Saudades de quem Morreu
Narciso morreu afogado porque não compreendeu que entre ele e a imagem existe a água. Eu sei que entre eu e a imagem há o mundo, há a palavra dos outros, uma grande distância.
Algo morreu em mim...se quebrou...partiu.
Não sei se foi o amor que um dia senti ou se foi eu mesma.
Depois dele só há mesmisse, dias que se sucedem melancolicamente.
Acabaram se meus timidos sorrisos sem motivo, acabaram se os sonhos sonhados acordada, a esperança...o desejo.
Ficaram apenas as saudades, certezas do grande amor perdido, tristeza, desespero e dor.
Por onde andará meu verdadeiro amor...talvez já nos braços de outra.
Levado pela vida e pela ânsia de satisfazer sua necessidade de me esquecer.
Terá me esquecido...ou estará como eu, envolto em uma nuvem quase paupável de recordações de beijos trocados com paixão.
Os apaixonados as vezes são sugados pela realidade, certezas de sonhos impossíveis, perdem o brilho, perdem o ideal, perdem o romantismo, se deixam levar por fatos e não sentimentos.
Ah dor me abandone e tire de mim esse sabor, sabor de pecado e amor, sabor de dos beijos dele, sabor da sua pele.
Ah tempo faça me esquecer o espelho que são seus olhos, a macies de sua pele morena, seu cheiro inigualável.
Viverei assim, até meu último dia e meu último suspiro de vida será o sussuro do nome seu.
Se aquele cara dentro de mim morreu sua parcela de culpa também existiu, mais é hora de esfriar a cabeça e deixar tudo continuar por que o show não pode parar...
Mas o seu amor já morreu uma vez e se morreu é porque nunca foi amor não tem como ressuscitar algo que nunca esteve vivo.
Esperança é a última que morre.
E a minha morreu.
Mas não pense que foi por falta dela,
E sim porque a perdi.
O poeta não morreu
Foi ao inferno e voltou
Conheceu os jardins do Éden
E nos contou...
Mas quem tem coragem de ouvir
Amanheceu o pensamento
Que vai mudar o mundo
Com seus moinhos de vento...
Essa história de que Elvis não morreu, além de me dar nos nervos, deixa-me anisioso feito noiva "na véspera".
Será que também eu não vou morrer nunca? Mas que coisa...
Como dizia Chico Buarque...tem dias que a gente se sente,como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então ... São dias assim que levanto a minha cabeça olho pro céu nublado e friozinho e quero voltar pra cama ...
Morreu. Fedeu!
Lembro-me do nem tão velho avô Pacheco, que morreu nos anos 60.
Filho de portugueses, com um grande coração de homem rude, quando ouvia o comentário de que alguém havia morrido logo soltava a perola. Morreu fedeu.
Sei lá porque cargas d’água, quando eu almoçava na casa dele ele sempre perguntava:- Mais um bife? E eu educadamente agradecia. –Não obrigado. E ele retrucava: - Mais fica.
Como se vê, ficaram essas lembranças que com a aparência de rudes explicavam ao neto, as verdades da vida com poucas palavras.
Morreu. Fedeu!
ENCONTRO COM A PALAVRA
"Aqui jaz Fernando Sabino. Nasceu homem, morreu menino". A frase poética escolhida pelo autor de "O Encontro Marcado" para a sua lápide expõe de maneira sucinta, mas explícita, um pouco da personalidade, dos desejos e anseios de um protagonista da palavra. Um autor cuja pena produziu, desde a mais tenra juventude, textos fundamentados na sensibilidade capaz de captar a angústia humana como poucos de sua geração souberam fazer. Sobre ele, um dos maiores críticos literários brasileiros, Antonio Cândido, avalia: "Fernando tinha um olhar infalível para os pormenores expressivos e uma capacidade prodigiosa de invenção verbal". Com a morte de Sabino, encerra-se um tempo singular que, por um desses desígnios inexplicáveis, teve o mérito de reunir, em uma mesma época e em um mesmo cenário - a cidade de Belo Horizonte -, o famoso quarteto de escritores mineiros composto por Sabino e pelos amigos Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Sabino foi o único dos quatro a chegar aos 80 anos. O único a sentir a ausência corrosiva provocada pela perda das grandes amizades. Suas dezenas de romances, crônicas, novelas, correspondências e relatos de viagem trazem em sua essência o cerne de um dom raro: o de fazer dessas histórias uma ponte entre a ficção e a reflexão. Um elo entre o eu e o outro. Entre o particular e o universal. A narrativa de Sabino instiga os leitores à realização de uma busca rumo ao autoconhecimento - virtude característica dos grandes mestres da palavra. Foi assim com o personagem Eduardo Marciano que, desde 1956, com a publicação de "O Encontro Marcado", prossegue arrebatando corações e mentes. A escrita fluente e a leveza que dava a textos de temáticas muitas vezes angustiantes nasciam de um cuidado extremista de Sabino com a palavra. O mesmo que dedicou à música. Eclético, como todos que possuem espírito inquieto, Sabino era baterista de uma banda de jazz - estilo caracterizado pelo predomínio do improviso sobre a técnica. Assim também era Sabino na literatura: artista cujo compasso ritmado era marcado pela junção da técnica e da sensibilidade. A perda do escritor mineiro já seria motivo suficiente para que o reino das palavras ostentasse luto por prazo indefinido. Entretanto, dois dias antes, o mundo das letras, da filosofia, do pensamento dava adeus ao filósofo Jacques Derrida, famoso pela teoria da "desconstrução", cujo princípio era desfazer o texto do modo que foi previamente organizado para revelar significados ocultos. Suas pesquisas apontavam que, tanto na literatura como nas demais formas de arte, é possível observar - por meio de análises detidas - numerosas camadas de significados não necessariamente planejados pelo criador da obra. Assim como Sabino, Derrida era o único sobrevivente de um grupo ímpar de personagens que ajudaram a compor a história de uma geração. Juntos, Althusser, Barthes, Deleuze, Foucault, Lacan e Derrida tornaram-se conhecidos como "os pensadores de 1968". Desde então, o filósofo contribuiu sobremaneira para o entendimento de questões essenciais à compreensão do século 20. O autor de "Espectros de Marx" não se furtava, mesmo já muito doente, o direito de viajar pelos continentes lançando luzes sobre temas variados e polêmicos como a literatura, a política, a ética, os conflitos árabe-israelenses, a luta contra o aparthaid, os últimos atentados em solo americano, a rapidez dos processos tecnológicos. Derrida era um cidadão do mundo, um homem que viveu apaixonadamente e defendeu sua ideologia e seus propósitos de todos os modos. A justiça, os direitos humanos, a conquista da cidadania e a dignidade da pessoa humana eram, invariavelmente, bandeiras que empunhava em favor da edificação de um tempo mais pacífico e igualitário para povos e nações. Foi ele, também, o criador, em 1983, do Colégio Internacional de Filosofia, a que presidiu até 1985. Sem dúvida, as vidas de Sabino e de Derrida são exemplos de entusiasmo e de dedicação. Convites a uma existência mais pró-ativa, passional, conectada à nossa verdade interior e à procura da felicidade individual que se expande para o coletivo. Foram-se dois grandes homens. Ficam duas grandes lições. Que todos tenhamos sabedoria para apreender os ensinamentos que deixaram em seus livros e que os manterá, para sempre, vivos. Afinal, como afirmou Derrida em uma das tantas entrevistas que concedeu: "(...) a vida é sobrevida. Sobreviver no sentido corrente quer dizer continuar vivendo, mas também viver após a morte".
Publicado no jornal Diário de S. Paulo
MINHA FRASE 433
Morreu outra vez! Anteontem morreu para os filhos, ontem para os colegas do trabalho e hoje morreu para a mulher. Cada dia ele morre um pouco e sequer desconfia, pobre diabo!
Emergência: Aviso-te que morreu o senhor ódio foi vítima de raiva e inveja. Quem o matou foi o senhor amor, matou-lhe com bondade, fé, alegria, carinho e abraço. É só pra dizer que ter amor no coração é como ter Deus em suas mãos.
Sobrevivi ao fim de tudo... e quem deixava meu mundo feliz morreu, e surgiu desse alguém uma nova pessoa que destruiu tudo que existia de bom e feliz aqui...
E há quem diga que o amor morreu e que não valha a pena .
Mas quando tem que ser , Deus une caminhos distintos .