas tem água que irriga
vindo da transposição
quem trabalha não mendiga
corre,luta, encara e briga
e agradece em oração.
Salve, salve essa região
não me venha com pantim
do litoral ao sertão
o nordeste é um jardim
ao preconceito digo NÃO
mas pro respeito digo SIM.
São Pedro abriu o chuveiro
pra acabar com a rachadura
molhando o sertão inteiro
e florescendo a agricultura
pelas contas do roceiro
na mesa do brasileiro
esse ano tem fartura.
Licença poética:
Existe uma canção no silêncio de um fim de tarde,
Assim é o pôr do sol no sertão, a lua toca violão,
Quando a fogueira acende a saudade.
O nosso amor é infinito
essa beleza me seduz
o sertão é meu destrito
o sol forte é a minha luz
e o nordeste é tão bonito
que até hoje eu acredito
que é o refúgio de Jesus.
Quem pensa que o Nordeste
só tem sertão, seca e fome
que só no Sul e no Sudeste
o que é de bom se consome
eu falo pra quem conteste
na terra que a gente investe
o povo escolhe o que come.