Sangue
Eu sou Beirú
Sou negro, sou África
De povo escravizado
Mas não sou escravo
Sou guerreiro na vida
Sou rosa, sou cravo
Sou vida, sou morte
Sou choro, sorriso
Meu nome é minha história
Assim permaneço vivo
Dos dias de dor
Nos dias de glória
Capoeira no sangue
Dança de roda
Acredito no dia
Onde o dia será
O dia onde todos irão cantar
Sou negro, raiz, iorubá!
(Albert Ferreira - Beirú onde nasci!)
Eu poderia, como antes, sangrar letras em qualquer papel. Hoje deixo sangrar por dentro, que é pra criar coágulo e ter alguma utilidade.
Minha Pele Carrega Uma Ternura
Não sei
se acordei terna,
ou carregada
de desejos fortes.
Sinto que
minha pele carrega
uma ternura
misturada a desejos…
Que avançam pelas
veias como sangue.
E douram o meu corpo,
como raios de sol.
E que explode
em minha alma,
num querer avassalador.
Dominando
os meus pensamentos.
Um dia...
Eu sonho...
Eu tenho tantos pesadelos,
Alegrias pensativas,
Tristezas imaginárias...
E quando tudo se for eu ainda estarei aqui como sempre estive.
Tendo o mesmo muro de proteção de sempre.
Por mais que por dentro tudo esteja destruído.
Por mais que o silêncio ainda sim grite.
O sorriso seja um desfarce.
Um dia tudo será historia.
Um dia tudo se apaga.
Um dia tudo se liberta.
Nas alegrias sombrias,
Nas tristezas sofridas.
No sangue que escorre,
devido a cortes na alma.
Um dia tudo muda..
As pessoas matam o que resta... E tentam viver o que há de menos nocivo ao coração.
Mas saiba sempre disso um dia... tudo muda.
Tudo fica distante demais para se tocar.
Complexo de superioridade
compensação neurótica
como resultado de sentimento de inferioridade.
Sente desigualdade quando é pra sentir igual,
sente inferioridade quando é pra entender desigual.
Igual só igual... ninguém é na vida real.
Sim, somos todos iguais, mas cada um é também desigual.
O planeta não é um ovo,
em cada canto há algo novo.
Nada de superioridade
apenas entender e aceitar a própria exiguidade...
diante de tanta variedade.
Além disso, lembrando Foucault, eu diria...
superioridade sente aquele
que "o sangue seco nos códigos" negligencia.
"Un trocito de mí que todavía sangra!
quieres de todo modo
ponerte lejos de mi
antes que más tarde
tu me pongas lejos de ti."
Azul... assim é a minha vida.
Azul como o azul do céu anil
sem nuvens - límpida... vida de azul colorida.
Azul como o azul do mar
um barquinho a navegar
sabendo no destino o que vai encontrar.
Azul - uma das cores do arco-íris,
azul dos olhos seus
que agora são mais meus.
Azul de tudo azul,
azul de sangue nobre
só o azul minha vida cobre...
Só azul?
Não...
há um cinza que aparece de quando em quando...
como as cinzas de um vulcão.
Vida minha... vida em eterna erupção.
Mentiras amigas são mais confortáveis que verdades inconvenientes. Não irei lutar com a escassez de discernimento, nem chorar por reconhecimento, afinal, a nobreza da alma não está em apenas ser boa e vencer, mas em abdicar e renunciar o status de magnificência.
O silêncio pode não ter muito vigor, mas é o melhor estado diante a ignorância humana, que se repete constantemente por comodismo, medo e insegurança. O que é sangue? O que são laços? Para mim, nada justifica a falta de hombridade.
Anos perdidos
Me agonia em saber
Que tantos anos se passaram
Eu não vi que estava errado
Tudo estava fora do lugar
Um paradoxo platônico
Eu não soube mudar
Porta errada, eu fui bater
Estraga-se nosso tempo
Sem razões ou porquês
A dor hoje é maior
Com vontade de consertar
Voltar no tempo e recomeçar
Parece impossível
Mas meu sangue darei
Pra este amor viver
Selvagem dentre a matilia
Cachorro louco em noite de lua cheia
Uiva no cume da montanha
o líder canibal em meio a toca dos leões.
Palomita já não brinca com bonecas
agora guerreira armada com arco e flexas.
Porém sangue índio torna às raízes deixando as armas na aldeia.
Por mais posses, talentos e honrarias que uma pessoa possua; nada disso poderá ser comparado, nem superar a grandeza de ser um bom pai.
"Querido pai, continuas vivo em minha memória, em meu sangue.
Jamais respondi afrontas de forma direta tenho uma arma eficaz, que trago sempre comigo - às letras, através delas transformo sangue em vinho e pedras em pão. Busco honrar o meu lema: Estruturar vidas através das letras!
O crânio do operário estava todo esfacelado, seu rosto absolutamente irreconhecível. (...)
– Mandem tocar de novo as máquinas – disse o gerente. – Não podemos ficar parados. Tempo é ouro.
Ouro... Por que era que os homens não se esqueciam nunca do ouro? Ouro lhe lembrava outra palavra: sangue. Tempo também era sangue. Ouro se fazia com sangue.
(Olhai os lírios do campo)
É normal querer chorar e não conseguir?
Fiz o que me mandaram, tentei ser eu mesma, tentei proteger quem amo, tentei não ser rude. Fiz o que me indicaram… Coloquei-me em frente da fera, tentei proteger a pobre presa, mas a fera atravessou-me como se meu corpo fosse ar.
Falhei miseravelmente e agora a presa sou eu.
É normal querer fugir e não conseguir?
Fiz o que o coração me martelou para fazer, tentei parar, tentei começar, tentei continuar.
Fiz o que minha mente achou certo e agora o sangue que escorre é meu também, novamente meu… Sempre o meu. Desta vez misturado, mas meu.
É normal querer gritar e não conseguir?
Fugiu-me tudo por entre os dedos, os que amei, os que me amaram, os que amo e os que me amam, novamente o meu corpo entre a presa e a fera, de novo e de novo meu suor, minhas palavras, meu sangue… Meu coração.
Eu conheço a beleza do mundo, mas o mundo desconhece a minha. Criaturas deslumbrantes aqueles que dizem ser felizes... ou será que sem saber são escravos da falsa esperança. Tão falsa essa meta de ser alguém, o tal famoso destino só é uma passagem para infelicidade e desespero. Somos todos como criaturas do mar, os mais pequenos e indefesos... vazios.
Infelicidade... será ela a arma contra nossas cabeças ou um dom para ver nas entrelinhas? Somos videntes do futuro ou pessimistas aos olhos de quem finge ser feliz? Ou será que não é fingimento. Quem poderia explicar a felicidade. Pra mim, são só pessoas enganadas pela distração da beleza da natureza, que inclusive Ele fez (nós só desfazemos!)
Pensamentos e sonhos. São eles complementos ou como água e óleo. Os tais sonhos são vontades de ser alguém que nunca e nem vai existir. Já o pensamento... bem... não sei explicar. Espere... seria a minha realidade? Ou um peso no meu lado esquerdo. Confusões e fadiga do conhecimento do nosso ser desprezível! Não me refiro ao corpo, ele é inexplicável, tão belo. Culpado o espaço do cérebro que emite os sentimentos. Até mesmo o amor parece ser distração, só queremos ocupar o tempo pensando em outra pessoa por medo (insignificância) de pensar em você.
Pelo menos elas nos fazem querer se esforçar, e isso já é um milagre!
Marionetes. Só descanse seus olhos por segundos e alguém já estará mudando, parecem ser comandados por fios invisíveis que ligam até as mãos do controlador.
Vermelho! Gosto dessa cor...
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país tenebroso.
2 Multiplicaste o povo, aumentaste o seu prazer. Vão alegrar-se diante de ti, como na alegria da colheita, como no prazer dos que repartem despojos de guerra.
3 Porque, como no dia de Madiã, quebraste a canga de suas cargas, a vara que batia em suas costas e o bastão do capataz de trabalhos forçados.
4 Porque toda bota que pisa com barulho e toda capa empapada de sangue serão queimadas, devoradas pelas chamas.
5 Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama «Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz».
6 Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu reino, firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo de Javé dos exércitos é quem realizará isso.
(cap 9.1-6)
O dia clareia, mas a noite tira seu brilho. A lua não substitui o brilho ofuscante do sol; a lua não aquece, mas também não queima. Variados pontos de vista, variados gostos, e uma certeza... nada mais doloroso do que não apreciar mais nada disso tendo sangue em suas veias.