Saudades de Alguém que Mora Longe

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Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Trecho adaptado do livro "O Avesso das Coisas - Aforismos", de Carlos Drummond Andrade.

Ausência física, ausência da voz e do cheiro, das risadas e do piscar de olhos, saudade da amizade que ficará na lembrança e em algumas fotos.

Martha Medeiros

Nota: Autoria não confirmada.

Quando penso em você, fecho os olhos de saudade.

Fagner

Nota: Trecho da música "Canteiros", baseada no poema Marcha de Cecília Meireles.

A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração.

Se pela força da distância você se ausenta, pela força que há na saudade você voltará.

Onde Anda Você

E por falar em saudade
Onde anda você
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer

E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Dos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão

Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você

E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares
Onde anda você

Vinicius de Moraes
Álbum "Vinicius/Toquinho"

Nota: Letra da música "Onde Anda Você", composta por Vinícius de Moraes e Hermano Silva.

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Você pode ir embora e nunca mais ser a mesma.
Você pode voltar e nada ser como antes.
Você pode até ficar, pra que nada mude, mas aí é você que não vai se conformar com isso.
Você pode sofrer por perder alguém.
Você pode até lembrar com carinho ou orgulho de algum momento importante na sua vida: formatura, casamento, aprovação no vestibular ou a festa mais linda que já tenha ido, mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem fundo, é a saudade dos momentos simples:
Da sua mãe te chamando pra acordar,
Do seu pai te levando pela mão,
Dos desenhos animados com seu irmão,
Do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural,
Do cheiro que você sentia naquele abraço,
Da hora certinha em que ele sempre aparecia pra te ver,
E como ele te olhava com aquela cara de coitado pra te derreter.
De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades:
Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (está certo, se precisar, conte mais);
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura.

Desconhecido

Nota: A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Martha Medeiros.

Se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto, não tenha medo, é apenas minha saudade que te beija em silêncio.

Metade de mim agora é assim, de um lado a poesia, o verbo, a saudade. Do outro a luta, a força e a coragem para chegar no fim. E o fim é belo, incerto. Depende de como você vê!

Quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.

Gabito Nunes
NUNES, G. A Manhã Seguinte Sempre Chega. Editora Leitura, 2010.

Nota: Trecho da crônica "36 prestações de saudade": Link

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A saudade é um parafuso
que quando a rosca cai
só entra se for torcendo
porque batendo não vai.
Mas quando enferruja dentro
nem distorcendo não sai.

Antonio Pereira

Nota: Apesar de muitas vezes atribuído a Raul Seixas, o poema é da autoria do poeta popular pernambucano Antônio Pereira.

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Saudade a gente tem é dos pedaços de nós que ficam pelo caminho

Martha Medeiros

Nota: Autoria não confirmada. Por vezes referido como trecho do livro "Divã".

Que saudade é o pior tormento, é pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar...

Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Reconstituição


Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.

A saudade era dela
A bebida era o beijo.

Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.

EU, MODO DE USAR

Pode invadir
Ou chegar com delicadeza,
Mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo habito de revidar...

Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre a nocauteante beleza.

tenha vida própria,
Me faça sentir saudades,
Conte algumas coisas que me fazem rir...
Viaje antes de me conhecer,
Sofra antes de mim para reconhecer-me...
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras
e sempre por uma boa causa.

Respeite meu choro,
Me deixe sozinha,
Só volte quando eu chamar e,
Não me obedeça sempre
que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?

Me conte seus segredos...
Me faça massagem nas costas
Não fume,
Beba,
Chore,
eleja algumas contravenções.
Me rapte!
se nada disso funcionar...

Experimente me amar!

Martha Medeiros

Nota: Versão adaptada da crônica "Eu, modo de usar" de Martha Medeiros.

Saudade nenhuma de mim

Volta e meia, crônicas, romances e poemas terminam com a indefectível frase: "Saudades de mim". Será que eu já escrevi isso alguma vez, que sinto saudades de mim? Devo ter cometido, eu também, esta dramatização barata, somos todos reincidentes nos clichês. Mas, olha, sinceramente, não sinto, não.

Lembro de uma menina que se sentia uma estranha na sala de aula. Que adorava tomar lanche nas Lojas Americanas do centro da cidade. Que ficava esperando ser tirada pra dançar nas reuniões dançantes, e quando acontecia, que êxtase! Na vez em que foi tirada pelo garoto de quem ela era a fim (e ele a apertou mais do que os bons modos permitiam), os pais da menina chegaram justo naquela hora para buscá-la, sua primeira grande frustração. Lembro do primeiro beijo da menina, ela completamente nervosa. Lembro da menina já grande, em seu primeiro estágio, iniciando vida profissional. Lembro da menina agindo como adulta, indo morar fora do país. Lembro da menina voltando, sem resquícios da menina que havia sido. Saudades dela? Afeto por ela. Saudades eu tenho de nada.

Não voltaria um único dia na minha vida, e lembranças boas é o que não me faltam. Não voltaria à infância - mesmo nunca mais tendo sentido tanto orgulho de mim quanto senti no dia em que ganhei minha primeira bicicleta sem rodinhas auxiliares, aos 6 anos, e saí pedalando sem ajuda, já no primeiro minuto, sem quedas no currículo. Não voltaria à adolescência, quando fiz minhas primeiras viagens sozinha com as amigas e aprendi um pouquinho mais sobre quem eu era - e sobre quem eu não era. Não voltaria ao dia em que minhas filhas nasceram, que foram os dias mais felizes da minha vida, de uma felicidade inédita porque dali por diante haveria alguma mutilação na liberdade que eu tanto prezava - mas, por outro lado, experimentaria um amor que eu nem sonhava que podia ser tão intenso. Não voltaria ao dia de ontem - e ontem eu era mais jovem do que hoje, ontem eu era mais romântica do que hoje, ontem eu nem tinha pensado em escrever esta crônica, ontem faz mil anos. Não tenho saudades de mim com menos celulite, não tenho saudades de mim mais sonhadora. Não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim.

Martha Medeiros
Crônica "Saudade nenhuma de mim", 2004.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 20 de dezembro de 2004.

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Gente bacana mora dentro. Tem lugar cativo no peito, único e exclusivamente reservado, independentemente de distância. Quem cativa nunca é ausente. Entra sem pedir licença e não “arreda” o pé. Não dá um passo sem pegar carona em nosso pensamento.

Porque você brinca de ser meu, mas mora do outro lado mundo. E eu não sou atleta e nem forte para correr tanto e tão longe...