Sertão
Sou Nordeste!
Sou Nordeste com Orgulho
Pense num cabra da peste
No Sertão sou o Agricultor
no litoral sou o Pescador
e sou o Forrozeiro no Agreste.
No Sertão sou Aboiado
Aboiando sem para
Mesmo não tendo gado
Aboio pra me Lembra
Da vida de minha infância
Correndo de lá pra cá
Na caatinga Atrás do gado
Em meu burrico valente
Topando com os espinhais
E também com as serpentes
Mais o pior de todos é
Topar com certas gente
Hoje sou velho e cançado
E já vivi o bastante aqui
Vivo na minha terra
Porque daqui eu nunca sair
Posso lhe afirma seu moço
Foi Aqui também que eu Morri
Morri quando vi aqui chegar
As Industrias e O pessoal
Dizendo eles que
mudaria minha terra
Do Sertão ao litoral
É eles mudaram mesmo
Deixaram tudo desigual
O nordestino Mudou a Visão
Deixando sua Historia pra traz
Vivendo a revolução das maquinas
No Seu chão não pisam mais
Me perdoem a todos vocês
Quero voltar um tempo de Paz
Nordeste Valente e brigador
Hoje não vem nos valorizar
Esquecem que foi aqui mesmo
Que o Brasil veio a iniciar
Foi invadido por Don Pedro
E encontrou um bom lugar
Nordeste foi aqui que nasceu
o Nosso maior Herói existente
Brigador e Lutador, esse Mesmo
Onde Chegava muito se entristeciam
e outros ficava mesmo era contente
Virgulino Ferreira da Silva seu Nome
Ou simplesmente Lampião pra muita Gente
Nordeste Cultural e berço do Brasil
Animador e Curral da cultura
Viveu aqui e animava multidão
Foi projetado pra o mundo
Mais Saiu foi desse Chão
chamava-se Luiz Gonzaga
popularmente Rei do Baião.
Também aqui nasceu um
que fortaleceu o seleiro
Em uma terra seu Moço
Desconhecido no mundo inteiro
Seu Nome era José Silva Gomes Filho
Conhecido Por Jackson do Pandeiro
Entre Outros que Aqui Nasceram e viveram
Quero vos Homenagear com essa rima
Eu não sou poeta mais a poesia me estima
Nordeste Terra de Gente boa e valente
SER NOSDESTINO É LUXO E NÃO UMA SINA
Aos que falam muito e vem nos criticar
o Sertanejo Xingando e Maltratando
Na verdade e a inveja que eles tem
Porque pregão o ódio e a maldade
O Nordestino vivi te Amando
Somos Um Povo Aguerrido e Valente
Amamos quem Chegar tratamos com valor
Somos um Povo Educado e sincero
Tambem somo um Povo Acolhedor
Sou João Pessoa, Sou Paraíba seu moço
SOU NORDESTINO ORGULHOSO SIM SENHOR!
A vida de uma Baleia
Nasci em um sertão, dentro de uma fazenda, necessidade sempre passei, mas amor nunca faltou pra suprir o resto. Tinha um amigo falador de asas curtas, dois irmãos, um pai e uma mãe. Logo quando nasci me deram um nome estranho, Baleia, nunca intendi o porque, mas gostei.
Já faz alguns dias que saímos da fazenda, acho que papai achou algo melhor, espero que sim. Dias se passarão e comecei a dar falta do meu amigo falador, não o vi mais, acho que o pequeno deixou ele voltar voando para a fazenda, espero que tenha achado o caminho de volta.
Se papai achou algo, achou a quilômetros de distancia da fazenda, nem me lembro mais como voltar a ela. Já estou exausta, minhas pernas doem, as moscas me comem, as feridas de tantas já nem sinto.
Hoje o pai passou o dia a me cuidar, discuti-o em sussurros com a mãe, não consegui escutar, mas vi que ela não gostou nada da discussão. Minutos se passaram, meu pai mandou os pequenos irem na frente com mamãe , pediu que eu esperasse, chegou bem perto de mim, me abraçou e falou soluçando bem baixinho :
-Desculpa.
Uma lagrima caiu em mim, depois, tudo foi ficando turvo, escurecendo, e antes que se apagasse tudo, eu disse:
-Amo vocês.
Milho.
Isso tudo aqui faz bem
no sertão ou na cidade
no brejo faz também
comida de qualidade
porque nosso milho tem
um milhão de utilidade.
Espera.
A seca é uma grande fera
que ataca e não se cansa
pelo sertão onde impera
exercendo sua liderança
o sertanejo se desespera
mas assim mesmo espera
a chuva como esperança.
Vida de sertão.
Aqui bate meu coração
que é feliz a cada cena
no voar de um azulão
no cheiro da açucena
dessa vida no sertão
que é dura mas vale a pena.
Vida de sertão.
Basta um pedaço de chão
e a benção de Nosso Senhor
o apoio de cada irmão
que divide a mesma dor
isso é vida de sertão
onde um aperto de mão
ainda é gesto de valor.
Água do Sertão,
Água do Secão,
Água do Subtropical,
não deve ta fácil pra nenhum,
Diante à natureza,
Nós tamos errado,
Eu e você mais um dos culpado,
Vamo economizar, a água,
Vamo resgatar, nosso recurso,
Não digo que é principal,
Porque todos é importante,
Água é um bem exuberante,
Que não pode deixar pra trás,
Que não pode ser esquecido,
Tem que ser retribuído,
Vamo fazer nossa parte,
Vamo economizar,
Pra nossa sobrevivência,
Porque,
foi nossa incompetência.
Canção da Fé
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro eu sou romeiro do sertão
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro a minha grande devoção
De pé no chão, de caminhão, lá vai a fé.
Todo caminho só é caminho pra quem tem fé
Que terra seca, que vida seca
Não perca a fé, João.
Que Padim Ciço levou sumiço
Mas não morreu irmão
No tempo Deus, no homem Deus, o mundo é Deus.
A fé em tudo é meu escudo até o adeus
Caminha o crente sempre pra frente
Atrás da salvação
Pensando nisso, que Padim Ciço.
Nunca morreu, irmão.
Lá vai João, uma geração, uma opinião.
De quem peleja e tanto almeja uma solução
O sinal da cruz, a oração:
As armas do cristão
Que sabe disso que Padim Ciço
Nunca morreu, irmão.
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro eu sou romeiro do sertão
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro a minha grande devoção
Meu Sertão...
Aqui corri quando menino
também aprendi a plantar
fui traçando o meu destino
que a seca me fez mudar
mas como todo nordestino
tenho esperança de voltar.
Não preciso de muito para ser feliz: a chuva que caia no sertão, as flores que nascem nos jardins, os pássaros que cantam, a lua que clareia, o sol que ilumina, o cheiro de rosas, o verde da esperança, areia do mar...olhar de criança, água de rio, campinas e luar...para ser feliz, a mim basta amar, amar, amar.
"Dos nossos açudes queremos água,
Em nosso sertão queremos a paz,.
Pois é do sangue e da guerra
Que se alimentam os ditadores."
No Sertão Plantamos, Colhemos
E Exportamos.
Ficamos com o que resta.
Mais o que nos resta,
E o
Que Plantamos para nos mesmos.
Temos mais Resistencia ,
conhecemos a Natureza,
Temos Ar Puro,
Vemos o Sol Nasce,
Temos a Sinfonia dos Pardais,
A Frieza da Manhã
O Sereno da Noite,
Somos Avo, Bisavo, Tataravo .....
Morremos mais Velhos.
SOZINHU I SEM CARINHU
Ficu aqui nu meu sertâo
Sozinhu i sem carinhu
I guanu a noiti veim
Eu chóru baxim
Soluçanu cum as solidão
A lua quânu si achêga
Derramânu sua luiz
Si dismancha tudinha
Ao vê minhas tristeza
Qui nas noite inté reluiz
To aqui sozinhu
Nessi mundão
Oianu ao longi essa imensidão
Ah! Solidão qui martrata
Tantu esse solitáru coração
Intão, sinhá Mariquinha
Óie pra essi seu Caipirinha
Que fica ancim tão sozinhu
Esperanu por essa doci minina
Vô ti mandá meu retrato
Pra se vê se tudo dá certo
I ocê intão se arresórve
Casá mais ieu di uma vêiz
Inté, intão!
E fique logo boazinha!
Mariquinha du coração!
REZA PRA SINHÁ MARIQUINHA
Nossa Sinhora du Sertão
Atendi minhas oração, Santinha!
Nois tudo tá cum sodade dela
Cure logo a sinhá Mariquinha
Santu Antônho
Padruêro das muié sortêra e incalhada
Trati di cunsertá logo a sinhá
Que só farta ela sará
Pra nois dois si casá
São Pedru e São Juão
Padruêro das festa junina e dus quentão
Vê se arruma logo a bichinha
Pra nois dançá quadrilha
E sortá balão
Nossa Sinhora dus Bom Zóios
Cuidi das vista da Mariquinha
Ela tem di ficá bão de logo
Pra modi as borbulêta pudê oiá
E pros iscrito do praneta cumentá
Ocês tudo, Santu e Santa!
Trati di iscurta meus pidido!
Oiá bem o que ocês faiz!
Quero se casá cum a Mariquinha
Tê duas minina
E treis rapaiz
Ocês tome tento! Vice!
Inté, intão!
SP: de Sertão
É, pão custa,
custa caro o 'p' de peão,
o 'e' de escola [, ou de isqueiro
todo um 's' de sertão
o 'a' de "Ah, você não!"
E aquela 'cola' de mundo moderno
que não vou assumir,
Eu uso terno!
AVE,ROSA E O SERTÃO NOSSO DE CADA DIA
O mês de julho foi testemunha do aniversário de 50 anos do lançamento de Grande Sertão: Veredas. Há 50 anos, portanto, temos a ventura de conviver com uma leitura que encerra um universo aberto, que abre um universo cerrado, numa ambigüidade do mestre que sempre ensina mas que, "de repente, aprende". Será possível medir o que significou para a literatura brasileira o advento desse alentado deleitado romance, ousado na linguagem, na temática, na abordagem e na construção?
Linha a linha, mestre Rosa constrói no diapasão da metalinguagem uma história de amor, recheada da sabedoria cabocla, com a fina observação do homem, do espaço e de como um vice-versamente interfere sobre o outro. Grande Sertão: Veredas é um inspirado questionamento do íntimo de cada pessoa humana que é toda pessoa humana. Pois se o sertão está dentro de cada um, e se o sertão é o mundo, então o mundo inteiro está dentro de cada pessoa. A universalização das individualidades ganha o seu complementar contrário na individualização dos universos. E aí está a riqueza de Rosa: o sertão é a cidade, a cidade é o sertão, ambos são o mundo, e o homem está em todo lugar. Dúvidas e certezas, conflitos e convergências, ficam mescladas na natureza de cada homem. A sabedoria só era cabocla por causa da intenção de registrar a poética do falar sertanejo, mas pode ser vista como a sabedoria de cada homem que é todo homem, e que cabe em qualquer lugar, não só em Minas Gerais.
Guimarães Rosa construía cada obra de dentro para fora. Era ele assimilando o mundo e devolvendo o que enxergou, sob a forma de narrativas trabalhadas.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está, ele mesmo, dentro do romance. Observa, de dentro, no tremer da luta, as situações e as almas. Ele é, por exemplo, o interlocutor de Riobaldo, o misterioso ouvinte, que ouve o relato do guerreiro e a sua travessia pelo caráter do sertanejo.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está dentro de outra história, como o menino piticego que ganha óculos e aí sim começa a enxergar o mundo, a vida. Nova travessia.
Como bom narrador, Guimarães Rosa está testemunhando tudo, postado na terceira margem do rio, vendo o viver e o esperar de pai, filho e espírito santo, na trilogia da religiosidade barroca. Travessia, outra vez.
São histórias outras e simultaneamente as mesmas, enredadas como corpos, nos bailes das Gerais. Todas as histórias, seja num livro ou em outros, são veredas que deságuam num mesmo rio grande, em viagem grandota como a de Mário de Andrade.
Conheci pessoas que conheceram o mestre Rosa, e que me falavam do jeito acanhado desse mineiro do burgo do coração. Contavam de como ele, muito míope, apertava bastante os olhos para ver melhor o interlocutor. Querendo ver, "eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente."
Matéria vertente é a matéria fundamental, a vida, a origem da vida, o bem e o mal, os contrastes do físico e do metafísico. É sobre isso que meditou o Joãozito. Para, depois, dividir conosco, seus leitores, o que resolveu contar. Não sem sofrer, porque a criação é trabalhosa. "Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas - de fazer balance, de se remexerem dos lugares."
As coisas mudam de lugar na memória da gente. Ganham uma certa névoa de esquecimento, que perturba a limpidez da lembrança. Mas, em nossa memória coletiva, João Guimarães Rosa tem lugar certo, cristalino e bom. Bem no pedestal, onde ficam os melhores.
(Artigo publicado na edição de número 97 do Jornal das Letras)
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