Sede
A sua leve delicada mão magra vindo a tocar o meu rosto febril e a sede de afeto umidificando num só momento que me consome.
Choro
Aceito baldes de água fria,
porque minha menina
dos olhos está com sede
e quer se saciar.
Quer mandar o peso sair,
a tristeza fugir,
pra de novo te encontrar.
E depois deixar,
por tanto amar,
tudo vazar:
toda essa água
já salgada,
escorrendo mansa e
descendo quente
pelo meu olhar...
Te vejo então na minha frente
e percebo que você é o meu reflexo.
Mesmo parecendo sem nexo,
choro!
Te devolvo assim a água fria...
Perdoa amor, a ironia!
Quero recuperar a minha sede de adentrar na felicidade sem perder a coragem de arriscar no amor para me satisfazer;
Quero sonhar e me abraçar com os meus desejos de te encontrar para não mais viver esse caminho só;
Pois a história caminha em passos largos para dificultar as minhas investidas e ganhar o seu coração;
Gaiola doida
O relógio parado
Fixado na parede
Não falta água
Só não tenho sede
A minha causa rara
Afirma-se em solidão
Sem perspectiva do amanhã
E o hoje sem a tal emoção
O velho sábio pensa
Indefinições que voam
Como pássaros embriagados
Sonhos que são lamentados
Nada é como outrora
O pôr-do-sol se extinguiu
Nunca pesquei naquele rio
Minha empresa já faliu
Antes de nascer eu previ
Na gaiola doida estaria
Segue então o rumo do baile
Fantoches em total monotonia
O meu esconderijo maior
Esconde aqueles sentimentos
Cada vez mais realçados
Num poço de lamentos
Não vejo as cores
Tal como elas são
O daltonismo cai
A luva serve na mão
Razão na pura emoção
Comoção sem sentir
Um amor que aflora
Na cova vou partir
Quase nunca nada
Jamais te conheci
Nada serei sem ti
Estrela da madrugada
Adeus ao navio negro
Leve todas as vítimas
Eu aqui ainda aguento
Mesmo sem carícias.
Ao perguntar exprime a humildade, vontade de saber e sede de beber a água da sabedoria. Enfim, a sede acaba por um tempo e logo está de volta, assim como o aprendizado; ele vai e vem! Para sempre.
A chuva é dádiva quando o solo está seco. A terra absorve com avidez, com uma sede tão grande... Igual o meu interior, quando o pranto contido ameaça desabar... O choro que cai, lava e traz uma sublime paz a alma.
FALTA DE AMOR
A falta de amor e solidariedade
é a protagonista da inanição
pela fome e sede na sociedade.
Tenho sede de você e o meu corpo se impacienta pelo teu na espera de um encontro irresistível, tendo a língua loucamente despertando as suas tentações para que possamos conhecer o devido prazer carnal;
Peço-lhe que faça loucuras do meu coração e conduza-me para o teu aconchego natural e ardente;
Rendo-me sem movimentos bruscos e sem contestar os teus desejos que se faz como uma ordem para com o teu súdito fiel;
Usa-me para seu bel prazer com a sua superioridade majestosamente em tua intimidade insana e tentadora;
Por vezes, a maior responsável pela minha infelicidade é sem duvida alguma essa sede estúpida que sinto pela razão.
FOME E SEDE
Orações não matam a fome
nem a sede de ninguém.
Orar é um procedimento
egoista e só beneficia
a sí próprio.
Ação e atitude é o que pode
acabar com a miséria do mundo.
Amar-te é beber sem sede...
É matar o que não vive...
É sentir frio no verão...
É abrir e não fechar-te...
O meu pobre coração!
Não ter que deixar na fonte...
Uma gota de água apenas...
Secá-la com a minha boca...
E achar que é sempre pouca!
E nunca mentir dizendo:
Todo o dia que te amo...
E ver na água transparente...
Se o meu coração mente!
Quero aquela sede que água não mata, aquele frio que cobertor nenhum aquece
Quero o calor que nenhum vento refresca, aquele gelo que nem o sol derrete
Quero viver cada dia intensamente como se amanhã fosse o fim, aquele fim que lentamente se aproxima e insiste em reduzir a intensidade do meu viver
Sede bons. Dominar maus hábitos faz parte de um trabalho de auto doutrinação,é tornar-se autoconsciente no agora. Para ser luz temos de olhar primeiro para nossa escuridão e fazer a escolha do que se quer ser... Ser luz é transcender do mundo da matéria, para o mundo do espírito
Pequeno girasol
Lá bem longe apareceu um belo girasol
todo arancado
Todo livrado
Com sede do amor
Com saudade da sua amiga flor
Com pena de voltar
A namorar com a apesonhar