Saudade de uma Pessoa Especial
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa, 29-3-1931
todos os dias que passam
sem passares por aqui
são dias que me desgraçam
por me privarem de ti
tem um livrinho onde escrevo
qdo me esqueço de ti
é um livro de capa preta
onde inda nada escrevi
o canário ja nao canta
não canta o canario já
aquilo que em ti me encanta
talvez nao me encantará
Ninguém compreende o outro. Somos, como disse o poeta, ilhas no mar da vida; corre entre nós o mar que nos define e separa. Por mais que uma alma se esforce por saber o que é outra alma, não saberá senão o que lhe diga uma palavra – sombra disforme no chão do seu entendimento.
Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda chuva contra um raio. Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gestos e atos. Por mais que por mim me embrenhe, todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia.
Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Morte, não podes chegar a hora que bem entender e levar quem bem quiser,
já usastes a desculpa da doença, da idade, do acidente, que mais faltas inventar ?
E o próximo veraneio, e o almoço do próximo domingo ?
E o plano de parar de fumar ?
Porque acabas a festa sem a ultima dança, sem a ultima musica,
sem a ultima chance ?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Agora alguém vai ter de molhar aquelas plantas
vão ter de mexer nas gavetas, nas fotos, nas roupas e em tudo mais.
Tantas coisas que se tinha pra fazer.
Morte, não sei de onde tiras esta idéia.
A troco do que?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Porque me jogas contra Deus,
Aviso que não conseguiras
que desperdícios insistes em causar
Saibas que nunca iras tirar as lembranças de quem eu amo.
Morte, não te orgulhes, embora te aches poderosa
tu pra mim já estas MORTA.
Assim mesmo em letras garrafais.
Poema de Alexandre Pessoa - 2019
Há dias de tanta angústia
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a Fé.
É uma angústia que nasce,
Como de um solo, de mim,
Que parece ser eu todo
Com razão de ser assim.
E esmaga-me toda a alma,
Confunde todo o meu ser
E tudo gira em meu torno
Sem eu o compreender.
Mágoa como um portão velho,
Ferrugem da quinta em fim,
É uma angústia que cai,
Como num solo, por mim…
O que é preciso é cada um multiplicar-se por si próprio
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Não fale para todos dos teus sentimentos, dos teus sonhos, dos teus medos. Nem todos possuem a grandeza de compreendê-los. Partilhe com quem se alegra com tuas conquistas, te apoia, te quer bem.
Aprendi com o passar do tempo e a maturidade trazida pelos dias, que meu Pai em todos os momentos da vida demonstrou seu amor por nós em atitudes silenciosas; chorou por dentro nossas dores, torceu sem fazer alardes. Enquanto tecíamos nossa história, ele produzia a linha, enquanto levantávamos as paredes de nossos sonhos, ele era nosso alicerce, enquanto chovia lá fora, ele era nosso abrigo.
Sábado é meu dia de fazer uma faxina. Não sabia por onde começar. Resolvi começar por dentro (de mim). Livrei-me dos acúmulos, do pessimismo, dos pensamentos negativos; livrei-me de coisas que já não fazem o menor sentido. Tire o pó daquele quadro de família; acendi uma vela nos lugares mais escuros, fiz uma prece, cultivei o que me faz feliz, me sentir vivo. Depois fui cuidar da casa.
Tem amigos que passam dias sem dar notícias, ou, até mesmo, moram quilômetros de distância. Mas temos a certeza que há um encontro diário entre nós dentro do coração. Esses tem endereço certo, casa segura. Porque descobrimos como tempo e a distância que o amor não sabe nada de matemática.
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