Saudades da Pessoa Amada
Se a nossa humanidade
Seus conceitos não rever
Sufocará a si mesmo
Até não sobreviver.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Quando tu tocas em mim
Meu corpo perde a calma
E fica tão exitado,
Que arrepia até a alma.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
A pior prisão do mundo
É dentro de uma mente,
Pois tem gente preso em grades
Que vive naturalmente
E por ter a mente aberta
Sabe viver livremente.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Tem muita gente que almeja
Um dia poder voar,
Mas por temer ficar tonto
Desiste de decolar.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Metamorfose
Eu trilhei vários caminhos
Já tive vida severa
Eu vivia a reclamar
Mas dominei minha fera
Hoje eu vivo bem melhor
Mudei, não sou mais quem era.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023
Faltando um pedaço
A cada dia morremos
No paradoxo da vida
E a cada dia que passa
Falta parte a ser vivida
Seja vida arruinada
Ou uma bem-sucedida.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023
Às vezes rindo sozinho
Sem saber qual o motivo
Eu fico sem entender
Mas dá pra vê que estou vivo.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
09/04/2024
Quando estou meio perdido
E triste, sem alegria
Eu me encontro e me alegro
Nos braços da Poesia.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
10/04/2024
O mundo está perdido
Com esta sociedade,
Pois vi o orgulho sorrindo
Da cara da humildade,
Vi a verdade perdendo
O espaço pra falsidade,
Presenciei a justiça
Escrava da injustiça
Dando vez a impunidade.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
10/04/2024
O Sol se afastou da Lua
Mas comecou esfriar
E com seu brilho ofuscado
Espera Ela voltar.
Porque o Sol e a Lua
Não podem se separar.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
10/04/2024
Eu não busco a perfeição
Procuro a simplicidade
Pra eu poder atingir
A minha totalidade.
Santo Antônio do salto da Onça RN
24/04/2024
Nós somos pó estelar
que o vento sopra na vida.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
18 agosto 2024
Quando Eu Não Te Tinha
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor –
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
[...] não me recordo de nenhum livro que tenha lido, a tal ponto eram minhas leituras estados de minha própria mente [...].
Na noite terrível, substância natural de todas as noites
Na noite de insônia, substância natural de todas as minhas noites
Relembro, velando em modorra incômoda
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
O irreparável do meu passado — esse é que é o cadáver!
Relembro, e uma angústia. Espalha-se por mim todo como um frio do corpo ou um medo
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures.
Na ilusão do espaço e do tempo,
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei.
O que só agora vejo que deveria ter feito Na falsidade do decorrer.
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido
Isso é que é morto para além de todos os Deuses
Se em certo momento.
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Isso e foi afinal o melhor de mim é que nem os Deuses fazem viver ...
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certa conversa.
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro.
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido.
Se tudo isso tivesse sido assim.
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro.
Seria insensivelmente levado a ser outro também...
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo
A conversa fechada concludentemente
Claras, inevitáveis, naturais...
A matéria toda resolvida...
O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos.
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Como uma verdade de que não partilho,
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca.
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível pra mim.
Fernando Pessoa
Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços (...)
Despi a realeza, corpo e alma
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...
Se for para definir o amor, eu o definirei com seu nome, pois não dá para explicar o inexplicável. O inexplicável eu só senti e sinto por você.