Selvagem
Erra se duplamente ao darmos uma chance a um idiota e imbecil que a nossa percepção já tinha condenado.
Diante de todos meus conhecidos e desconhecidos desafetos nesta breve existência terrena, peço encarecidamente, sinceramente e publicamente, perdão. Não por qualquer jubilo, virtude ou humildade de minha parte. Deixo bem claro, que o faço por correção de minha ignorância e imperfeição.
Ir alem é ter a capacidade de perdoar, apagar, desaprender o que estava errado, equivocado e aprender o certo, tudo de novo.
Necessitamos hoje de muitos sonhos, gestos, ações e criações de extrema beleza para revigorar em esperança nossa alma, tão desgastada em nosso tempo por tantos feios, bizarros e incivilizados sub-humanos comportamentos.
Distante das maquinas magnéticas dos homens são as estrelas na noite, o nascer do sol e o voar dos passarinho que me dão a verdadeira direção e orienta o meu coração em união e livre.
Na maioria das vezes por falta de cultura e de educação entre os mais jovens o celular com a telefonia móvel e a conexão digital entre as redes, alivia de forma errada e equivocada as dores pessoais, familiares, comportamentais e sociais de uma vida vazia, não assistida devidamente pelo Estado e sem grandes oportunidades e futuros propósitos.
A noite silenciosa afugenta o sono e os mais belos sonhos dos inconformados, injustiçados e infelizes.
Grande parte de minha vida e pensamento é inspirada na sabedoria familiar, também de pessoas comuns, simples e humildes que fazem um show diariamente anonimamente no grande palco da existência. Por si é um laboratório teatral cotidiano do simples, como me alertou durante vários anos o querido "Zimba" - Zbigniew Marian Ziembiński, mais conhecido como Ziembinski, o magnifico ator e diretor de teatro, cinema e televisão, na década de 1970 com quem tive a alegria de conviver no RJ. Parece mesmo que no mais erudito e no mais simples são que circulam naturalmente as melhores respostas pois diferente do intermediário presunçoso do que é e não é e talvez possa ser, só vivem as sombras descrentes das perguntas sem sentido e as alegações infrutíferas e sem objetiva solução. A divina generosidade é a grande maré que nos movimenta pela brisa constante e continua do Oceano dos Humildes.
Em arte se aprende com o passar dos anos que a criação do mais erudito se inspira inevitavelmente no mais simples e popular.
Entre um mundo de sonhos e um mundo de fatos prefiro viver num mundo de suaves e generosas possibilidades.
Diante de qualquer grande sofrimento, se houver tempo pedimos perdão mesmo que não nos julguemos culpados. A dor de quem sofre, encobre os limites da humildade, da razão e da sanidade sendo assim cabe a quem se aproxima, por compaixão exercer uma dose bem maior de generosidade. Não existe certo ou errado e sim abandono, solidão e cumplicidade. Todos nos precisamos um dos outros, indivisivelmente, para que tenhamos a certeza que vale a pena, viver.
Em uma feliz convivência entre um animal que adota um ser humano, a parte bem mais amorosa vem sempre mais do animal que confia em alguém que ele escolheu, cegamente.Pois amar e cuidar são emoções naturais da natureza humana de quem ama mas o amor brando, companheiro e sereno de um animal para seu dono é infinitamente distante de todos seus instintos genéticos e de tudo que envolve sua própria natureza selvagem.
Hoje a contemporaneidade propõe um viver inesperado, como isto cada vez mais me torna e me sinto como um ser inacabado. Nunca imobilizado pelo novo, diante disto vivencio e experiencio novas ações, pensamentos e reformulações inusitadas bem longe do que sempre acreditei viver mas vida que segue, e não nos atropele pois só ela que oferece a verdadeira direção e movimentação.
Disse eu a Caroline, a vida é uma ilusão sem perversão. Sem generosidade não há amor, sem pastel de camarão não há paixão.
Somos tão mais semelhantes uns aos outros que acho de estrema burrice realçarmos por vaidade solitária de ser especial, nossas poucas diferenças.