Saudades de Quem Mora longe
Saudade é uma ideia do tempo influenciada pela distância e pressionada pela solidão.
Às vezes, não, saudade pode ser só a alma vasculhando o coração.
Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê “sadio”. Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por ‘um pouco mais’.
Saudade, lembrança nostálgica e ao mesmo tempo suave de pessoa ou coisa, distante ou extinta, é pesar pela ausência de alguém que nos é querido.
Está aí uma maneira bem seca de definir saudade, digamos até um modo aureliano de definição.
Saudade é sentimento, saudade é estado, saudade é resultado.
Como definir saudade, como explicar o que é e o que não é, saudade é sentir falta do primeiro beijo, da primeira paixão, das lágrimas do amigo ao se despedir da palavra amiga do professor, das loucuras cometidas em prol de uma paixão.
Saudade é a certaza de ter vivido lindos momentos!
Eu sei que a distância não separa quem ama, mas também não impede de quem ama sentir saudades, pois o que Deus une não separa o homem.
Saudade é o que eu sinto agora, saudade de quem foi embora, de quem está distante e demora pra voltar. E na distância o tempo é devagar.
Não é sempre que a ausência deixa saudades.
As vezes...
Ela deixa pedaços de vento, que atravessam os nossos silêncios.
A coisa mais assustadora sobre a distância é que você não sabe se vão sentir saudades suas ou te esquecer.
já me falaram que a saudade mata, que a distância mata, que a solidão mata, que o arrependimento mata, mais eu falei... não tenho medo do que mata! tenho medo é de perder ela! !!
Você percebe o quão importante alguém é, quando nem mais sua presença mata a saudade que a ausência deixou.
A Geografia da Saudade está para além da mera distância. Ela comporta a fatídica distribuição dos momentos em espaços que parecem não estar sujeitos ao tempo.
Sou triste porque existe a Distância.
A Distância me machuca porque existe a Saudade.
A Saudade é insuportável porque existe Você.
Você, que me faz chorar e sofrer porque não está aqui.
Não a vejo em carne mas te vejo em lembranças.
Não a tenho pra me abraçar mas abraço em pensamento.
Não posso te tocar.
Eu sei!!!
Mas você está sempre presente tocando meu coração.
Quinta-feira fria, eu com saudades e cheia de ódio. Você distante e cheio de indiferença. Pois bem, eu espero, amanhã é sexta e o sol já vai sair!
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.
Nota: Trecho de um texto do autor.