Saudade de um Velho Amigo
Observado pelo jovem, a vida é um futuro inesgotável. Observado pelo velho, a vida é um breve passado, cheio de saudades.
Casarão da esquina
Viveu um tempo, que foi um longo tempo de alegrias.
Avós, filhos, pais, tios, netos, amigos...
Farofa, pé de moleque, doce de manga, macramé, crochê...
E um mundo inteiro que cabia num quintal.
Hoje o casarão é um velho.
Sozinho...
É tão ruim sentir o peito apertando e querer sentir um abraço, mas o que fazer quando a única coisa que você tem é um travesseiro velho pra abraçar?
A mulher na calçada
Ela estava sempre sentada na calçada quando eu passava, vestido velho, puído, um lenço que já tinha sido vermelho cobrindo seus cabelos maltratados, um pote de sorvete encardido, rachado, pousado ao seu lado para recolher moedas; diziam que era maluca, excêntrica, uma mendiga por opção, quando tentavam ajudá-la, se recusava, se a internavam, fugia. Ela já fazia parte da vida daquela rua, tornou-se uma estátua viva, um patrimônio da decadência humana, um dia, da mesma forma que apareceu, sumiu. Ainda hoje quando passo por ali penso ela, de alguma forma sinto sua falta; a rua ficou tão vazia.
Sinto me tão velho,
Como se pudesse morrer.
E isso me faz querer chorar
Seguir em frente... Apenas seguir ?
Recomeçar...
Mas como se recomeça um coração?
Posso correr, se esconder, fugir...
Fingir...
Mas em tudo está você!
Meu espírito velho
Meu corpo jovem...
Meu olhar trêmulo e afogado...
Numa escura sala...Repleta de lembranças
No espelho, a face do que um dia foi.
Pois já não é...
E o que é...
Só meu coração diz...
com apertos inexprimíveis.
E o que digo eu...
São palavras para que leiam...
O que em uma época foi belo...
Pois o que foi
levou consigo o encanto
A luz, o calor...
E o sorriso...
Para que o encanto, a fantasia e o amor
Se não for apenas fazer viver o coração?
Onde está aquele olhar.
Para onde foi o seu sorriso
E para qual ouvidos sussurra hoje
O som suave de sua voz?
Minhas mãos vazias anseia pelo toque
em sua pele...
Clara e macia....
Seus lábios de ternura alegrava os meus..
Mas hoje só com os meus olhos fechados
Posso trazer de volta o que um dia foi...
Essa noite ela não veio me abandonou com aquela minha playlist preferida e aquele velho livro que a tempos tento ler, nem vi a hora passar o dia clarear, estava ali jogado na solidão do meu quarto, paginas e paginas eu revirei sem prestar muita atenção o livro já estava chegando ao fim e eu virei a noite sentindo falta do mais simples carinho que ela já me fez em mim...
Se a fumaça que saia a cada trago daquele velho cigarro de palha, desenhasse o sorriso dela, nem que o vento levasse em questão de segundos, fariam com que minha noite fosse melhor.
Quando eu estiver velho, pretendo fazer as coisas que gosto, mesmo sabendo que algumas delas não poderei mais. Também não vou me importar, terei tantas.
Quando eu estiver velho e não poder segurar uma caneta, ou teclar, me conceda uma pessoa jovem, pronta para registrar bons concelhos.
SOU UM VELHO DIÁRIO
Sou um velho diário
Deitado no lixo
Na areia esquecido
Quando a dor não cabe no peito
Fica na alma e transborda de insónia
Sou um velho diário
De rosto estampado, calor
Fogo, alegria nostalgia e expressão
Sou música, palavras, frases
Um reviver, uma ilusão
Do presente e do passado
O meu diário é um amigo
É uma doce companhia
Pétalas de rosas entre as folhas secas
Numa bela recordação
Mas hoje querido diário será diferente
Vou sorrir e voltar a viver
Deste diário velho deitado no lixo
Que tanto amou deixou saudade.
Entre-páginas de um velho diário!
Em meio aos raios de luz do entardecer
Doce harmonia… Pura poesia… Magia…
Embaixo de um céu azul
onde os pássaros embelezam essa tela divinal!
Ouço o eco das memórias perfumadas
que tenho guardadas.
Surge uma sinfonia de recordações mescladas de sentimentos bons,
'prendas do tempo'.
Pensamentos esvoaçantes
voam livremente como folhas outonais.
Livres de estresses.
Num território que não existem falsidades, tampouco adversidades.
Apenas saudades!
Folhas agitando buliçosas.
Esmiuçando histórias
onde borboletas multicoloridas enfeitam esse longínquo passado.
Dando vida… Num garboso revoar!
Nesse belo jardim da memória de delicadezas sem fim
trago ternuras orvalhadas pelo tempo,
memórias de outrora.
Me deparo com pétalas de amor
nas entre-páginas de um velho diário
adornando o cenário,
cartas românticas, bilhetinhos escritos para mim.
Hoje, visto-me de poesia e vou (re)vivendo momentos, beijos e carícias,
abraços envolventes...
Ah!… doce mocidade
que passa tão rápido
como um raio de felicidade!
Rosely Meirelles
🌹
Após longos anos de ausência, perguntei ao meu velho avô:
- O que aconteceu por aqui? Por que nossos campos já não são mais belos?
Com a mesma simplicidade de sempre, ele respondeu-me, sem demonstrar qualquer espanto:
- Não houve nada, meu filho. Foi você que cresceu tanto, que já nem consegue mais ver as coisas que antes sentia.
Amigo do peito.
Amigão.
Velho amigo.
Meu melhor amigo.
Conheço-o há muito tempo.
Conhecido metido a amigo.
Amigo que cai de turma e vira conhecido.
Sempre foi muito legal comigo.
Conhecido íntimo.
Conhecido afetuoso.
Conhecido que se diz amigo.
Conhecido que finge que não nos vê em certas situações.
Amigo intenso que não se vê há muitos anos.
Amigo passivo.
Amigo de convivência esparsa e rara.
Amigo de todas as horas.
Amigo das horas difíceis.
Amigo só de horas fáceis.
Amigos encrenqueiros.
Amigos adoráveis.
Amigos trabalhosos.
Amigo de Fé.
Conhecido de vista.
Falso íntimo.
Amigo a quem não se conhece pessoalmente.
Amigo da Internet.
Conhecido da Internet.
Chato da Internet.
Afinidade especial na Internet.
Amigo dela de quem foi caso secreto no passado.
Amiga dele de quem foi caso secreto no passado.
Ex–amigo que ainda não sabe que já é.
Candidato a ex-amigo.
Amizade que deixamos escapar.
Amizade unilateral.
Admiração sem amizade.
Amizade com inveja.
A mútua admiração da amizade.
A impossibilidade do amigo morto.
As vezes sinto como se meu coração fosse feito de vidro, que a muito tempo foi quebrado. Ainda hoje junto cacos na esperança de um dia senti-lo completo novamente.
"Em dias como o de hoje,
quando sinto saudades de vinte e poucos anos atrás, é que me dou conta de que nada mudou
entre a menina que fui um dia
e a menina que hoje sou"
Quem dera pudéssemos voltar no tempo e quem sabe nos reencontrarmos, para novamente nos abraçarmos, e eu ter mais uma chance de dizer o quanto te amo, o quanto me faz falta.
Mas sei que quem parte não volta e é por isto que a saudade nos fere tanto, ela me traz a certeza que jamais o terei de volta.
Não nesta vida por isto digo que ê breve a despedida. Até breve pois logo aí no céu novamente te verei minha vida.
Só somos uma vez e nunca mais:
não há repetições na Natureza.
Não se confunda o som com o seu eco.
Os fantasmas são ecos que assombram
os ouvidos sensíveis da saudade.