Saudade do que não Aconteceu

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Soneto da saudade tua

Não consigo ficar sem te escrever
cada cheiro teu que comigo ficou
tornou versos que comigo chorou
aqui nesta ditadura no meu viver

São sonetos que a paixão poetou
São momentos de amor sem ter
perdidos nesta dor, dói pra valer
latejando no coração, ali aportou

Sem o teu sorriso a quem recorrer
o teu olhar a recordação eternizou
os meus retalhos, estou sem coser

Por fim, vagueio, não sei onde vou
é trilha sem som, sem como finalizar
é tal saudade, que ainda não passou

Luciano Spagnol
2016, 07 de junho
Cerrado goiano

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Dor secreta (soneto)

Se a saudade que escuma, alternasse
com o pesar que perfura, e caísse fora
e nalma tirasse o dragão que devora
as lembranças seriam uma catarse

O coração é um ser que também chora
que põe o suspiro a escorrer pela face
prensa o sufoco no peito num repasse
e quando encontra a solidão, tudo piora

Há, ilusão, uma piedade que causasse
uma esperança que pudesse ter agora
um alento que no ombro cochichasse

Se se eu pudesse ter uma outra outrora
mesmo na dor que chora, e estampasse
um parecer venturoso, eu iria embora...

Luciano Spagnol
12/06/2016, 16'10"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Estranho amor este que hoje eu sinto
a saudade incorporou a coisa amada
acorda comigo depois de ser sonhada
e de mãos dadas paira pelo ressinto

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

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SAUDADE TRISTE

A saudade que no adeus existe
Só traz solidão tão descontente
E que o tempo seja brevemente
E que faça doce tal fado triste

É sabido que nela a dor existe
Num aperto que a falta consente
Tal abafar-se num tinido fulgente
Dum fulgor vagido que persiste

Mas, se deixar de ser descrente
De um fervor aos Céus, ouviste
Não te irrite a demora aparente

Ah! Clame com amor no que resiste
Que bem cedo terás uma vertente
E a saudade será a paz que pediste

Luciano Spagnol
19 de junho, 2016
Cerrado goiano

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ECOS DA SAUDADE

Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas

Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado

Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas

Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

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SAUDADE SEM DESCULPA

Tão igual quanto saudosar alguém
é sentir-se solitário acompanhado
estar rodeado e na alma isolado
ter do lado lembranças sem ir além

A saudade só importa se ela provém
dum amor contente do ser amado
retribuído no mesmo quilate doado
aquele que fala a influência do bem

Mas se o morno é a têmpera e peso
a dor da ausência um simples acaso
e os lamentos ruídos sem real culpa

Com certeza o coração não está aceso
o olhar vai se encontrar no tal descaso
e a saudade no sentir falta, é desculpa

Luciano Spagnol
24/06/2016, 14'14"
Cerrado goiano

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SONETO EM RETIRO

Quem dera, a saudade, que agora sinto
Da ausência de um alguém, fosse ilusão
E a mim e de mim apenas uma invenção
Eu seria no fado felizardo, e não absinto

Quem dera, este poema falasse de paixão
E fosse correspondido neste amor faminto
Pra cochichar doces versos que pressinto
E só pensa em você, e só pra ti faz menção

Mas a realidade é que estás na distância
E a solidão comigo veio num oferecido
Me sufocando nesta saudade em questão

Mesmo para ti eu não ter mais importância
Serei sempre um devoto e comprometido
Por ti... Pois este amor vai além da razão.

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

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Diante de um lugar no passado,
a saudade é lágrima num brado...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O carreiro segui, aqui eu vou permanecer
lamuriando a solidão na saudade sediada
na alma, qual carro de bois, no seu gemer

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Saudade em silêncio

Hoje a celebração é em lembrança
Da tua lacuna, forte é sua presença
Que no peito enflora em dor, lança
Que atravessa o amor, em sentença
Sinto falta neste silêncio, da aliança
Interrompida. Que a saudade lamenta
Reza, medita, e na fé, firme é a fiança
Pois, afeto de mãe não morre, ausenta!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Saudade, essa palavra
que arde e da falta provenha
que não tem quem explique
e ninguém que um dia não tenha...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Quando a saudade aparece
O tempo no tempo regressa
A dor no peito feri em prece
Misericórdia, vira promessa

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM SUSPIROS

Quando a saudade aparece
O tempo no tempo regressa
A dor no peito feri em prece
Misericórdia, roga promessa

Toda lágrima chorada, refece
A motivação é o que interessa
Se tristura ou júbilo, houvesse
É nela que a razão se expressa

E sempre se sabe, não esquece
Torna eternidade, na alma fenece
Pois, o vazio dói reto na saudade

E a solidão, pra ausência confessa
Suspiros, uivos, numa tal remessa
Que põe jogada ao léu a serenidade

Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano

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PREDESTINADO

Fechei os olhos na saudade
Vi sussurros na minha boca
Eram lágrimas de tal vontade
E palavras de sonoridade oca

Fiquei em silêncio e confuso:
era o amor que sussurrava,
a saudade no afeto ocluso,
ou minha alma que sonhava?

Enxuguei então está carência
De ti querer em tudo adivinhar
Dediquei versos em reverência
E desta saudade pude poetar

Pois o amor vive um no outro
E não em algum diverso lugar
Pode-se querer ter naqueloutro
Predestinado está a quem amar

Luciano Spagnol
27/05/2016, 05'05"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

a saudade trova
sua lástima vem de dentro para fora
rimando as tramas ilusórias da solidão
em versos de dor e lágrimas da emoção...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO VAGINDO

Na saudade a alma não canta
Chora, e triste fica o triste riso
O peito pulsa numa dor tanta
Que o nada se torna conciso

A memória vem e nada espanta
A vida se encolhe num improviso
A alacridade deixa de ser santa
E a solidão surge sem dar aviso

Quando a saudade se agiganta
O olhar se perde nu, no infinito
Tão frívolo, que não hei escrito

Aí um nó se enlaça na garganta
A lágrima pela face sai a procura
Dum vagido, pra banzar a tristura

Luciano Spagnol
09/08/2016, 06'20"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE

No vazio da penumbra da solidão
teu cheiro tornou-se guia,
ti via no luar, nas folhas caídas ao chão;
que no bailar do vento, escrevia,
as saudades poetadas pelo meu coração.
E no anoitecer, ainda existia
parte de você na minha emoção.
Tão presente e tão sem argumento,
que a falta tornou-se imensidão.
Infinidade...
E nada de você no momento...
Só saudade!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

MEDIDA DO AMOR (soneto)

Não se tem saudade, sem ter lembrança
Não se tem amor, sem que se tenha dor
A separação é a pétala de uma rara flor
Que se desgarra do fado em sua dança

A nossa existência é um bafo de vapor
Na emoção tem renúncia e esperança
É nos riscos que nos faz perseverança
De um olhar, um sonhar, de um clamor

Não se deixa os trilhos de ser criança
Sem paixão, afeto, calor a se interpor
Pois, na vida sempre há semelhança

A distância de um amor, vai onde for
Sua medida não se afere na balança
Viverá sempre conosco, no interior...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VENDAVAL (soneto)

Entre a saudade, a aridez do cerrado
ressecando as lembranças tão sós
adormecendo luas e sóis para nós
em suspiro e soluço ali amargado

Eis que um vendaval de tão feroz
arrombou-nos os sonhos sonhado
deixando o intervalo assim atado
num amarrilho lamento, num retrós

Aí, neste embaraçado, eu atordoado
Oh! Amor, nem sei se estou acordado
ou tão pouco adormecido na ilusão

Só sei que pouco a pouco aqui calado
na solidão, o coração tão esperançado
em vigília, que aporte de novo na paixão...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ESTOU SAUDOSO

Estou saudoso
De tanta saudade ou de tanto chorar
Só sei que o tempo e vagaroso...
Ou veloz no seu caminhar?
Sei que estou saudoso
E minha saudade não para de soluçar
Um suspiro doloroso
Que só faz saudosar!

Que saudade fiz eu da vida?
Sei lá!
Tudo é chegada e partida
Por que então: - o será?
Se estou cutucando a ferida
Assim, a saudade trará
E a angústia é parida
É eu a desejar. Quiçá!

Mas, se assim é a saída
Deixo estar a saudosar
Sim, saudade n'alma caída
Saudade de não estar
Depois ter recaída
E novamente "performar"
Sim, vontade vencida
E a saudade a saudosar...

Luciano Spagnol
16, outubro, 2016
Cerrado goiano
Horário de verão

Inserida por LucianoSpagnol