Saudades de Alguém que Mora Longe

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Preciso de alguém que não encontre alguém melhor que eu, daqui a dois ou três dias.

Eu me achava forte, até começar a sentir meu coração sendo levado por alguém.

Você perde tanto tempo procurando alguém e quando se dá conta, esse alguém estava do seu lado

As lembranças fazem a dor ser maior e dificultam tirar alguém da sua vida.

Será que você tem noção do quanto é horrível gostar de alguém que não se importa com você?

Tem alguém por quem você pode dar a sua vida: Sua mãe, ela realmente vale a pena.

Tem pessoas que negam, mas todo mundo, bem no fundo, quer ser inesquecível pra alguém.

Ache alguém que te respeite. Não se contente com alguém que só te ame.

Sinceramente não estou me entendendo mais... não sei de quem eu gosto, ou se gosto de alguém... não sei quem eu quero, ou se quero realmente alguém!

Parece que as pessoas se divertem ao ver alguém caindo.

Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Morte de uma baleia.

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Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações. Talvez apenas alguns goles... Ah, eis uma lição, eis uma lição, diria a tia: nunca ir adiante, nunca roubar antes de saber se o que você quer roubar existe em alguma parte honestamente reservado para você. Ou não? Roubar torna tudo mais valioso. O gosto do mal – mastigar vermelho, engolir fogo adocicado.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Se alguém disser que pode amar uma pessoa a vida inteira, é porque mente!

Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro.

O amor é laranja. Eu sou a cor vermelha, você é a cor amarela. Misture a gente e veja no que deu.

Uma grande tempestade gera um estupendo arco-íris.

“É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”
(José Saramago)


"Fora da Ilha"_ um olhar para si

Ainda que tenhamos a certeza de que nada passa desapercebido de nossos olhares mais críticos e aguçados, nada somos e nada sabemos. Nem de nós mesmos, muito menos acerca do que nos fascina. Somos uma legião de sabidões, doutorados em hipocrisia e mestrados na leviandade. Vivemos como se soubéssemos o segredo da vida e impregnamos o nosso trajeto com o peso vil das experiências mal sucedidas. Ora bolas, quem somos e para onde vamos? Eis esse grande mistério milenar...
Seres surtados e altamente despreparados para a vida e para o que ela oferece... Nem mesmo conseguimos enxergar o que faz morada em baixo de nossos olhos. Nada, definitivamente nada é observado como se deve. Abandonamos pessoas como coisas, como peças... E volta e meia retornamos, ou tentamos retornar Justamente porque não conseguimos lidar com a ausência da lágrima e da devoção.

"Neguei tanto, mas não era pra desistir tão rápido. Mesmo distante eu sabia que você estava ali, e sem isso eu não sei viver. Que merda!"

Um vaso quebrado não retorna nunca... Que grande carência humana. Voltamos atrás vez ou outra, daquilo que não nos proporcionava mais nada, simplesmente pelo fato de não conseguirmos lidar com a perda do que um dia foi seu. O amor vai, o amor vem... O amor empaca e o amor some. Será amor?

Para tanto, nada é necessário, basta ver o sorriso de quem um dia chorou. E tudo muda de cor.... O amor morto ressurge como uma fênix, dói peito, falta ar... Até as borboletas que já pairavam em outro ambiente retornam. Sofre o ultimo, sofre o atual, sofre o próximo... Sofremos! Porque o que não prestava mais, volta a ser tudo e o que era tudo passa a ser nada. Triste estágio. O ciclo não para... E basta uma tentativa e a coisa volta a ser como antes! E assim vai... Solidão, tristeza e vazio.
Um dia, cansamos de procurar.... Vamos promover o encaixe, quase que forçosamente. Ainda sobraram peças, sem cor, sem perfeição no encaixe, com muitas brechas e ainda assim o resultado surpreende, ficou lindo e foi o melhor que pude arrumar.... Mesmo torto, vazado e sem cor, gasto, a figura encanta. O desenho que se forma ao final é tão explendoroso aos nossos olhares cansados, que passamos o pouco tempo que nos resta sentados em nossos sofás nos questionando o porque de não termos montado isso antes! Lembrando de todas as peças que jogamos na caixa e que nunca mais encontraremos. Ta certo... É assim, o quebra cabeça vira quadro e o quadro vai pra parede. Que conto maldito! Logo vem o caminhão... Mas nem deu tempo da parede amarelar! Bom, lá se vai o quadro e todas as outras peças da casa direto para o lazarento sumidouro, porque? Nada mais habita ali. Acabou o tempo!

Caminhar na vida e aguardar peças, aguardar encaixes perfeitos para a nossa existência... Que grande estupidez humana. Amores vem e vão, massacrados pela intolerância e o egoísmo, pelo medo, por incertezas... E o que fica? Nada!
O que somos e para onde vamos? Volto a dizer... A grande verdade, humildemente falando é que não vamos a lugar nenhum! Por que já estamos aqui. Estamos aqui e aproveitamos a nossa estadia vivendo a miséria das relações vazias. Dos encontros vazios e das relações sexualmente satisfatórias e emocionalmente destrutivas. Que cagada! Não conseguimos enxergar o bom até que o tenhamos expulsado completamente... Não conseguimos viver o presente até que este vire passado, que fiasco! Tudo o que vai passa a ter valor e gosto, que engolimos diariamente com a sede do desgosto e da solidão! Que nutriente né?
Assim como o Rei de Saramago não considerava a existência de uma ilha não mapeada, nós acreditamos ser os entendedores de todos os nossos mistérios, todos! E nada escapa, sou isso e ponto.

Mesmo assim, o rei liberou a busca. Permitiu o barco seguir em águas profundas, rumo ao encontro da tal ilha! E o encontro... Ahhhh, esse se da, aos poucos... De fora pra dentro, e que aventura! Solitária, mas nem por isso ruim... Porque para ver a ilha, a briga e feia... É preciso sair dela! Sair, se despir e olhar minuciosamente para ela... Conhecendo-a como que pela primeira vez... Que grande exercício de renascimento! O que nos é importante, o que realmente nos nutre... O que queremos, o que nos constitui?
Muitas versões de Saramago sobre o conto da Ilha já foram compartilhados... Mas o autor nos deu esse presente para isso mesmo, e isso também faz parte. Sair de si... Olhar pra si, mapear a si... E por aí vai! Nada melhor... Não há nada melhor...

Afaste-se de sua ilha, olhe para ela e veja o quanto ela é linda e feia ao mesmo tempo. Conheça seus sentimentos, respire! Se conheça! E faça cada minuto valer a pena. Afinal, ser um perdido em nossa própria ilha, não deveria ter cabimento!

Razão : não deveria gostar dela ela nem gosta de você!
Eu : foda-se o coração é meu eu gosto de quem eu quiser...

Roupa não define caráter, e o seu caráter que vai definir a roupa que você gosta de usar!

Não deixe um tropeço te impedir de seguir em frente. Depois de uma tempestade, existe um arco-íris.