Sertão
Eu sou filho do sertão
que o lampião ilumina
eu sou dessa região
onde a semente germina
das amarras do mourão
sou um pedaço de chão
com a vertente nordestina.
O pouso da Asa Branca
O sertão de asas cortadas.
Tempos, eras, jornadas.
Povo que não desisti.
O plantio que existe.
A seara do Senhor.
Sertão da aquarela.
A mulher humilde bela.
O homem sonhador.
A seca colocou sabor de prantos em nossos lábios.
Água que nos sustentou.
É verdade que as pálpebras sangram.
O coração, uma Bahia que a água desaguou.
Lá pro Norte.
Cheiro de capim forte.
Não morre.
A essência do homem vibrador.
Mesmo na escassez, creiamos, a asa branca foi, voltou.
Aliás ela nunca fugiu.
As asas sempre abriu.
No coração do Brasil.
Ela pousou.
Nos flancos da dor.
Do deserto.
Do homem inquieto.
Da mulher sedenta de esperança.
Vem avança.
Chamamos as asas do amor.
Chuva, Sol, Vento, a tua força, tua energia.
Vigor do céu.
Que vence as ondas turbulentas.
Toda manifestação violenta.
Que tenta colocar o véu.
Asa branca.
Voe em todas as pastagens.
Nas florestas de Asfaltos.
Gira veloz como Falcão.
Águias, muito mais que a imaginação.
Oh Asa Branca, tua chama, tua inspiração.
Apesar do pranto gratidão.
A Baía, asas de expansão.
Veja o Nordeste.
Nas tuas asas, nosso coração.
Brasil, teu sopro, vigorando as asas, da esperança, seara, rio do Sul e Norte, suspira como toda região.
Vida, pouso da Asa Branca, como uma constelação.
Giovane Silva Santos
o mandacaru amanheceu coberto de flor,
para avisar que a seca no sertão chegou,
o sol queimou a plantação do lavrador,
o camaleão se camuflou com medo do predador.
Quando a seca chega é para preparar o sertão
os ventos semeiam as sementes por todo chão
os raios clareiam o céu com o ronco do trovão
a chuva cai e faz a semente germinar e a vida brotar de baixo do cão.
O homem do sertão é castigado e sofredor
cresce com os pés no chão, não toma remédio e nem conhece doutor
quando a chuva cai no chão, deixa a caatinga verde coberta de flor
só chuva para alegrar o coração de um homem tão sofredor.
Eu nasci e me criei, nas terras do sertão
com sol e chuva trabalhei, no cabo do enxadão
tenho muitos calos secos, na palmas das minhas mãos
os meus pés estão rachados por causa da poeira quente do sertão.
Conhecia a história de Lampião, contada pelo o meu a vô,
Lampião, foi cruel no sertão, muita gente ele matou,
se vingou dos fazendeiros, roubou Joias e dinheiro, matou coronel e doutor,
na cidade de Itiúba, Lampião tentou mais não entrou,
a cidade é protegida, dos dois lados tem serras, até parece uma avenida, tem uma entrada e uma saída até parece trincheira de guerra,
Lampião jurou, Itiúba abelha dourada eu não tenho medo de ferrão, por isso me chamo Lampião, nas minhas andanças, um dia você dança,
pode acreditar que vou voltar para me vigar, doto ouro que você tiver eu vou levar.
Por trás das colinas do meu lindo sertão
bem perto das margens do ribeirão
é onde mora minha amada a dona do meu coração
Tudo que mais almejo era que ela ao menos soubesse o quanto a amo
Minha morena pequena e franzina cabelos logo de véu tão meiga
Um pedaço de céu.
O sertão...
O sertanejo cultiva vida, rega a esperança e aguarda na fé a chuva pra molhar seu pedaço de chão, por muitas vezes ela não vem, e ao ver o pé de algaroba ficar seco, se desespera. Ora a única arvore verde no meio da seca não resistiu, essa também secou!
E a única água que cai são suas lágrimas regando suas orações, esperando do alto as comportas abrir! Deus vendo sua fé, o retribui inundando o sertão. Aprendemos com o sertanejo que nada é nosso tudo é de Deus, a perseverança e a fé é provada todo tempo no homem do campo.
Nordeste meu grande amor
minha terra, meu abrigo
meu sertão acolhedor
da soja, feijão e trigo
e seja por onde for
na alegria ou na dor
eu levo você comigo.
O oxe é uma expressão
que tá na língua da gente
no dicionário do sertão
o nordestino é influente
da Bahia ao Maranhão
todo mundo fala oxente.
Se lágrimas resolvessem problemas eu estaria mais seco que o sertão nordestino. Por hora, apenas imerso na vastidão da represa interna que existe em mim.
O homem sertanejo
Meu Sertão é seco, mas não é seco por ser mais pobre, é seco porque a seca é uma das paisagens do Sertão.
É fator do clima e do solo da nossa região.
Região que é rica em demasia quando se tem chuva e pobre de fazer pena quando não tem a bendita água nos açudes e barreiros.
Mesmo diante dessa paisagem da vida, o sertanejo é valente, persistente e um vencedor, pois a batalha é constante desde os primórdios do desbravamento do Sertão.
Nunca se cansa e nem se amolenga diante das dificuldades do tempo e do espaço no imenso Nordeste.
O sol escaldante, o solo seco e a paisagem cinzenta, não são desestímulos ao homem sertanejo.
A dificuldade faz até renascer o espírito de bravura.
Meu Nordeste de caboclo trabalhador, de coração sincero e devoto de vários Santos.
Sertanejo que se alegra com o som da sanfona, da zabumba e do triângulo, que faz esquecer as agruras da vida, embolado no forró, xaxado e xote pelo Sertão.
Homem amante das paisagens e dos animais mais comuns do seu dia a dia.
Sertanejo que embreado muitas vezes nas matas e serras à procura do boi, da ovelha, do mel de abelha, da arribaçã, do tejo e do tatu, do preá, do tamanduá, tem aí muitas vezes o alimento do dia.
O homem do Sertão sofre, mas não é um sofrimento com lamentações, pois o sertanejo é corajoso e não reclama fácil diante da tormenta e segue alegre em busca de um novo alento.
A chuva chega forte, saciando a sede do meu sertão, enchendo o barreiro e os olhos do guerreiro que trabalha na plantação.
Sertão, meu saudoso sertão.
Saudades imensa nutre dentro de mim.
Oh meu sertão amado!
oh meu sertão querido!
Meu coração clama por ti.
De Coração Menino —
Ouvi dizer que,
lá pras bandas do sertão
da Bahia,
um Poeta (de coração
menino),
explodiu o peito de tanto
sentimento reprimido.
Nossa terra é um presente
lugar que se vive bem
aqui o mar tem água quente
e o sertão é um harém
é fácil falar da gente
difícil é viver contente
sem ter o que o nordeste tem.
Do sertão ou da cidade
seja homem ou menino
não importa qual idade
sua vida ou seu destino
pois é na dificuldade
que brota a honestidade
da raiz do nordestino.