Saudade do que não Aconteceu
Há muito tempo ela não o via, mas a distância nunca foi capaz de diminuir seus sentimentos. Ainda o sentia com intensidade na intimidade do seu ser. Para enganar a solidão colou por toda a casa o retrato dele na parede, seduziu os sentidos, enganou a saudade e teve a visão do paraíso ao seu alcance.
Três ingredientes são essenciais para esquecer qualquer coisa: distância, ausência e tempo. A distância proporciona a falta necessária para o esquecimento. O tempo cuida do resto.
O teu vazio mora aqui do lado.
Na cama vazia.
No guarda roupa sem suas camisas
No sofá da sala.
O teu vazio mora aqui, dentro de mim.
Na falta de colo,
De afago,
De presença.
Indeléveis vazios que estão a me consumir.
Um olhar agatiado, meigo enluarado. Uma boca perfeita de lábios rosados. Uma cabelo castanho claro todo cacheado, e duas maçãs bem corada. É o rosto mais perfeito que todo porta deseja sonhar, e eu tive um vislumbre quanto te vi largada deitada do sofá.
Se soubesse criança como passa o tempo.
Voltavas a brincar.
Continuava sorrir.
Aproveitava o viver.
A vida adulta é pura lamúria.
Tudo tem cheiro de saudade.
Queria ter ainda a confiança do abandono.
Quando me esquecia nas mãos de Deus.
Hoje que cresci e assumi o controle, não vivo.
Tudo é se der,
tudo é quem sabe.
Quando os dias não passam, e as dores são as mesmas, as saudades são as de sempre e os motivos rotineiros, é assim que na maioria das vezes eternizamos os amores perdidos.
E seu escrever bobagens, me perdoe, estou sem rumo, perdi minha razão, é que a distância, chamou a saudade, e essa é carrasca, é guilhotina, pra minha, tão dependente de ti, inspiração.
Dia 13
Segunda-Feira 13 que fala?
E não o treze do bom kkk,
Essa madrugada sonhei contigo novamente,
A saudade parece um grito estridente,
Embora eu pareça valente,
O coração é um bicho prepotente!
Eu só queria que soubesses,
Quanto me importo contigo,
Estou aqui sendo abrigo,
Energéticamente,
Fazendo tudo diferente,
Me cuidando, como tu,
Para nunca mais termos que nos fazer ausentes,
Mas, o que é a ausência afinal?
Se a alma não tem corpo,
Como posso me afastar estando perto?
Não existe só uma maneira...
Estou pra ti por inteira,
A distância não me alcança,
Eu corro dela feito criança,
Pique esconde?
Deixa que eu te acho,
Já estou formando asas.
Minha terra, richiamo
Ah! Quem há de gabar, recordação impotente e escrava
O que o presente diz, o que a saudade escreve?
- Cutucas, sangras, pregadas nas lembranças, e, em breve
Olhas, desfeito em espanto, o que te encantava...
Passou, andou, e é num veloz turbilhão, a ilusão forjava;
Ilusões. Um dia na inocência, hoje já não mais serve,
A forma, e a realidade espessa, a lembrança leve,
De pureza, canduras, numa quimera que voava...
Quem a prosa achará pra poetar o conteúdo?
Ai! Quem há de falar as saudades infinitas
Do ontem? e as ruas que omitem e agiganta?
E o suspiro muda! e o olhar surdo! o andar mudo!
E as poesias de outrora que nunca foram ditas?
Se calam nas recordações, e morrem na garganta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20 de janeiro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro.
Paráfrase Olavo Bilac
MORRE POR INTEIRO
Tem os que nunca partem
Vive em nossas lembranças
Da nossa nostalgia vão além
Alimentam nossas esperanças
Nesta passageira caminhada
Tecem fios de teia de amor
Forrando por toda estrada
O carinho, o afago, o calor
À distância nesta separação
É temporária, bem breve
Que conforta o coração
Faz desta ausência leve
Se partiu, deixou verdades
Norteou de afabilidades... (a vida!)
A emoção! Perpetuando afinidades
Pois morre por inteiro quem não deixa saudades.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho, 01 de 2010, 09’13”
Rio de Janeiro, RJ
TUDO LONGE (fado)
Tudo longe, tudo vazio, tudo sem encanto
do teu canto, teu olhar, no peito no entanto
que se põe a suspirar... as tuas lembranças!
Que são lágrimas em rodopios e em danças
na minha saudade. Você está ausente!
Só o cheiro dos teus beijos nos lábios presente
Insistente: - num poema, num verso, num canto
uivando o acalanto, tanto, me jogando num canto
Nem o teu calor, o teu amor, aqui posso tocar
Você está longe... como nostálgico não ficar?
Ai está dor, este pranto, este manto, ai...ai... ai...
não me deixes tão distante, solidão... vai... vai...
A dor do amor sozinho, é tristura grande
que invade a alma, de quem é amante
Tudo tão longe, tão grande, tão emudecido
aqui neste gemido em sofrido alarido...
Me ponho ao vento por ti clamar:
- como é bom poder te amar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23 de agosto de 2019
cerrado goiano
PAI (soneto)
Trago no coração sinais de abrigo
são sentimentos de protetor laço
num nó em lembranças e abraço
daquele que levo sempre comigo
É quem apoiou o passo no passo
no compasso fora do ter perigo
É o valente amigo até no castigo
que no cansaço expõe o regaço
Eis o lar, pai, que assim eu digo:
o provedor que nunca é escasso
num rude amor, sem ser oligo
O braço em um dilatado espaço
de colunas eretas que bendigo:
- numa saudade que não afaço.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2016
Cerrado goiano
MADRUGADA DE JULHO DE 2015
Nesta madrugada, o seu silêncio escreveu saudades e com ele sua morte trazia...
Acordaste do sonho da vida, e tuas lembranças, nos acolhia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13 de julho, 2015
Cerrado goiano
Falecimento do meu velho pai.
(José Lino Spagnol)
TALVEZ ILUSÃO, QUANDO SENTI (soneto)
Talvez ilusão, quando senti, mas sentia
Que, ao desânimo da alma nela enleada
Entre a dor, o fôlego, pelos poros subia
Numa preamar de esperança prateada
E eu a via no olhar, olhava-a... Ferroada
Assim em cada raio, aí então eu resistia
E construía degraus nesta dura escada
Mesmo que se risco corria... ou se feria...
Tu, alegria sagrada! E também, capital
Sede das sedes!... que venha por nós
Tal reticências, e não como ponto final
E, ó desejada! E tão buscada, aporte
Como um emaranhado de um retrós
Súbito. Vi que rompe na medida sorte!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Os que partiram antes de nós, hoje dançam o baile da eternidade. E nós que aqui ficamos entoamos o hino da saudade.
Um texto sobre carros...
Acho que todo homem que se preze ja teve uma paixão por algum carro, mesmo não tendo um, sempre há um modelo que nos chama atenção.
Comigo não foi diferente, eu ja tive o prazer de desfrutar o conforto de alguns, uns mais marcantes do que outros, porém todos únicos.
Poucos tem o privilégio de começar por um padrão alto,um carro caro de muita elegância e desejado por todos, no meu caso eu comecei por baixo, contarei sobre os mais marcantes.
O meu primeiro carro, era engraçado, compacto e pouco notável, para mim era especial pois nele eu dei minhas primeiras voltas e realizei as primeiras loucuras, certo tempo eu fiquei, era apegado, pois ele era meu primeiro carro.
Sobre o segundo carro, eu ja era apaixonado, nunca tinha visto tanto brilho na vida, a elegância e a segurança eram impecáveis, o mais potente e o maior laço que eu faria na vida, eu era louco por ele. Com meu segundo carro eu pude viajar, pude planejar coisas, comprei acessórios, moldei ele a minha maneira, nossa que carro fantastico eu pensava.
Certo dia, resolvi sair, peguei minha paixão, e fomos passear, 5 longos anos se passaram e eu com o mesmo carro, ainda havia encanto e admiração,mas eu, sendo homem tolo, com instinto insaciável, passei à admirar outros carros.
Aquele carro que era tão especial, quebrou-se, por mais que eu tentasse consertar, ele ja não aparentava aguentar ir tão longe, então eu o troquei.
A solução encontrada me parecia ser eficaz, afinal, seria um livramento, ele trazia tantos problemas, eu vivia a ter dores de cabeça.
Resolvi que não teria mais um carro, passei a viver transitando entre um veículo e outro, quantos onibus eu peguei, a quantidade de uber eu ja nem sei, só sei que nenhum outro veículo jamais me interessou.
Até que em um dia de trabalho, através de um amigo eu conheci um novo modelo, lindo,espetacular, impecável na verdade, enlouqueci e resolvi que deveria ficar com ele.
Acabava de conquistar minha nova paixão , todos os lugares eu ia com ele, por onde andava todos olhavam, a quem eu mostrava, sorria e me parabeniza, nossa que carro legal.
Eu estava feliz, estava preenchendo um espaço vazio em mim, mas pra falar a verdade, eu nunca esqueci aquele segundo carro.
Eu nunca mais o vi, soube apenas que esta lindo, mais potente do que nunca, o novo dono cuida muito bem dele.
Eu não deveria ter vendido, não deveria ter desistido de ajeitar ele, que saudade daquele carro.
Que saudade do sotaque, do sorriso, das brincadeiras e do cheiro do cabelo.
Se eu pudesse, eu voltaria no tempo e faria diferente, estaria com ela até hoje, não importa o quanto quebrasse, eu consertaria, que saudade dela.
[...] vã̃ e breve, a vida tal uma curta poesia
expira, em terra funda, dura e fria
o teu canto, ali, acabará...
Eis o que aperta, e dói no coração
a morte é um mistério
fugaz... cheio de sensação
má́ ou boa, penoso critério
aqui apenas uma oração
em suporte
a realidade
um triste verso à morte...
versado com saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/06/2021, 5’10” - Araguari, MG
PÁGINA ÍNTIMA
Meus poemas tão cheios de ilusão... os perdi
os deixei de cantar, mansos, estão no destino
apertando a sensação, tão solitários, os dilui
lastimando ou rindo no meu poético destino
Era boa canção de um coração de um menino
singelos versos, e que não feria, se então sofri
feliz fui, muito adquiri no trançado do figurino
pois não sabendo, entretanto, que iniciava ali
Aí, cada pranto, cada sorriso, cada um norte
e a sorte, a quimera, a inspiração, ora brando
ora forte, mas sempre com o sonhador porte
Ó página íntima, tão cheia de ilusão querida
Da lembrança, saudade, a lágrima chorando
Sigo eu em outros poemas, à minha vida! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 25/07/2021, 15’55”