Se Alguém Magoa
" Nunca permita que o ódio e a mágoa se estabeleçam no seu coração.
Com isso deixarás de enxergar o lado bom das pessoas em sua volta, o lado bom de quem o ama de verdade."
"Todos são capazes de superar, esquecer ou até perdoar uma mágoa, da pessoa que mais admira. Exceto quem foi magoado."
O mal que te fere e magoa passa, e não tem nenhuma importância. O que importa é você nunca magoar ninguém.
Quando um relacionamento acaba, seja ele amoroso ou de amizade, muitas vezes ficamos tristes, magoados e até adoecemos, ainda mais quando amamos esse alguém que se foi. Achamos que aquela dor que nos aflige será eterna, que nunca conseguiremos superar o término e a partida, mas engana-se quem pensa assim. Nenhum sofrimento é para sempre, ainda que demore, uma hora ele passará. Conheceremos novas pessoas, faremos novas amizades e quem sabe, até encontraremos um novo amor. É tudo uma questão de tempo para que tudo seja como era antes.
Quando digo que algo me magoa, não cabe ao outro decidir onde dói em mim.
Tenho me questionado sobre tudo "Vale a pena?"
Bater em porta alheia, e tentar mostrar aos outros, onde eles erram? Se a própria pessoa não tem a dignidade de assumir onde falha e precisa melhorar?! Estar sempre com mais angustias que alegria? Pior, gente cheias de erros , que se colocam como vítimas, tentam nos colocar comos vilões,minhas palavras carregam peso da minha verdade,meu valor estar no que eu não permito
Anotei suas palavras na hora de partir,
eu senti a mágoa, da moça, do meu amanhã,
eu vou voltar pra juntar os cacos,
talvez algum dia...
Depois de tudo que eu passei,
eu sou pescador dos percursos,
regressando os erros do presente,
pedaços machucados e feridas que não fecharam...
Vou refazer meu percurso,
a felicidade de ter uma saudade,
de coisas boas quando morava por aí,
Repensar primeiro e reunir as cores do abraço
a alegria de ver terra nova, um amanhã...
Mágoa de não te magoar
Muitas coisas de ti escutei,
calado permaneci,
sufocado pelo o que não falei
e permitir de te ouvir.
Desgostoso muitas vezes fiquei,
várias vezes me entristeci
e mesmo assim me silenciei,
pois ainda zelava por ti.
Calava-me para toda ação,
deixei você fazer de mim chateação,
mas sempre estive a lhe perdoar.
Você pouco pra isso deu satisfação,
pisoteou e esmagou meu coração
e hoje eu tenho mágoa, mágoa de não te magoar.
A mágoa
Os telhados sujos a sobrevoar
Arrastas no vôo a asa partida
Acima da igreja as ondas do sino
Te rejeitam ofegante na areia
O abraço não podes mais suportar
Amor estreita asa doente
Sais gritando pelos ares em horror
Sangue escoa pelos chaminés.
Foge foge para o espanto da solidão
Pousa na rocha
Estende o ser ferido que em teu corpo se aninhou,
Tua asa mais inocente foi atingida
Mas a Cidade te fascina.
Insiste lúgubre em brancura
Carregando o que se tornou mais precioso.
Voas sobre os tetos em ronda de urubu
Asa pesa pálida na noite descida
Em pálido pavor
Sobrevoas persistente a Cidade Fortificada escurecida
Capela ponte cemitério loja fechada
Parque morto floresta adormecida,
Folha de jornal voa em rua esquecida.
Que silêncio na torre quadrada.
Espreitas a fortaleza inalcançada.
Não desças
Não finjas que não dói mais
Inútil negar asa partida.
Arcanjo abatido, não tens onde pousar.
Foge, assombro, inda é tempo,
Desdobra em esforço a sua medida
Mergulha tua asa no ar.
Nota: Esse é um dos dois únicos poemas que foram publicados em vida por Clarice Lispector. Esse poema também tem uma versão em prosa publicado em “A descoberta do mundo” com o título A mágoa mortal. O outro poema publicado em vida pela autora é Descobri o meu país.
...MaisPegue uma mágoa bem passada
tempere com choro
O coração endurecido deixe marinar em suco gástrico – até que arda o estômago
cometa o pecado da gula
mastigue a raiva até queimar a língua
depois que o amor esfriar
engula sapos
sirva com o pão que o diabo amassou
defume os pulmões com cigarro
cozinhe o fígado com vício em álcool
brinde com seu amigo imaginário
quando se empanturrar de mentiras
Enfie o dedo na goela
provoque vômito das lembranças boas
Jogue os restos no lixo
até se sentir vazia
evite a próxima indigestão
coloque na balança cada ato falho
estoque amigos a granel
faça jejum intermitente
adote um gato
e nunca mais leve pra casa amor tóxico
Quando a mágoa em toda plenitude me atacar
E eu tentar dominá-la com o coração cheio de brandura,
Terei Paz.
Quando a ingratidão acercar-se de mim atiçando revolta
E eu parar um pouco, compreender e combatê-la com ternura,
Terei Paz.
Quando a inveja e o sofrimento baterem na janela da minha vida e eu não mais escutar,
Com certeza terei Paz.
Quando o orgulho e o egoísmo insistirem em me acompanhar e eu tiver escolhido o amor como companheiro,
Terei imensa Paz.
A doce Paz é uma estrada de renúncia e persistência,
dependendo unicamente do viajante a sua conquista
Então...
Quando serei um homem de paz?
Por certo...Quando eu me vencer.
O problema de ser magoado não é propriamente a mágoa, ela passa. O problema de ser magoado é que aos poucos você vai perdendo a naturalidade, a espontaneidade, até se transformar numa alma sem vida, totalmente desprovida de sentimentos e emoções.
Todo luto não vivido, toda dor não curada, toda mágoa estacionada, todo ressentimento não esquecido, todo perdão não concedido, torna-se algemas que nos mantém mental e espiritualmente acorrentados.
O coração de uma mulher é tão intenso que quando entra uma mágoa ou um amor, perdura a vida inteira...
GOTA D'ÁGUA NA ROSA
Chuva rara, clara
na rosa pingo d'Água
lava a mágoa...
- É só uma bágua
ou frágua do cerrado?
É delírio na sequidão
que pingam
nas pétalas soam
nos ouvidos cantam...
E o chão molhado
Chove no cerrado ressecado
céu carregado... Chove!
No sertão em prosa
gota d'Água na rosa.
Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado