Saudade de um Velho Amigo
MADALENA
Não era em toda a sua completude,
a alma inexorável de uma mulher resistente
e vencida perante o tempo.
Caminhava com sua pequena bolsa de saudades por todos os lados,
com seus papéis de bombons, cartas pela metade e fotografias manchadas pelo tempo.
Seus pés pairavam entre o arrasto e o escorrego dos dias sem propósitos.
Mas um dia, caiu de cara na ladeira
e seus papéis voaram ao vento
as palavras ficaram sem eco no olhar de quem estendeu a mão
para amaciar o seu tombo implacável.
E aí raiou o sol na janela alugada de um cubículo colorido.
A porta abriu, e como um roteiro presumível
foi-se o olhar perdido com as sacolas vazias que o vento levava
Eu recebo uma mensagem sua e meu coração fica sorrindo atoa por horas. Como você pode ver, não foi atoa que eu te quis.
O teu olhar ultrapassou a minha epiderme e despiu a minha alma, só espero que não se assuste enquanto estiver observando, ela às vezes costuma chorar.
a saudade é um barco velho
trazido desde longe pelo leito do rio
quando encalha na margem da memória
faz chorar quem desembarca o vazio
Se um velho amor foi embora, para seu lugar não convide a saudade. Ela machuca, maltrata e faz sofrer. Deixe a memória administrar a situação. Ela tem o condão de entrar na sua história, descartar o lixo sentimental, resgatar o que valeu a pena, drenar a ingratidão, oxigenar sua alma e extrair dos erros e acertos, a fórmula apropriada (ou a mais indicada) para que você possa encontrar uma nova paixão, ou um amor que não envelheça e seja eterno em seu coração.
SONETO???
Padeço pensando em ti
Que em porto velho está
A saudade dói ao lembrar
Sinto não te-la aqui
Jovem amiga Poliana
Como marca teu sorriso
Arma de fazer amigos
Encanto que almas inflamam
Linda diva flutuante
Entre o rosa e o azul
Tem um ser multitonante
Posso dizer sem pudor
Poliana nobre plebéia
Tens encantante fulgor
Certo de que não precisa voltar
Existe uma doce saudade lá fora
Passa o tempo, velho calabar
Não passam as horas, não adianta agora
Voltei para ver se minha pequena
Que de tão doce me perdoou
Ficou um pouco mais amena
Sem dizer se ainda o sou
Tem pressa em chegar?
Diz se tenho algum motivo
Se posso partir, se posso amar
Fale das coisas do mundo
Explique qual seu incentivo
De dizer "só por um segundo"
Se o ano velho deixou saudade,
o ano novo chegou para renovar
as esperanças que gritam em teu coração...
Vejam, esta multidão que está a beira mar
Com os braços erguido felizes a cantar,
E o glamour aflora em vossos corações
Eles caminham sobre a areia acenando
As mãos... Nada é em vão...
Hei, não fique aí parado[a] e junte-se a nós,
A multidão espera cada um de vós...
Vamos comemorar; Siga a multidão
Siga o teu coração e deixa a festa rolar.
Todo mundo se despede de 2017, chamando-o de velho. Pois eu me despeço dele já com saudade e agradecido por ter me tratado bem. Recebeu-me, cuidou bem de mim, deu-me oportunidades e saúde para aproveitá-las e me entrega melhor para 2018. O levo nas lembranças, com os anteriores.
Aquela velha saudade sem pudor a bater
Aquele velho vício que lutou pra perder
Aquele novo sentimento que luta pra crescer
Árduos amores índios
Aquela velha ferida que insiste em doer.
O mesmo plano de vida pra toda vida
O mesmo destino para nossas vidas
Coleção de amores árduos escrita em livros
Aqueles que se pinta com você, pode parecer
Pode até ser, mas não pertence a tua tribo.
Sinto saudade de você que foi um velho amor, talvez não seja saudade, seja necessidade de viver tudo outra vez.
Temos saudade e medo, temos saudade do velho, do que se foi, e sabemos que não irá mais voltar, temos saudade do que um dia fomos ou do que podiamos um dia ter sido, e medo, do que podemos nos tornar, afinal, quem sabe o proprio destino, quantas pessoas se perdem na vida, por causa do famoso destino, saudade e medo são palavras que estão presentes em todos os momentos de nossas vidas, isso só cabe a nos mesmos controlar, equilibrar e adaptar nos dias de nossas vidas !
SONETO COM CHARME
Moço, se no tempo, velho eu não fosse
Onde a dor da saudade a apoderar-me
As recordações a virarem um tal carme
E a lentidão em mim se tornarem posse
Ah! Aquelas vontades já me são adarme
O que outrora me era tão suave e doce
Num gosto acre o meu olhar tornou-se
O espelho, um revérbero, a desolar-me
O meu espírito a tudo acha tão precoce
Já o corpo, cansado, soa em um alarme
Na indagação a juventude que o endosse
Da utopia ao caos dum tão triste arme
Envelhecer, como se não fosse atroce
Então, vetusto, tenhas arrojo e charme!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 18 de novembro
Cerrado goiano
Quando você sente saudade demais de uma pessoa, então começa a vê-la nas outras, em todos os lugares, de costas, por um jeito de andar, de sorrir ou virar a cabeça de lado...