Sede
HÁ UMA SEDE EM MIM QUE NÃO ENTENDO
Há uma sede em mim
Que não entendo!...
Como se pudesse sentir
Toda a secura das fontes
O grito amargo dos poços
O choro triste das pontes
E tantos, tantos remorsos!
Há uma sede em mim
Que não entendo!...
Sede imensa sem destino
Cujo o destino é dar-me sede
Uma sede que me turva
Que me impele no caminho
E me esbate em cada curva!
Há uma sede em mim
Que não entendo!...
É uma sede de infinito
É uma sede de verdade
Uma sede que vou sofrendo
Uma sede de saudade
Que no fundo não entendo!
Senhor,
Aceita-me como sou!
Com esta sede de amor
Que me consome o viver
Que me tira o fulgor
E antecipa o morrer ...
Aceita o vidro partido
De que é feito o meu coração
A alma entornada
Sem casa nem chão
Cheia de noite, vazio e nada ...
Aceita os versos que te canto
Que no caminho te dou
Os que ponho no pranto
Por não ver o eterno
No transitório que sou ...
Os homens com sede de poder carregam um fardo muito pesado.
Estão inclinados à disputa do ter a qualquer preço. Cedem à falta de escrúpulos para a conquista e manutenção de seus desejos. Não me iludo com essa guerra. Há tempos decidi viver a simplicidade, e a única coisa que busco é a não privação de minha mensagem, o que exige apenas uma boa dose de influência.
A busca de poder nos impede de servir a Deus e aos homens. O Mestre ensinou que aquele que comanda deve se tornar como a quem serve: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja servidor de todos”. Isso é contrário aos valores da mundanidade.
O desejo de poder não é o caminho para ser alguém de valor, é o contrário. Trata-se de um obstáculo, o qual devemos nos afastar todos os dias.
Este vento que me domina...
É a água que mata minha sede,
É a melodia suave que embala meus sonhos.
Este vento que me domina...
É o encanto de seus lábios,
É o som da sua voz.
Este vento que me domina...
É o seu caminhar ao encontro do meu,
É suas mãos deslizando em meu corpo.
Quero o vento que me encanta
E me faz adormecer.
Quero vento que me encanta
E me faz crescer.
Quero o vento que me domina
E me faz esperar por você.
Hoje amanheci com sede de vida
Com fome de chuva
E saudade doída
Com o olhar abracei o horizonte
E vi na grama o sol como fonte
Daquelas folhas caídas
E o cheiro do verde bailando
No som do rouxinol cantando
Inunda a vida de cor
E a força do vento dourado
Dobrando todo o cerrado
Balançando a beleza da flor
Soube então que isso é amor
Que Deus está me enviando
Sinto falta de algo
Mas não sei o que é
Não é fome pois já comi
Não é sede pois já bebi
Não é frio, agasalhada estou...
Do que será?
Lembrei
E de você
Que longe está.
Sempre quero sorte plena, cem por cento de êxito, na sede, na sina e na senda... Sem cena. Vou tentar, tentar e tentar novamente, até valer a pena.
Poeta em sonho
Ser diferente é ser poeta.
Ser poeta é ter sede de nada,
é condensar o mundo em um só grito.
É ter o mar como soma de suas lágrimas
e o calor do sol como chama de sua vida.
Ser poeta é sonhar.
Sonhar que das cinzas surjam rosas,
que o eco dos passos dos que caminham pelas ruas
seja mais que sua derradeira rotina.
A qual enfrentamos a favor dos sonhos.
Sonhos altos
cada vez mais altos.
Sonho...
Sonho com grandes versos
inúmeros legados e obras.
Sonho com publicações, em lançar flores ao vento
deixar um pedaço meu em cada ser.
Sonho com uma suntuosa lápide em versos.
Sonho em não ser sombra, mais uma sombra em meio às sombras.
Sonho com a fumaça que escapa de minha boca e dedos.
Sonho, como Apolo, a desfolhar as mais belas flores.
Sonho com o êxtase impudor da juventude.
Sonho com a boemia, a vagabundagem e a poesia.
Sonho com o riso vindo da boca fria,
com o luar ouvindo minh'alma.
Sonho em ser miragem, ser estátua, ser coisa, ou coisa alguma.
Sonho...
Com enigmáticos jardins que me inspirem.
Sonho em ver as lágrimas brotarem de dentro da alma.
Sonho em esquecer para lembrar novamente.
Sonho em viver e embebedar-me de nuvens e flocos de neve.
Sonho porque adquiri o deslumbre de um poeta solitário.
Porque me edifiquei sonhadora.
Porque ando atrás de mim sem me largar.
Porque sou demasiado humano.
Sonho porque sonho em ser poeta.
Porque vivo de poesia.
Suas pistas são os meus anseios de encontrá-la o quanto antes para te cultuar com os meus olhos sedentos de você;
Deixe-me tocar em teus sagrados lábios e sentir a pureza do encanto sentimental;
Enfim erguer-te para que todos ao teu redor possam enxergar a bela rainha que se formou com provérbios poéticos dedicados;
Quem tem muita água para vender, arranja um jeito de provocar sede no mundo... Quem tem muitas armas de guerra...
Gaiola doida
O relógio parado
Fixado na parede
Não falta água
Só não tenho sede
A minha causa rara
Afirma-se em solidão
Sem perspectiva do amanhã
E o hoje sem a tal emoção
O velho sábio pensa
Indefinições que voam
Como pássaros embriagados
Sonhos que são lamentados
Nada é como outrora
O pôr-do-sol se extinguiu
Nunca pesquei naquele rio
Minha empresa já faliu
Antes de nascer eu previ
Na gaiola doida estaria
Segue então o rumo do baile
Fantoches em total monotonia
O meu esconderijo maior
Esconde aqueles sentimentos
Cada vez mais realçados
Num poço de lamentos
Não vejo as cores
Tal como elas são
O daltonismo cai
A luva serve na mão
Razão na pura emoção
Comoção sem sentir
Um amor que aflora
Na cova vou partir
Quase nunca nada
Jamais te conheci
Nada serei sem ti
Estrela da madrugada
Adeus ao navio negro
Leve todas as vítimas
Eu aqui ainda aguento
Mesmo sem carícias.
Ao perguntar exprime a humildade, vontade de saber e sede de beber a água da sabedoria. Enfim, a sede acaba por um tempo e logo está de volta, assim como o aprendizado; ele vai e vem! Para sempre.