Sangue
Meu altruísmo é como minha carne, meu sangue, meus músculos. Meu amor próprio é como meus ossos. As situações são como chuvas carregadas de ácidos.
Por amizade ou por amor, suporto dilacerações, corrosões. Mas tudo tem um limite, e quando a chuva chega aos meus ossos, não há nada que eu possa fazer senão me esconder da chuva, esperar que ela passe e sair por aí. Um esqueleto clamando pela própria recomposição, jurando nunca mais se deixar cometer o mesmo erro - até a próxima chuva.
Com o passar dos dias me sinto escalando o mundo, o sangue ferve em minha veia. E todo o sentimento se transforma em garra, luta, fé e força.
Eu tive muita sorte. O hospital só tinha uma unidade de sangue, então eu tenho alguns O negativos, alguns A’s, e o meu favorito: B positivo.
A serpente
A chuva respinga a minha alma
Em gotas de sangue coagulantes
Sufocadas pelo ar que pressiona os pulmões
Os olhos de uma serpente esverdeada
Enlaça em meu olhar e transmuta em minhas veias
O veneno de uma sinceridade falida
Um nevoeiro anunciava por trás das frestas
E somente a luz ali pôde passar e avançar
Em cavalos de batalha, mostrando a cena
Um misto de tragédia anuncia o olhar
Gelo glacial nas pálpebras congela o batimento
Um instante de supressão, de cólera espasmódica
A serpente avança com dentes arreganhados e sorriso
Amarelado pela maldade congelante de uma página da história
O instante do tempo: o muro cai e a luz revela a cor do ambiente
Saltam sapos e o mal cheiro da lama azulada de negro
O vento suaviza a alma em choque, em transe....
A calma visão do absurdo, do desamor configurado em bailado
A presa de sangue gargalha no silêncio do anonimato
E figuras, cenas perdidas assombram o presente
De uma idealização, agora nebulosa e massacrada de negro
O homem presa do homem na selvageria da ignorância
Estraçalha as cortinas transparentes em fúria e fulgor eternos
Sorria..... a máscara do palhaço revela-se vampiro ratejante
E assombra os cordeiros desatentos: devorando-os
Vagarosamente e perpetuamente.
Exceto que no escuro, há o iluminar do amor infinito
Da brisa implícita da boa intenção que tudo revela e modela
Nos fantasmas deformados do que se diz humano.
Realmente uma verdade: o sangue faz de você um parente, mas só o amor e a lealdade fazem você ter laços de uma família!
- Vou em busca da grana Limpa, sem derramar sangue.
Da Grana limpa vou em busca sem pisar no meu semelhante.
sangue faz parte das estrelas
olhei para céu banha-se de amor
fogo sai da alma queima o coração,
como todos são heróis até morrerem...
vivem como estrelas que caiem do céus,
nunca abandone seus sonhos,
tudo é parte do céu,
não profane teu amor
sinta que céu é perfeito...
o fogo queima tudo nessa vida
seja o coração perfeito
em nossas almas perdidas.
celso roberto nadilo
Arame farpado
O corpo marcado
O sangue a gotilhar
Não quer curar.
O vento bate
E a dor arde
Esse é o ardor
Do não pudor.
Me falta o ar
Continuo a respirar
Nunca padecer
Crer no poder.
Chega o anoitecer
No olho de quem vê.
Algo quer sufocar
Dor de incomodar.
Sem poder dizer
Difícil descrever
O ardor do ferimento
Quando bate o vento.
Vento que não vai
Dor que não sai
E continua sangrando
Vermelho gotejando.
Frio de arrepiar
Vento para machucar
O ardor da alma
É morte calma.
Sangue nordestino.
Sou do nordeste e não perco a esperança
o meu orgulho tem um jeito diferente
se de um povo sofredor que fala oxente
que vê na terra o seu pedaço de herança
nosso trabalho já começa de criança
para que possa florescer no nosso chão
somos irmãos, filhos do mesmo destino
em minha veia passa sangue nordestino
e dos meus olhos correm águas pro sertão.