Sertão
O sertão parece ser tão calmo,
Até o anúncio da irrigação,
O solo se torna alvo,
Na seca se encontra o pão.
A lua sempre inspirou as almas romanticas...
É como é romantico namorar ao luar do sertão,
ou na praia, ou na serra...
Ou onde exista um belo luar...
Osculos e amplexos,
Marcial
A LUA ESTIMULA O AMOR
Marcial Salaverry
Para entender os efeitos da lua sobre as almas romanticas, basta entender que é um ponto sobre o qual não existem controvérsias, ou seja, a influência que a lua exerce sobre os apaixonados, e isso é realmente algo curioso, mas é totalmente real, pois quando estamos ao lado de quem amamos, e a lua sempre se apresenta bela e radiosa, e parece que estimula mais nosso libido, deixando-nos ainda mais enamorados. E a lua cheia é a campeã do início de muitos romances, e de muitas crianças também...
Parece que a mesma força que nossa prateada amiga exerce sobre as marés, e sobre os nascimentos, exerce também sobre nossos ímpetos românticos, deixando-nos mais propensos para o amor, e é indiscutível que a força da lua controlando o movimento das marés é fato provado cientificamente, bem como sobre os nascimentos, pois as noites de lua cheia são as campeãs na maternidade, provando que efetivamente influi e muito desde o início de nossa vida. Dizem, aliás, que as crianças nascidas em noites de lua cheia terão o espirito mais romântico do que as demais. Contudo, a força de nosso astro prateado sobre o amor é fato provado apenas emocionalmente.
Poetas, escritores, compositores já nos brindaram com maravilhosas composições falando da lua e de seus efeitos sobre corações apaixonados. E quem somos nós para discutir com tanta gente de talento. Prefiro endossar, assinando embaixo do que eles dizem, ainda mais que sempre apreciei uma linda noite de luar, seja numa praia deserta, no sertão, ou no alto de uma serra, e numa viagem de navio então, é algo divino...A lua faz bem um bem incrível para as almas romanticas...
Alguns mais céticos dizem não sentir nenhuma influência do luar, e acredito que na verdade, talvez lhes falte um quê de romantismo, eis que é preciso deixar aflorar nosso lado romântico, para sentir realmente a influência lunar. Peço não confundir influencia lunar, com influencia lunática. Existe alguma semelhança, mas o efeito é completamente diverso.
Nosso cancioneiro, em uma grande quantidade de músicas lindíssimas, nos mostra belas imagens do poder amoroso da lua, e o interessante é que, quando falamos de lindas noites de luar esplendoroso, a primeira imagem que nos vem à mente, é do luar do sertão (uma das mais belas páginas de nosso cancioneiro), ou então do luar visto e sentido, quando estamos em uma praia deserta, ao lado de nosso amor, simplesmente abraçados, curtindo uma noite de luar pleno, com miríades de estrelas faiscando ao seu redor. Quem já experimentou, garanto que nem sentiu os mosquitos em volta...
As luzes da cidade e seu burburinho parece que ofuscam um pouco o brilho do luar, e não nos inspira tanto. Na cidade grande não encontramos tanto clima natural para o romance. Então temos que substituir estrategicamente a força "inspiracional" da lua por outros meios. Os efeitos podem ser os mesmos, mas o prazer talvez não seja tão romanticamente sentido. Falta aquele algo mais que a luz do luar nos traz (particularmente a lua cheia).
O namoro à luz do luar, seja no campo ou na praia, quando a escuridão natural da noite é quebrada apenas por essa luminosidade natural, é insuperável. O clima de romantismo assim criado é algo que... bem, quem ainda não sabe, experimente... Garanto que vale a pena. Se estiver vivo, certamente vai gostar...
Acredito que toda aquele ou aquela, que tiver um espirito romântico, sem duvida estará concordando que a luz do luar, claro que na companhia adequada tem um efeito devastador sobre o chamado juízo e bom senso, recomendando-se, portanto, certos cuidados em seu uso, precisando de evitar certos efeitos colaterais...
Esperando uma próxima noite de lua cheia, desejo-lhes UM LINDO DIA, e que seja complementado por UMA LINDA NOITE DE LUAR...
"A fulgurante beleza da lua,
representa a mulher
que se oferece... bela...nua...
Marcial Salaverry"
Doutor do sertão
Sou poeta, agricultor e vaqueiro
Sou mais um filho desse nordeste brasileiro,
Da palma verde ao solo rachado
Pense num Nordeste caprichado!
Bebi água de pote e me furei na macambira,
Desde criança era de baladeira
que eu treinava minha mira.
fachear era brincadeira de infância
ô saudade arretada daquele tempo de esperança.
A terra secava que chegava a rachar
Mas eu era moleque e só pensava em brincar.
Baixinha de corpo magrin, mainha mata um leão por dia
E eu comendo meus passarim, só agradecia.
A vida parecia ser pequena, mas nordestino é batalhador
Fui para a cidade grande, me inventei de virar doutor
Ô sofrimento da gota serena,
Trabalhei mais que beata fazendo oração,
Mas só de lembrar do meu sertão, já me corta o coração
Saber que eu tenho água nos canos,
E mainha ainda tá trabalhando as 18 horas do dia
Carregando água pra dar de beber a nossa famia.
Painho eu nunca vi, o Pai de cima levou de mim,
Mas de herança, papai deixou a enxada
Que muito já me servia, era pra ajeitar a terra e limpar o feijão
E foi com isso que mainha nos deu educação.
E hoje, lembrando do meu sertão,
Senti foi falta do meu cuscuz,
Mas tenho fé em meu Jesus
Que um dia eu consigo voltar.
Vou ligar pra minha véia e dizer que me achei
Perdido em outros estados vou dizer quem me tornei;
Sou poeta, doutor e serei sempre vaqueiro
Sou mais um filho desse nordeste brasileiro.
@CarvalhoEscrito
Sou do Nordeste
Nordestino sim sinhô
Nascido nas bandas do sertão
Mas tome cuidado e preste atenção
Que eu posso ser matuto,
Mas besta eu num sou não!
Ser do interior, nunca me fez inferior,
Muito pelo contrário...
Eu sou de uma terra arretada
Que bem pertinho de mim nasceu Lampião e Luiz Gonzaga. é...
Berço cultural, terra de gente criativa
Foi daqui que saiu Castro Alves, Ariano, Patativa, e muitos outros que nesses versos nem iriam caber!
Eu sou de uma terra riquíssima
De coisas que o dinheiro não pode comprar
De lindas paisagens, vasta cultura, de um sotaque gostoso e da culinária que é apreciada em todo lugar!
Pra num ser tão demorado
Ligeirinho vou te explicar
Deus caprichou, fez tão caprichado
Que o Nordeste é tão bom, que consegue ser tudo de bom, e ainda sobrar um bocado!
Seus olhos reluzem
Como brilha o sol no sertão
O calor que neles habita
Invadiu meu coração
Seu sorriso é uma foqueira
Como aquelas de João
Seu beijo é como as cantigas
Que manda embora a solidão
Sua beleza me fascina
Deixa o cabra todo bobão
Seu amor me contagia
Grito isso em todo sertão
Mas a saudade que me habita
Faz tudinho corroer
Ai, quem me dera voltar
Tô morrendo de saudades
Docê.
O sertanejo se alegra, com a chuva no Sertão. Madruga logo cedinho, levando consigo seu gibão. Vai pra roça, no sustento de seu pão.
MAR!
Trecho da Peça: O Sertão Vai Vira Mar
Com o tempo, a quentura e a seca começaram a fazer parte do dia a dia de todos.
De tão quente e tão sem chuva, pouco a pouco as pessoas daquela cidade foram indo embora, deixando suas casas, suas histórias e seus animais!
Os animais!
Esses sentiram os efeitos da seca.
Poucos restaram naquele sertão.
Sofreram muito com a saída dos homens, mas tiveram que lidar com o que tinham.
Cada um, do seu jeito foi se preparando para o dia que o Sertão virasse Mar.
Isso mesmo, de acordo com as teorias da Senhora Asa Branca, um dia o Sertão viraria Mar e quem não preparasse o seu barquinho, não teria chance de sobreviver.
Ninguém nunca imaginaria que o grande problema de todos, a falta de agua, seria agora, justamente um novo problema, só que ao contrário, a pá virada virou de vez, e ia ser agua demais, agua pra encher as bacias, lagoas e até uma cidade!
Um mar!
SOLO.
Amanhecer no sertão
é um presente Divino
é sentir a plantação
é ver o sol cristalino
é não ter poluição
é ter orgulho do chão
onde nasce o nordestino.
NO MEU SERTÃO
Hoje no meu sertão o Bode tem que estar cercado, amarrado, vigiado, caba armado, acordado e com os olhos arregalados e ainda assim o Bode é roubado.
O pacato cidadão que mora lá no Sertão.
Os calos nas mãos de tanto puxar a enxada.
Da vida moderna não sabe nada.
Levanta o chapéu e da testa pinga o suor.
Pega o lençol e dá nó.
E com a habilidade de uma das mãos apanha feijão.
Olha pro Céu e diz:
“Vixe Maria!” O Sol está no meio do céu! Já é meio-dia.
Em casa o feijão está cozinhado.
De lá do roçado ele sente o cheiro do cuscuz.
Pensando consigo diz:
Ah Jesus! Vou cuidar, ainda tem a carne pera assar.
Almoça o feijão com carne e cuscuz.
Agradece a Deus com muita ternura.
Adoça a vida com um “pedaço de rapadura".
Poeta Adailton
SAGA DE LUZIA-HOMEM
A seca castigava o Ceará
Luzia era a retirante,
Cabocla formosa do sertão.
Numa região quente elegante
Emprega-se numa obra
P'ra contrução d'um presídio
fino e elegante.
Ara chão!
Surgi o sol na alvorada
com seus raios de quentura
quem no sertão faz morada
investe na agricultura
deixa o chão da terra arada
que na primeira chuvada
no plantio vai ter fartura.
Um vaqueiro nordestino, morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido nas quebradas do sertão
Nunca mais ouvirão seu cantar
Meu irmão
Sacudido numa cova
Desprezado do senhor
Só lembrado com o cachorro
Que ainda chora sua dor
SEGUE!
No sertão nordestino
pela seca causticante
nesse clima em desatino
num interior distante
segue firme seu destino
o sertanejo desbravante.
SUGUE!
No sertão nordestino
pela seca causticante
nesse clima em desatino
num interior distante
segue firme seu destino
o sertanejo desbravante.
Meu amor de ontem
Ele havia chegado.
Foram 25 cinco anos de sertão. Barba por fazer, desodorante faltando, mal-cheiro falando.
Português capenga, só ficava rachando lenha, trabalho braçal mesmo. Verbalizar algumas palavras somente depois de uns goles de pinga.
Até que morava bem, num “igarapé” fresquinho às margens do Rio das Mortes, uns 100 quilômetros da cidade, na seca. Na chuva nem tiro ideia. Ventilação só do vento nos buritis.
Lugar bonito por lá. Tem duas estações: a seca e as águas. Ouvi dizer que vendem perfumaria nos alagados.
Vizinhança próxima, toda sorte de animais silvestres e rastejantes.
Ele me explicou bem como era feliz. E fez esta viagem com proposta de sermos mais unidos.
Na verdade fiquei embasbacada e pensando se o banheiro
tinha lixa de pé e “bidê”.
Olhei sua camisa de um algodão rústico e desbotado, seus pelos agora também descoloridos saindo revoltos entre os botões.
O vento derrubou meu chapéu panamá e ele não se inclinou para pegá-lo.
Disse que tinha hóspedes e muita pressa.
Saí da conversa com um calor sufocante e uma pergunta im- pertinente.
“Será ele o mesmo que tanto amei ?”
Ele virou Anhanguera e não o reconheci.
Lembranças, às vezes, é um lugar confortável.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Vida de sertão!
A seca me maltratava
me trouxe judiação
a chuva ameaçava
só não caia no chão
mas se a água brotava
nenhum motivo faltava
pra se viver no sertão.
Gosto das areias secas do sertão
Meu nordeste árido, com pequenas manchas perdidas na vastidão
Dessa caatinga estorricada do sertão.