Sereno
A Pérola e o Grão
Ostra tranquila, em mar sereno,
não sabe do brilho que pode criar.
É no aperto do grão, no toque terreno,
que nasce a pérola, para reluzir ao mar.
Feliz é a ostra que nunca sentiu
o incômodo rude da areia a ferir.
Mas é na dor que o brilho surgiu,
é na lágrima bruta que a vida há de vir.
Não é fraqueza sentir-se ferida,
é a coragem de encarar o vazio.
A ostra se fecha, se faz recolhida,
mas dentro do peito, transforma o frio.
Assim somos nós, na maré do viver,
cicatrizes que doem, grãos que se vão.
A alma, em silêncio, aprende a crescer,
e faz da tristeza uma nova canção.
Pois, ostra feliz não faz a beleza
de uma pérola rara, nascida da dor.
Aceita o grão, e na sua dureza,
transforma a vida em puro valor.
Que a tua lágrima, então, seja luz,
um brilho suave em meio à escuridão.
Pois, a ostra feliz, em paz se seduz,
mas é a dor que faz a pérola em teu coração.
O amor é uma fonte inesgotável
de inspiração e expressão,
e ele pode ser revelado
em diversas formas,
sejam elas alegres, dolorosas,
simples ou profundas.
SAUDADES DA INFÂNCIA:
Eu era pequeno de nada sabia
Brincava e corria exposto ao sereno
Naquele terreno de grande tamanho
Hoje não me acanho em exaltar ele
Pois tomei nele meu primeiro banho
Oh! Como se foi depressa janeiros
E após dezembro
E com muita saudade me lembro
Do tempo que ali passei
Não é que o encanto da vida de idoso
Eu não compreenda
Mas a vida de menino
Nunca me sai da lembrança
E como nuvem de fumaça
Nunca, nunca esquecerei.
FLOR DE AÇUCENA
Nesses versos rimados que te fiz
Num momento sereno de emoções
Recordo-me o instante em que te vi
Em rebento vindo ao mundo de ilusões
Oh! Minha flor de grande essência
A meiguice que traz ao coração
É tão tênue que explicita ausência
Conduzindo-me ao ímpeto da razão
Sou feliz por tê-la em meu convívio
Tão vaidosa como a flor de açucena
Que perfuma o jardim de quem te viu
Regalo do meu peito incandescente
Pelo beijo que me desse como tal
Linda e única em meu corarão ardente.