Sentimento e Dor
Todo processo de cicatrização ocorre com a formação de tecido fibroso na área machucada, deixando-a menos flexível.
É assim com pele e ossos.
É assim com os sentimentos.
Muito se fala sobre como dói um término de relacionamento, sobre como a pessoa fica magoada, infeliz e totalmente perdida. Porém, é quase insurdescedor o silêncio a respeito da falta de sentimento. Aquele que pessoas comuns sentem quando não tem ninguém, que é o mesmo que pessoas solitárias sentem sempre que se esforçam o mínimo pra manter alguém por perto. Assim como em um término, o lirismo do sangue presente no vazio da alma faz-me desejar mais que tudo voltar a sentir qualquer coisa, por mais que doa, me destorpeça e preencha meu vazio.
Por muito tempo andara em uma estrada conhecida, por vezes, esbarrava em algumas paisagens lindas. Entre idas e vindas, passeios e estadias, pensamentos e devaneios, me veio uma lembrança muito gostosa de sentir. Foi um momento nostálgico. Uma retrospectiva de um quinquênio passou em minha cabeça numa fração de segundos. Foi intenso, foi estarrecedor. Me pego pensando nesta nostalgia que me fez viajar em preciosas lembranças. Penso na dor que os nós causam quando não podemos expressar o sentimento vivido; talvez esse seja o real significado de viver um momento nostálgico, um retrato guardado no porão da memória: olhar pros nós da algia que você sente. De imaginar O nós que se foi um dia e, que, por um momento, virou uma dor sem medida. A nostalgia de hoje me fez lembrar de nós, dos nós, e de como esse nós foi feito e, consequentemente, como foi desfeito. A lembrança de hoje me fez lembrar dos nós, de nós, e de como doeu em mim quando o nó se desfez. O nó da algia que sinto hoje me traz O nós que vivi outrora. Nunca tinha parado para contemplar a paisagem da estrada que sempre passei, nela tinha uma estação; ali, passavam-se trens com várias locomotivas. O nós começou ali quando a porta se abriu, quando o coração se abriu. E não poderia ser diferente... no final da estação a porta se abriu, descemos, um nó se formou, a porta se fechou. Ficou a lembrança. Ficou a dor prazerosa de sentir a mesma sensação de quando O nós aconteceu. Ficou a dor do nó. Depois de tanto sentir, talvez tenha encontrado o verdadeiro significado da nostalgia: reviver a dor do nó que não consegui desatar e nem mesmo expressar.
Um vazio no coração ecoa profundamente na alma, reverberando em cada canto do ser, afetando as pessoas de maneira dolorosa.
Canto do silêncio
Quando percebi em teus olhos
a tua cruel indiferença,
meu coração soluçou.
Balbuciou gemido de intensa dor
e a amargura me dominou.
Fraquejei diante da tua frieza,
do teu silêncio, da tua crueza,
da tua indiferença, da tua ferocidade,
do teu desamor, da tua maldade
do teu infindável torpor.
.
Senti o medo abrigando-se
em meu íntimo e naveguei
por mares escurecidos
mergulhada na aflição da incerteza.
Tantas perguntas sem respostas!
Por que finges que me ouves
Se não me escutas?
Por que me olhas
se não me vês?
Por que silencias
quando devias falar?
Umbelina Marçal Gadêlha
DAQUI
Cada nota inconstante revelava a tua indignação, cada agudo um mar de sensação, e naquele dia tudo que estava preso voltou-se para fora; posso ouvir o teu grito daqui.
Os arrepios me acompanharam, meu peito bateu mais forte que nunca, meus olhos estremeceram sem controle; posso sentir o teu grito daqui.
Quando, enfim, colocaste para fora tudo aquilo que aprisionava a tua alma, tudo aquilo que ao mundo se ocultava, eu pude ouvir o teu grito daqui.
Estiro os meus braços e uno o teu corpo ao meu, na esperança de que teu grito se abafe em mim, pois em muitos sorrisos se escondia o vazio, mas eu pude te sentir daqui.
Cicatrizes
Parada diante de ti percebo-me estática.
Percebo-me petrificada, estou apática.
O sereno silêncio macula a minha memória
as ondas de pensamento rememoram
a minha história concebida por estesia.
A crua paixão me arrebatou
deixou-me obtusa, vulnerabilizada.
Buscar alento nos sonhos não materializados
Abastecer-me das palavras já não articuladas
Deixou-me miseravelmente indesejada.
Enquanto a alma adejava em sonhos
O amor envelheceu, caducou entre
as tantas noites mal dormidas,
as noites de inquietante espera,
o amor feneceu e jamais ressuscito
O tempo passou, mas não afugentou
os sinais de dor mascarados, as cicatrizes.
E por trás do indecifrável teorema do amor,
uma voz reconhecida me suplica
e a deslembrada esperança responde.
Umbelina Marçal Gadelha
é sufocante
sufocante não se sentir o bastante
sufocante não saber oque fazer com tantos obstáculos
sufocante ouvir que seus delírios são só teatro
sufocante estar distante do que era indispensável
sufocante ser você mesmo
mas ainda mais sufocante com outros ser comparado
sufocante perder tudo aquilo que você gosta, continua sendo sufocante que virou gostaVA
me sufoca pedir "não vai embora"
o sufocado que se sufocou chora
que sufoco você não acha?
no começo do dia dizem que passa
mas antes vem a foice
do que adianta
se perco o ar, sufocando à noite
sufoquei com sentimento de asfixia
corpo cansado, peito aberto e mente vazia
Hoje, me vejo sentado à beira do vazio, onde o silêncio ecoa as memórias de um amor que se foi. Há uma dor profunda que permeia cada batida do meu coração, e uma saudade que corta como lâminas afiadas.
Como tolo em um conto de fadas…..
Era uma vez uma história repleta de risos, cumplicidade e promessas sussurradas ao vento. Conheci-a em um momento em que a vida parecia mais colorida, como se cada instante tivesse um propósito maior. Seu sorriso era a luz que iluminava meus dias mais escuros, e sua presença era a melodia suave que embalava meus sonhos.
Nossas mãos se entrelaçavam como se fossem feitas uma para a outra, e o futuro parecia uma estrada promissora que percorríamos juntos. No entanto, a vida, muitas vezes imprevisível e cruel, reservou para nós um capítulo que eu jamais imaginaria. A dor chegou como uma tempestade silenciosa, levando consigo a garotinha que eu havia conhecido e, por fim, a pessoa que preenchia cada pedaço vazio do meu ser.
Os dias se transformaram em uma sucessão de sombras, onde a esperança desvanecia a cada amanhecer. Fui testemunha impotente do declínio daquele sorriso que costumava ser minha fonte de alegria. Cada conto, cada olhar era uma viagem ao abismo da tristeza, onde a realidade se chocava violentamente com os sonhos que havíamos construído.
E então, no instante em que o tempo parecia congelar, ela se foi. Seu adeus foi como uma nota melancólica, ressoando em meu coração quebrado. A solidão tornou-se minha companheira constante, e a ausência dela deixou um vazio que nada poderia preencher.
Agora, enquanto relembro nossa história, é como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. A saudade é uma ferida que nunca cicatriza, uma presença ausente que se manifesta nos lugares que costumávamos frequentar juntos e nas músicas que compunham a trilha sonora do nosso amor.
Mas, apesar da tristeza que me envolve, guardo comigo a certeza de que o amor que vivemos foi verdadeiro e intenso. As lembranças são como estrelas que iluminam a escuridão da minha saudade, e, de alguma forma, acredito que ela ainda está presente em cada sussurro do vento e em cada raio de sol que toca minha pele.
Este é o relato de um apaixonado que teve o coração arrancado pela partida prematura de seu grande amor, uma história que, mesmo marcada pela dor, é testemunha de um amor que até hoje me arranca um sorriso!
A tua presença,
Ao longe, como uma estrela sozinha,
Brilha em meu céu,
Sendo inalcançável mas ainda a minha guia.
O seu mais profundo sorriso,
Um farol que me aproxima,
Iluminado meu caminho como um amuleto,
Onde a escuridão se torna vazia como as ruas de um gueto.
Em teu profundo e perfeito abraço,
A incógnita do enigma se revela,
A doce agonia de uma paixão que se cela.
Amparado pelas sombras,
Meu coração errante,
Ama- te em segredo,
Como o coração amargurado de dois amantes.
Amar a ti é como acariciar a lua,
Na estranha impossibilidade,
É o que resta de minha alma impura, que levemente flutua.
No infame palco da vida,
Somos atores perdidos,
Sentenciados pelo que o destino já parece ter decidido.
Te amar, um roteiro de tristeza, ódio e dor,
Pois sei que jamais posso ser o teu amor.
Entre risos, cortes e lágrimas, meu coração ainda pulsa,
No dilema de um amor que se recusa.
Conhecer-te foi um presente e um fado,
Amar-te é um sonho que nunca realizado.
Como rosas que desabrocham na solidão,
Meu amor cresce, acorrentado como em uma prisão.
Ah, musa inalcançável, doce desatino,
Em meu peito, é você meu eterno destino.
Na penumbra da impossibilidade, persiste,
O amor que em segredo, que meu triste coração assiste.
Assim, nesta dança de sonhos e afetos nunca vividos,
Guardo-te na alma, meu eterno amor, proibido!
Do que adianta palavras bonitas?!
Se no fim, não vai ser nós....
Ainda todos os dias, lembro-me de sua risada,
Ecoando de maneira pura, como uma perfume que preenche uma sala.....
A lua que olhava-mos de minha janela,
Hoje brilha como um sorriso a me consumir
Lembrando-me intensamente das noites que perdi lhe vendo dormir.....
Hoje nada mais me encanta .....
Você era tudo que eu sonhava,
Hoje sonho, talvez ridiculamente,
Tentando esquecer que lhe amava.
Ouvi, de um sábio poeta, "amor quando é amor não definha, e até o final das eras há de aumentar"....
Mas se o que aqui eu digo foi um erro?!
Assim provarei do gosto amargo do engano....
Por fim eu nunca terei escrito ?!
Ou nunca ninguém terá amado?!
Você, no meu mais puro sentimento relutante,
Calei-me, em silêncio como os pássaros em dias chuvosos,
Não porque me faltam palavras,
Mas, pela primeira vez diante da forma como me via,
Eu não queria ser o poeta,
Mas sim,
A poesia.....
SUBJETIVISMO
Nada fora concreto, somos um eterno subjetivismo. Do que se prece voltar e andar em círculos? Sabes bem que está nítido para o mundo que somos dois loucos, cada um vivendo sua história de fantasia, algo que a voz nunca materializou, mas que o peito adentrando o coração, já sentiu. Esse é o preço que se paga por uma visão turva, por agir como máquina, não sabendo o que quer, na verdade, pois se ninguém fala, ninguém sabe, se ninguém se entrega, hão de ser, um eterno subjetivismo.
Para tristeza.
Querida e pequena tristeza
Hoje você entrou no meu coração
Apenas com uma certeza
Que nada seria para sempre
Até mesmo essa frieza
Que toma conta do meu corpo
Quando estou às lágrimas
Por que vens tão repentinamente?
Para causar e depois se ir novamente?
Pois agora fique, pois tenho tomado coragem
E vou lhe responder
Você é a causa de muitas noites mal dormidas
Dos meu amigos, de mim
E tão assim de passagem
Causando um estrondo que ouve de todos os cantos da casa
Eu só queria muito que você fosse embora para sempre, apenas vaza!!
...
Mas agora entendo
A minha força
E o meu medo
É por sua causa que estou assim
Cicatrizada
Forte
Por isso lhe agradeço
Não pelo choro e buracos
Mas sim pelo endereço
Que foi me dado
Rua Cicatrizes do Meu Peito
Bairro Forte Perfeito
Queres me fazer de ti também gostar?
Não vê que ainda estou por outro a sofrer?
Não me permito por ti também padecer.
O NASCIMENTO
Quando fui posto ao mundo, o médico ouviu minha mãe proferir que eu era o bebê mais lindo que havia nascido naquele dia. Não me questiono se de fato fora verdade, ou, apenas o amor de uma mãe que acabara de receber seu filho; sendo bem sincero, isso não importa.
A vida tem dessas, nem todas as palavras ditas no passado permanecerão para sempre. Foi como no momento em que escutei um parente próximo dizer que me amaria por toda a vida, mas com o passar dos dias ser levado a perceber que no raiar do sol de sua morte, o amor permaneceu apenas em meu coração, pois já não havia fôlego de vida para constatar em ações, todos aqueles bons sentimentos.
Algumas palavras não duram para sempre, e que bom que elas têm prazo de validade. Não sou mais o bebê lindo de minha mãe, o tempo, me fez crescer.
Me contento em fingir que está tudo bem diante de pessoas que jamais chegarão onde você chegou, ao fundo da minha alma. Vivo nosso romance em nossa imaginação que lá somos felizes e eternamente apaixonados, viajando com nossos carros antigos aos mais lindos lugares e nos amando infinitamente...
Alguns dizem que bebo mais do que devia, mal sabem eles que só assim consigo aguentar viver sem você...