Sangue
Esquerdo
Peguei-me na tentativa abstrata
De meros caminhos flácidos,
Como todos.
Meu sangue corre poroso,
Roendo as paredes do céu.
Senti vibrações cósmicas
No entardecer caótico, e aceitei.
Mas o caos!
Eu aceito o caos?
– não!
Recuso-me aceitá-lo.
Meu prazer está na criação discreta
Da punhalada.
Sobrevivo entre os escombros
De uma nação encardida, cariada.
Que seus dentes amarelos ferem
Fundo os meus olhos e ouvidos.
E limito-me a canonizar a
Vergonha nacional, com meu verso
De sete pontas. Porque sei que
Este fere mais.
Celulares pingam sangue em todos os cantos do mundo, enquanto vozes e vidas de muitos são silenciadas por calibres. A tecnologia cobra em vidas inocentes o preço do avanço. Em buracos escuros de minas de exploração na África, a mais de cem metros do chão, é cada vez mais difícil enxergar a luz da esperança, em um ambiente tomado pela escuridão de estupros, escravidão, e guerra.
Momentos de plagio
Vento,sombra,luz e ilusão,
Aperto o passo pra sair de sua prisão,
Sangue,morte,medo e escuridão,
Minha vida aberta para o seu coração...
Um caminho que une,
O meu dia ao seu,
Sua passagem ilude,
Mas me mostra o que é meu,
Uma porta aberta,
Um segredo hilário,
Seu medo mais escuro,
Ou então, o seu dicionario.
Quando suas palavras,
Voce for falar,
Em que tudo se opõe,
Quem sou eu pra escutar?
Doar sangue, uma agulha. Fazer tatuagem, 7 agulhas. Tomar soro e vacina, mais duas agulhas. Saudades do tempo que só furavam meus olhos.
Veia do amor
A mesma veia que leva o sangue para o meu coração
É a que leva amor para os meus pensamentos
Que os tranformam numa bela inspiração
E me fazem viver sentimentos
A mesma veia do amor
As vezes me fazem sentir dor
Mas no fundo uma dor do prazer
Que me fazem sentir
E desejar apenas você.
Calar-se perante uma calúnia é a maior demonstração de que você definitivamente tem sangue de barata!
Seu sangue pulsa no coração alheio, pois não resisto em se doador, pois fui liberto pela aula de amor.
Hoje somos o pecado da carne
Hoje somos o alimento da alma
Hoje perdemos o gosto do sangue
Hoje vivemos em pequenas comportas
Hoje vendemos nossas almas em apostas.
O sangue e alguns retalhos de panos sem peso,
Amanheceram depois da litania dos arrependidos,
Ou oportunistas, que depois de tanto saberem
Fizeram ainda o holocausto, em nome deles.
Ninguém pedira, a não ser suas bocas para dentro,
Nenhum queria retirar-se da última esperança,
E só algumas gotas de sangue, não mais vermelho,
Quase cor de areia, infiltra-se no lugar.
Em meio aos gravetos apagados, pela tempestade,
Ainda em riste erguia o único tronco,
Aonde o esticaram, quebraram suas veias,
Canais que antes tanta bondade escoara.
Julgaram tê-lo tirado de dentro do mundo oco,
Agora muito mais deserto, e ninguém pra se escutar,
Pois que ao justo, exatamente o incólume de qualquer culpa,
Deles se agradaram como ovelha para o abate.
Dos pedaços de pano, que quase não se via,
Dava pra sentir um cheiro brando de cravo se abrindo,
E ele fora pisado, por pés desnecessários, sem valia,
E mesmo assim ardia, em pleno ermo, uma presença santa.
O madeiro, mais afortunado fora lavado,
Com o mais puro líquido. Uma nuvem vermelha,
A deslizar seu lastro, até tocar o ponto onde Ele punha os pés.
E quem dentre tantos maus abortos, poderia sequer querer,
Ter como Aquele justo, a mesma justiça, ser o mesmo Ser.
Um entre todos, o único entre todos, o que nunca igualou-se
A ninguém, nem com o acréscimo desses dois mil anos.
Mas quem julga tê-lo morto, esse realmente morreu,
Quem considera tê-lo tirado, esse sem dúvidas apodreceu.
Existem momentos que o ódio nos toma lascivamente com sede de sangue, neste momento a paixão pela morte é tão abrasiva, que nos tornamos assassínios inconscientes.
Escrevo tão e somente para sentir-me viva.
É meu oxigênio, sangue que pulsa em minhas veias, enorme desejo de respirar livre.
Escrevo e sinto meu coração acelerar de êxtase, sinto meu corpo ir e voltar ao infinito em menos de minutos,
sinto a força da renovação, a fé de espírito.
Escrever sempre foi meu refúgio, amigo oculto, passo dado rumo ao céu. Não saberia seguir adiante sem explodir, sem falar tudo que engasga em minh'alma.
Não saberia viver, então.
Sou isso, uma força contida em palavras, sou um enigma, uma interrogação.
Não me conheço, até que eu mesma me descreva, me exponha, fale sobre mim intimamente e subjetivamente através do que é a minha vida:
o que escrevo, sou, permaneço.
A voz do Poeta
A voz de um Poeta é canção,
É manifestação de um choro calado,
É sangue que escorre nas veias, é batida do coração
A voz do Poeta é euforia, é criação,
É sino que toca dentro da Igreja
Para dizer que é chegada a hora da oração
É cativante, é fascinante, apascenta quem quer que seja
A voz de um Poeta não é, nem nunca foi coscuvilheira
Ela é hino, é bandeira
A voz do Poeta é para sempre e sempre a primeira
A voz do Poeta é a voz do Povo,
A voz do Povo é a voz de Deus, a voz do Senhor a Quem eu louvo,
É sorriso cheio de fulgor, é fôlego novo
A voz de um poeta é tristeza, é alegria,
É noite e é dia,
É vida, é ritmo, é harmonia.
Saudade
"Vida atravessada, sangue no aperto de mão
Ferida cicatrizada, nessa mão te levo onde for
Eu poderia mentir e me perder na tua pureza
Me sentir alguém e derreter no teu carinho
Pode vir dizer, pois eu quero ouvir falar
No jogo sujo do amor não há o que perder
Tenho vida atravessada e o pouco que tenho você já tem
Não me diga o que fazer e o tempo certo para te entender
Saudade, batida de tanta saudade
Saudade...
Saudade, da tua falta faço a minha coragem
Saudade...
Beijo a tua faca, perco toda a malandragem
Faço prece à tua imagem, o teu pedir é o meu favor
Blefes e truques pobres, sorte e perda sem pensar
Hoje cartas sobre a mesa e ontem vinho no jantar
Eu sei que prometi e não vou cumprir
Dizer o que acho, sem timidez e com todo o escracho
Não há o que explicar o que só eu senti
E do princípio ao fim só me restou
Saudade, batida de tanta saudade
Saudade...
Saudade, da tua falta faço a minha coragem
Saudade..."
“ Queria ser apenas uma célula em seu sangue . . . só assim todos os caminhos de minha vida me levariam ao seu coração “
Eles se despem ondulando desesperos por entre buracos na estrada, tapados com terra-sangue de crianças desnutridas de amor.
Você desafortunada repousa em pianos, como se cada arpejo morresse depois dos toques terríveis de seus dedos.
Eu ainda temo, porque o que passa é sempre literatura que não da pra vender, então as jogo a frente, pra ter onde pisar e não cair em abismos.
Ela pergunta o que estou fazendo respirando, como se fosse tomar por charme o seu próprio ar.
Sangue correndo, coração batendo, respiração ardendo, uma vida de momento, sem sentimento. Isso é viver ? Não quero viver mais. Viver é mais que isso, é sentir o gosto da liberdade, o gosto do ódio, do amor, e da felicidade no corpo, é sentir a vida na alma.
Sangue roubado
Riqueza tirada de suas raízes
Numa cobiça da nobreza
Ambição sem compaixão
Fazendo de tuas luxurias
Muitas vidas de amarguras
Lhes arrancando o coração
Tráfico de sangues roubados
Desembarcando em portos
Pobres chegando até mutilados
Como se fossem porcos
Amarrados e enjaulados
Que que de seus lares foram tirados
Negros que tem um brilho nos olhos
Numa esperança de vida
Onde se quer tiveram chances de escolher
Trazidos para estas terras
Tão somente para sofrer
Mas Deus é verdadeiro
E esse povo sempre foi guerreiro
Fizeram parte dessa triste história
Passando dias e noites de medo
Sem saber como era a vida lá fora
Se era doce ou tão somente azedo
Mas hoje esse sangue roubado tem sua própria riqueza
Uma pele morena, hoje é beleza
Que todos desejam ter.