Saudade do que não Aconteceu

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⁠BÁLSAMO ...

Trovar-te a saudade! Saber-te ainda cativo
Eis a maior das poéticas que assim fizesse
Causadas do coração, hoje rude e aflitivo
E acalmar-me o peito e as mãos em prece

Trovar-te o cheiro! Um linguajar intrusivo
Da sensação, que a ilusão no amor oferece
E que pulsa forte o lampejo de novo vivo
Onde a lembrança afoita ainda permanece

De meus insanos ensaios a sedução pura
Desejar ter-te, outra vez, quanta ventura!
Teu olhar num beijo, o carinho prolongado

E compor um canto que simplesmente
Te diga nos versos, versos ternamente
De emoção! .... confortado ao seu lado!...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/01/2021, 08’30” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUE INSÔNIA ...

Como faz calor neste quarto agora
O bafo quente transpira na vidraça
A saudade toando de hora em hora
E com a insônia um vinho na taça

De cochilo em cochilo, vai a fora
Que demora, o alvor na sua graça!
na estagnação, a melancolia sonora
O vagar na cadência, que não passa

Derreado... o relógio me velando
Eu pro sono pedindo, até quando?
Vem a vigília no animo e me enlaça

Ah! como faz calor no momento!
Cinco horas, ativo o pensamento
Ouço ruido na rua, o ouvido caça... ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/02/2021, 4’55” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INTEIRAMENTE ...

Tenho saudade do que algo mais diga
Amor de silêncio valeroso e inteiramente
Amor que tece prosa, sensação e cantiga
No mistério, magia e poética pra gente

A proximidade que no desejo causa liga
E, assim, na emoção ardente e fremente
Aquele afeto duma cumplicidade antiga
Amiga, sem nunca com paixão ausente

A atração socia, amante e enamorada
Amor que embala a cortês madrugada
Acalentando as mãos, forma e segredo

O amor tal ao perfume da primavera
Caprichoso e, olhar cheio de quimera
Sem privação, solidão e sem degredo...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/02/2021, 10’11” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUE SAUDADE...

Que saudade nesta sensação, agora
A chuva range rumorosa na vidraça
O soar do relógio, de hora em hora
A badalar. No ir o tempo não passa

Solidão. Não durmo. Como demora
Essa angustia que na ideia é pirraça
Traça que corrói, e na alma aflora
Fazendo na emoção triste negaça

Eu sei que o pensamento velando
É furioso, e de quando em quando
Vem fluídico e ao cabecear enlaça

Oh falto! E o instante percorrendo
Suspirando, gemendo e, chovendo
Lá fora. E a saudade que não passa! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/02/2021, 03’05” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠GOLPEADO...

Em vão estendo pra saudade os braços
Sem que possa atingir este sentimento
Que julgo padecer-me nos teus traços
De vazio, angustia em cada momento

Cato-te em vão! Nos saudosos espaços
Entre nós a extensão, perdido lamento
Ainda na imaginação ouço teus passos
Onde o som à poética é doce alimento

Este amor é como o meu árido cerrado
Seca as ilusões, tal inverno, uma a uma
E assim mesmo, enamoro na lua cheia

Com o teu silêncio atroador sagrado
Perfura a minha alma, inda escuma
E com tua falta ao meu amor golpeia! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11/02/2021, 14’28” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AMOR DESFEITO ....

No sentimento esquio e acre, a saudade pura
Suspirando, arfando, a procura de um talvez
Sente a emoção vagar e sem a fulcral ternura
Que larga a sensação numa silenciosa surdez

Enquanto o lacrimejar escorre pela fissura
Do olhar. Há aperto, dor no peito outra vez
São as lembranças tão cheias de amargura
Dum afeto que se vai e ali então se desfez

Quando surge, então, a poética derrocada
A quimera pela janela se afasta desfolhada
E o sentir se faz delicado igual a um cristal

E o sentimento desamparado, acre e esquio
É ante o querer: - apático, indiferente e frio
Então, no amor desfeito, o irrefreável final! ....

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/01/2021, 19’52” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TEM SAUDADE, TEM ...

Hei de sentir uma sensação que não impeça
Qualquer coisa que da emoção seja nascida
Tentando surpreender, criando sem pressa
O soneto, que diga, quão ao coração és vida

No exato amor, talvez seja a essencial peça
Poética, e um sentido na paixão repartida
Em que, em ter-te, é prazer, é bom à beça
Concebendo ventura, a chave na acolhida

Há no cerrado um senso de melancolia
Sem o teu olhar, alegria e, só em tê-los
Tudo fica tão mais sedutor no meu dia

Sim, muito mais agrado, quimera e além
Do cheiro, beijos, aqui nos meus apelos...
Tem saudade, tem! E dela eu sou refém! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/02/2021, 10’21” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A ALMA DA SAUDADE ...

A alma da saudade é misto de rudeza
De ausência, do vão, pesar e agonia
Tal uma sensação cheia de surpresa
Lágrima, suspiros na presença vazia

Ao reviver, sofrimento, que tristeza!
Uma dor no peito em pranto desfia
E nos sentimentos aquela tal frieza
Que range, inquieta de noite de dia

No silêncio a saudade soluça tanto
Que imagino ser da tristura o canto
Ou, será a solidão sendo um bardo?

Mas, no tempo passa, que contraste!
Sem que nada da lembrança o afaste
A alma da saudade, por certo é fardo!...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/03/2021, 17’34” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SE A SAUDADE FALASSE...

Talvez, já não mais te lembres, certo dia
Vi tu solidão, recordando ardentemente
Aquela minha sensação tão confidente
Nos momentos outrora de total alegria

No amor. Eu vaidoso, assim, me sentia
Comovido, sincero, simples e inocente
Que por certo do fado o bom presente
No sentimento a emoção, no ter, fazia

Então, silenciosamente num devaneio
Olhei o horizonte de lembrança cheio
Suspirei, comovi, ao notar tudo fugace

Tudo passa, num piscar de olhos, fato!
Deixe tudo andar, não seja um ingrato
- Ah martírio, se essa saudade falasse!...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12/03/2021, 05’49” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AGRADO ..

Quando a saudade me aperta o passado
de quando nostálgico me acho perdido
vejo que de tudo pouco me foi temido
e que todo o afeto me foi bem amado

Sempre no mais valioso e mais cuidado
tudo que a emoção valia me era podido
os desenganos, as venturas, tudo válido
tudo querido, um tanto e mais arrojado

Os sonhos que solevava o pensamento
no ponto supremo do prazer os erguia
chorava, ria, mas vivia cada momento

Que diversas somas nos faz a fantasia:
alegria, tristura, vida e morte. Sustento
de ternura, agrado e o saciar na poesia! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 14’58” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TORTURA ...

Aqui – um soneto de amor enrabichado
Torturado, com saudade, cheio de emoção
Lembrando cada olhar e cada beijo dado
Em ti, que fez de teu servo o meu coração

Aqui – um ritmo poético e compassado
De um sentimento tão pleno de paixão
Afeto e promessas dum desejo arrojado
Onde minh’alma teve mais que sensação

Aqui – é um soneto de minha sofrência
De um passado no cerrado de carência:
Da tua atenção, teu abraço, o teu calor

Vai, aqui, a minha poesia falar-te, então,
Do quão de te sinto falta, falta de vazão
Da dor, que sinto no vazio do teu amor! ...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/03/2021, 05’05” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PERMUTA ...

Se peço a tristura que saudade
não seja de um sentimento ardil
dizes que sou ingênuo e infantil
sem a realidade e sem maldade

De onde vem está barbaridade
se a boa lembrança não é hostil
quando a recordação nos é sutil
sensação leve, e com suavidade

...do amor. Há o tal mal que chora
roga, solidão que suspira e, assim
empapado em agonia, vem a fora

Esse dói, corroí, mas é por apuro
e neste reviver escuro, em mim:
acontece um desejar mais puro!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/04/2021, 14’19” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AMARGURA

Dia e noite a lembrar de ti. Saudade
aperta o peito, e a emoção redobra
cada uma sensação de falta, ô sobra
no sentimento, ao sentir é vontade!

E, no sofrer que a tristura manobra
chora, implora, triste é a felicidade
e a dor, a ferralhar, traz calamidade
com solidão, notória, tão sem sobra

Dolorosa a recordação, o momento
a alma baixa, achacado de tal crime
assim, se vê, cair no esquecimento!

Tudo, ante ao fatal que afadiga tanto
o amor sem ter sua distinção sublime
vai se amargando sem ter o encanto...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/04/2021, 06’05” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SOLIDÃO ATROZ

Quando fores dormir, ó saudade tenebrosa
na noite negra insone de uma agonia, e não
tiveres por alcova o ardor e o abraço, senão
o silêncio, uma ausência dum dedo de prosa

Adormeça-te, enxugue tua lágrima medrosa
na vil dor, e me deixe nesta aflitiva lassidão
com o meu pranto e o arfar do meu coração
então, não venhas me consolar aventurosa

O suspiro que tem um confidente em mim
pois, o esbaforir há de adormecer o poeta
da insônia sombria dessas noites sem fim...

Dir-te-ei: de que serve a calma completa?
se os teus estardalhaços, nos faz mais sós!
E ao sentimento, falto, uma solidão atroz...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de maio de 2021 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DOR DE AMOR

Ao pesar, o poema meu, pela solta saudade
do vosso encontro, onde o querer palpita
por vosso olhar extasiante, beleza infinita
triste afeto distante, de uma vil crueldade

É que, ai de mim! Aperto que no mal brade
me arde, sai exaltado, vai louco, em grita
sentidos vagos em sensações tão eremita
haurindo em mim a sorte duma felicidade

Eu choro, e choro... e sofro, tanto, tanto
no entanto cada gemido de dor é pranto
e cada pranto um gemido em canto e dor

O suspiro dado é desilusão e não apenas
o penar amargurado, são fados e penas
de um poeta em sua sofrência de amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de maio, 2021, 05’44” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUSPIRO OFEGANTE

Que é saudade sem ter-te? apenas um vão
Dum sentir frio e o vazio sem a face da lua
O desejo sem te ter? Esvaziado na solidão
Emoção que pelo céu a recordação flutua

Passo a passo. O caminho sem ti? Imensidão
Da noite usurpando o dia, grito e agonia nua
Sofrência? Lágrimas, ai! E pranteia o coração
Pra esquecer o encanto, a graça, prenda sua

Que é de meu poetar? Calado e pobrezinho
Sem o teu olhar. São palavras soltas sem lugar
Peregrino solitário, infecundo e sem carinho

Íngreme e pesado fado, sou eu sem instante
Onde o afeto vive perdido e sem poder amar
Na sobra da tristura e num suspiro ofegante!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 11, 2021, 09’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PERJURO

Busco à noite, o silêncio, exausto de saudade
Pois é justo o repouso do sentimento fatigado
Novo instante, entanto! Lembrança que brade
Na emoção solitária. O desassossego acordado

Penitência ou vigília? Eu sei que n’alma invade
Toma de todo o pensamento, cada um pecado
Nesta disputa do coração, tão dura eternidade
Largando o meu olhar no tormento assustado

Bem aberto, tenho a sensação ali dormente
Na escuridão, cego, sinto mais que um vidente
Cada batida, cada som do suspirar no escuro

Assim, de dia a poesia, e de noite, à traição
Por que hão de me tirar a poética e a paixão
Dum amor que não deu, se era pra ser puro!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/05/2016, 13'40" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MADUREIRA

Minha Madureira, além cerrado, lamento
Tê-la deixado, no passado, saudade havia
Em cada ideia, indo mais longe a cada dia
Silêncio, falta do agito, penoso detrimento

Para ti, então, voltar não mais alimento
Nem nos sonhos, nem na ávida fantasia
Certo de contar é envelhecer na agonia
Que há de trovar memória e sofrimento

De toda a dor, pudera eu em ti caminhar
Olhar, estar e sentir o movimento, enfim
Esperar é navegar na ilusão, eu bem sei

Porque por não te ver é que vivo a poetar
E nem a poesia é um conforto para mim
Pois, por tuas ruas, julgo, não mais andarei...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 maio, 2021, 15'15" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠DE SAUDADES MORRO

Eu senti uma saudade que renderam
sutis recordações ao coração, coitado
e que, doído, assim, se viu assustado
contra mim sofreguidão arremeteram

Me vi na solidão do que prometeram
um prosar do meu destino já cansado
e que, aqui pelas bandas do cerrado
pesar nos versos que um dia elevaram

Remédio ao mal que sofro, sem pista
cresce a dor, no engano então presente
no rendido suspiro: que pede socorro...

Assim, vejo que não há como resista
toda lembrança na saudade presente
E, de lembrar-te, de saudades morro!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2021 maio, 22, 11'09" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUESITO

Ao ver-te, saudade, na dor em glória
Altiva, tristonha, dando à vida pesar
Eu lacrimejei todo o meu festo olhar
... também sou parte nesta memória

Engasgada e atada toda essa estória
Tão frios breus, guardado a me sugar
Quem sabe donde saltar desse lugar
Se já ido cada tom, cada dedicatória

Agora sós, e a vaguear por lembrança
Ao léu, somos passados sem o porvir
Trovados na ilusão sem ter esperança

Então, fico detido sempre a refulgir
O olhar, a nossa promessa, a aliança
Por que então tivemos que partir?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/maio/2021, 13’34” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol