Semente
Zete,
Foi de broto à planta, de botão à rosa, de semente à árvore de frutos magníficos;
Zete foi de fraqueza à força, foi de obediência à ousadia, foi de tranquilidade a sagacidade e continuou indo...
Zete nunca teve medo da morte, afinal, ela travava lutas diárias contra coisa muito pior, então... Como teria?
Zete nunca passou despercebida, ela chegava e marcava. Ela mostrava quem era, e todos a amam por isso;
Zete, traduzido do amor de quem a ama: FORÇA INFINITA... É força e luz;
É raiva e paixão;
É ódio... Ódio não, isso nunca coube em seu coração;
Zete é silêncio, delicadeza nos mínimos detalhes entre suas cocadas e suas costuras;
Zete estava presente no cavalinho de pano que deu a seu neto;
Sua doçura estava presente nas suas cocadas;
Sua força estava presente na sua comida;
Sua leveza estava presente no seu abraço;
E no seu olhão azul eu podia ver, era claro, o amor que me era dado;
Zete se foi, mas como sempre, ela não se encheu de “tchaus”, ela nos banhou de “até logos” e que logo eles cheguem;
Zete passou por mim, e o que eu posso dizer é que antes de Zete eu era um, depois dela, eu sou infinito.
A seca quando demora
deixa a planta ressecada
a semente não aflora
falta palma pra manada
o nordestino vai embora
contando minuto e hora
pra voltar a terra amada.
Uma semente
Olhei pra minha mesa e percebi uma semente.
Ali, quietinha, estática, onde passeie meus olhos sobre ela e como num piscar mergulhei no absorto da imaginação.
Olhei-a mais uma vez e pude ver uma floresta dentro daquela semente.
Como foi incrível está observando tudo e imaginando uma mata atlântica, coisa que muitos quando olham pro algo veem apenas o concreto vislumbrado até então.
É assim com os seres humanos onde vivem assoberbados, ensimesmados, e idiossincrátizados pelas incoerências no trato diário.
Somos urgente em tudo e queremos nos justificar por não nos conhecer achando que tudo é como aceitamos.
Mudemos a semente enquanto é tempo, para que os frutos da próxima colheita não venham apodrecidos como as que já se passaram e a que está passando.
Prece
Chegou sorrateiramente,
e lançou a semente.
Sem saber se iria colher,
os frutos que plantou.
Tratou logo de cantar,
uma canção de vida.
Peço sua bênção e proteção,
faça chover na plantação.
Dê esperança ao meu sertão,
cuide desta nação.
Toda a semente é promissora...
Tudo indica que germinará e se transformará em viçosa planta.
O semeador nunca saberá
se entre as sementes que lançou ao solo
germinarão também ervas daninhas,
mas ele acredita, ele precisa acreditar
que seu trabalho e dedicação
serão recompensados com uma boa colheita...
Assim também é na vida :
Doamos nosso tempo, nosso cuidado no cultivo das amizades...
Regamos, protegemos dos ventos e do sol em excesso,
adubamos, observamos seu crescimento
e, algumas vezes, podamos os galhos que poderão torná-las frágeis.
Nem mesmo assim poderemos ter certeza
da qualidade e do quanto se desenvolverão...
Mas acreditamos, precisamos acreditar...
Cika Parolin
Festim são teus desejos que plantam n' aorta de mim semente de amor perfeito no veio arterial
Semeia no céu da boca humana
pé de beijo e espigas de trigo pelo cabelo
No cerebelo milhões de nirvana...
Me asserenam essência pelo quintal
aduba tudo com teus olhos de mel boreal e colhe serial Amor...
Em nome de Deus...
Sou semente de milagre milenar
Brotada criança do ventre de mãe forte
Menino somado de verbo e esperança
Que a sorte desdenha e a dor já não alcança
Sou filho de muitas aldeias
E de todos os mundos
Trago no peito todas crenças
E no sangue frágil, um sonho que teima
Não tomo a fome por inimiga
Nem o sol, por castigo
Das defesas, que me são poucas
A tez é a de mais orgulho e valia
Meu melhor emana de meu olhar
É ele que fere de vida qualquer morte
É ele que leva o perdão que entrego
Aos dias da infância que não visitei
Praquele janeiro...
Vou voltar praquele janeiro
Foi lá que me apaixonei
Que encontrei semente
Um amor que já nem sei
Vou voltar praquele janeiro
Tocar de novo a morna brisa
Cuidar da dor mais sensível
Que doía na flor que mais amei
Vou voltar praquele janeiro
Vou reencontrar em mim o poeta
Que com a pena tecia a alegria
De transformar desejo em poesia
Vou voltar praquele janeiro
Abrir as portas e me jogar por inteiro
Resgatar meu coração quase ateu
Dizer a ele que sou mais dele que meu
É bonito plantar a semente, lindo ver a flor, maravilhoso ver o jardim e extraordinário ver as borboletas e os pássaros visitarem-no.
Foi bem aqui, no alto deste morro, que juntos plantamos a semente do nosso amor.
Todos os dias subíamos para rega-la com baldes transbordando de carinho e paixão.
Rapidamente, aquela pequena sementinha criou raízes de admiração e respeito.
Quando seu tronco se tornou mais robusto, eternizamos nele nossas iniciais como uma tatuagem.
Em pouco tempo, seus galhos e suas folhas nos deram sombras de felicidade, e estampado em cada uma de suas folhas, estavam as fotografias da nossa história.
Suas frutas que brotavam diariamente tinham a forma de coração e o sabor do nosso prazer.
Essa era a nossa árvore. A mais bela e frondosa de toda a região.
Com o passar do tempo, já não subíamos todos os dias para cuidar dela. O morro se parecia mais com uma montanha íngreme de difícil escalada.
Você se cansou de subir e nunca mais voltou. E eu por algum tempo, ainda continuei vindo, mas já não tinha forças para carregar os baldes de esperança necessários para mantê-la como antes.
E assim, sem os nossos cuidados e atenção, o tempo se encarregou de dar um destino para ela. Seus frutos já não tinham forma e nem sabor. E suas folhas de tão secas viraram pó.
Hoje não há mais vestígios dela e nem sinal de que um dia ela existiu.
Mas foi bem aqui, no alto deste morro, que eu presenciei o nascimento e a morte da mais bela árvore de amor.